A RELEVÂNCIA DA APE PARA O ESTUDO DA POLÍTICA EXTERNA: O CASO DA ADESÃO DE PORTUGAL À CEE
DOI:
https://doi.org/10.26619/1647-7251.14.1.13Palavras-chave:
Portugal, Comunidade Económica Europeia, Política Externa, Análise de Política Externa, Relações InternacionaisResumo
A Análise de Política Externa (APE) é um sub-field dentro das Relações Internacionais, que, tal como a própria disciplina, surgiu após a Segunda Guerra Mundial, num cenário de intensa proliferação dos estudos acerca da realidade internacional. Foi neste movimento de afirmação desta nova disciplina, acompanhado pela crescente relevância da política externa, quer para
os Estados, quer para as RI, que o próprio estudo da política externa se desenvolveu e autonomizou, através do surgimento da APE. Dotada de uma metodologia inovadora e procurando realizar uma análise mais profunda do que a abordagem tradicional, a APE centrou o objeto de estudo no decisor e nas causas que realmente o levaram a adotar uma dada
decisão. Neste artigo, iremos procurar expor a relevância da Análise de Política Externa e, para isso, recorreremos a um estudo de caso: a adesão de Portugal às Comunidades Europeias. Finalizada em 1986, a adesão à CEE foi o culminar de um longo processo de adesão que se iniciou em 1976/77, quando o I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, enviou o
pedido de adesão. É aqui, no envio do pedido de adesão, que encontramos o centro da decisão, e, portanto, é também aqui que o nosso estudo se vai centrar. Recorrendo à APE, observamos que, por detrás desta decisão, não encontramos como motivação somente o interesse nacional, como uma análise tradicional poderia sugerir, mas sobretudo pressões, perceções e ideais que se traduzem na vontade do decisor. Desta forma, a adesão de Portugal à CEE foi, mais do que resultado da Estrutura, resultado da perceção e idiossincrasia da Agência, cuja caracterização é apresentada neste artigo.