REVISITANDO A HIPÓTESE DA ESTAGNAÇÃO SECULAR À LUZ DO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE
DOI:
https://doi.org/10.26619/1647-7251.15.2.3Palavras-chave:
Estagnação Secular, Política Económica, Complexidade, Modelos LinearesResumo
Após as disrupções trazidas, também ao cenário macroeconómico, por fenómenos como a pandemia do COVID 19 e a invasão da Ucrânia, é provável que o tema da estagnação secular do crescimento económico, retomado em 2013 depois do contributo original de Alvin Hansen, venha novamente a ocupar, até pela sua verificação empírica, um lugar central na investigação e na análise geoeconómica. O paradigma dominante, pelo menos desde o início do século XX, não apenas nas ciências dita exatas, nas também noutras áreas das ciências sociais, como a economia, tem sido caracterizado pelo determinismo, pela confiança quase ilimitada nos modelos lineares, nas suas conclusões e na sua quase infalibilidade. Tem sido evidente a falta de precisão destes modelos, nomeadamente naquilo que supostamente seria a sua grande força, ou seja, a capacidade preditiva. Acontecimentos como a crise financeira de 2007/2008, a crise das dívidas soberanas europeias que se lhe seguiu, o aumento significativo do contributo dos mercados emergentes para a riqueza global, têm mostrado como estes modelos lineares são limitados na sua capacidade de análise e, também por isso, suscetíveis de virem a ser olhados com algum ceticismo pelos decisores. Perante este quadro concetual, pretendemos revisitar a tese de estagnação secular, nos seus alicerces teóricos fundamentais, mas também na evidência empírica com os dados mais recentes e, para além disso, olhar para uma visão alternativa à do mainstream. Essa visão é encarnada pela teoria da complexidade, com a sua convicção de que os fenómenos não têm necessariamente um comportamento linear, pelo que é difícil identificar um modelo que cubra todas as características em estudo, o desequilíbrio é a característica habitual dos sistemas e, por fim, a desordem, e não a ordem, é tipicamente a situação dos sistemas. Vendo nestas abordagens um complemento, e não uma rutura com o mainstream, tentámos afinal mantermo-nos fiéis aos princípios fundadores da ciência, desde logo a abertura à mudança, a novos métodos de trabalho, a novos paradigmas.