A DESSECURITIZAÇÃO DA POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL: SEPARAÇÃO ENTRE GESTÃO DAS MIGRAÇÕES E SEGURANÇA INTERNA

Autores

  • CONSTANÇA URBANO DE SOUSA

DOI:

https://doi.org/10.26619/1647-7251.15.2.2

Palavras-chave:

Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Agência para a Integração, Migrações e o Asilo, dessecuritização da política de migração

Resumo

A extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em 29 de outubro de 2023, e a subsequente transferência das suas responsabilidades em matéria de gestão da imigração e dos procedimentos de asilo para a recém-criada Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), marcaram uma mudança significativa na política de imigração portuguesa. Esta reforma institucional representa o culminar de um processo que tem como objetivo a dessecuritização da abordagem do Estado em relação às migrações internacionais, separando claramente a sua gestão de considerações de segurança interna. A partir de outubro de 2023, a gestão dos fluxos migratórios deixou de ser uma função policial, tendo a documentação dos imigrantes sido confiada a um organismo puramente administrativo. Para compreender as implicações desta reforma, é essencial examinar tanto a evolução da política de imigração portuguesa como as caraterísticas únicas do SEF. A primeira secção deste artigo explora a evolução geral da política de imigração em Portugal, caracterizada pela transformação do país num destino significativo de diversos fluxos migratórios. A segunda secção apresenta uma visão geral do extinto Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Por último, o artigo discute a lógica subjacente à sua dissolução e à substituição das suas funções de gestão da imigração e do asilo por uma agência administrativa (não policial) que herdou igualmente as responsabilidades de integração e de luta contra a discriminação do Alto Comissariado para as Migrações.

Biografia Autor

CONSTANÇA URBANO DE SOUSA

Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, pós-graduada em Direito Europeu e doutorada em Direito pela Universidade do Sarre, Alemanha. É Professora Associada do Departamento de Direito da Universidade Autónoma de Lisboa, investigadora integrada do Ratio Legis e colaboradora do OBSERVARE (Portugal). Desde 1999, é membro da Rede Odysseus - Rede Académica de Estudos Jurídicos sobre Imigração e Asilo na Europa (Universidade Livre de Bruxelas). É coordenadora e Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito das Migrações. É autora de uma vasta bibliografia sobre o direito de imigração e asilo e o espaço de liberdade, segurança e justiça da União Europeia. É Presidente do Conselho Fiscal do SIRP. Foi Professora Associada Convidada do Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (1998-2015) e da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (2004-2006, 2018-2020), onde lecionou Direito Europeu de Imigração e Asilo. Entre 2006 e 2012 foi Conselheira Técnica Principal na Representação Permanente de Portugal junto da UE (REPER), responsável pela coordenação da secção de Justiça e Assuntos Internos. Foi Ministra da Administração Interna no XXI Governo, deputada à Assembleia da República (XIII e XIV Legislaturas) e membro da Comissão de Direitos Humanos dos Membros da União Interparlamentar (UIP).

Publicado

2024-11-27