OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
VOL14 N2, DT2
Dossiê temático
Portugal e Brasil: história, presente e futuro
Março 2024
VOL14 N2, TD2
Dossiê temático
Portugal e Brasil: história, presente e futuro
https://doi.org/10.26619/1647-7251.DT0124
Editorial Nancy Elena Ferreira Gomes e Roberta Stumpf pp. 2-5
ARTICLES / ARTIGOS
As Relações Históricas Espanha-Portugal e a Independência do Brasil: Comparações,
Influências, Intervenções José Manuel Santos-Pérez pp. 6-20
A Grande Colômbia: Política Externa e Desintegração Regional Nancy Elena Ferreira
Gomes pp. 21-37
As Independências Ibero-Americanas no contexto das relações internacionais (1800-
1825) - Nuno Canas Mendes pp. 38-47
Forças e Dinâmicas na Origem da Guerra do Paraguai uma Perspetiva - Raquel de
Carias Patrício pp. 48-63
Circuitos governativos e os diferentes projetos políticos no contexto da Independência
do Brasil Roberta Stumpf pp. 64-79
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Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
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Dossiê temático
Portugal e Brasil: história, presente e futuro
Março 2024
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EDITORIAL
NANCY ELENA FERREIRA GOMES
ngomes@autonoma.pt
Doutora em Relações Internacionais (FCSH - Universidade Nova de Lisboa). Mestre em Relações
Internacionais (ISCSP - Universidade de Lisboa). Licenciada em Estudos Internacionais
(FACES - Universidade Central da Venezuela). É Professora Associada da Universidade
Autónoma de Lisboa (Portugal), onde leciona desde 1995. Foi Coordenadora científica da
Licenciatura em Relações Internacionais na UAL (20202023). É Coordenadora do Curso
Avançado de Estudos sobre a América Latina (UAL IDN OEI), Coordenadora da
Cátedra de Estudos Ibero-Americanos (OEI UAL), e Investigadora do CEI (ISCTE-IUL) e
do OBSERVARE (UAL). É Diretora da Delegação da Fundação Universitária Ibero-
Americana (FUNIBER) em Portugal, desde 2022. Exerceu funções de Consultoria no
Serviço de Educação e Bolsas da Fundação Calouste Gulbenkian (entre 2001 e 2005).
Ciência ID 4815-8FA4-D2C2.
ROBERTA STUMPF
rstumpf@autonoma.pt
Professora Associada e subdiretora para a investigação do Departamento de História, Artes e
Humanidades da Universidade Autónoma de Lisboa (Portugal) e investigadora integrada
do CIDEHUS.UAL. Seus temas de investigação incluem História das dinâmicas
administrativas nos Impérios Ibéricos e História social do Brasil (séculos XVII e XIX).
Publicou vários capítulos de livros, artigos em revistas académicas e tem 2 livros
monográficos e 6 livros coletivos. Dentre os quais: Las distancias en el gobierno de los
imperios ibéricos: Concepciones, experiencias y vínculos (Casa de Velázquez, 2022) [com
G. Gaudin] e 1822. Das Américas ao Brasil (Casa das Letras, 2022) [ com N.G. Monteiro].
Como citar este editorial
Gomes, Nancy Elena Ferreira & Stumpf, Roberta (2024). Editorial. Janus.net, e-journal of
international relations. VOL14 N2, TD2 - Dossiê temático Portugal e Brasil: história, presente e
futuro”. https://doi.org/10.26619/1647-7251.DT0124ED
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Dossiê temático - Portugal e Brasil: história, presente e futuro
Março 2024, pp. 2-5
Editorial Nancy Elena Ferreira Gomes e Roberta Stumpf
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EDITORIAL
NANCY ELENA FERREIRA GOMES
ROBERTA STUMPF
Este dossiê temático intitula-se “Portugal e Brasil: história, presente e futuro”. Todos os
autores participaram no Colóquio Internacional com o mesmo título, realizado em 3 de
novembro de 2022, na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), por ocasião das
Comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil.
O Colóquio “Portugal e Brasil: história, presente e futuro” teve por objetivo promover um
debate orientado por referências geográficas e cronológicas amplas, abrangendo as
relações históricas entre os países ibero-americanos no contexto das independências até
a atualidade.
As várias comunicações apresentadas por especialistas provenientes de universidades
brasileiras, espanholas e portuguesas desenvolveram temáticas que se cruzaram com os
objetivos mais específicos definidos pelos organizadores do Colóquio, entre os quais:
Compreender como as relações hispano-portuguesas antes das independências dos
respetivos territórios no continente americano determinaram a definição das
fronteiras políticas e administrativas dos novos Estados, com especial atenção para
o caso do Brasil;
Abordar as diferenças dos processos independentistas dos antigos territórios de
Castela e Portugal no continente americano, e compreender as razões pelas quais
esses mesmos processos conduziram a resultados diversos no que respeita à
fragmentação e à unidade do conjunto dos Estados hispano-americanos, e do Brasil,
respetivamente;
Conhecer e compreender as relações internacionais no período das independências,
por exemplo, a influência que as ideias da Revolução Francesa tiveram nos projetos
concebidos pelas elites criollas, o impacto das invasões francesas na península
ibérica com a prisão da família real espanhola, e a transmigração da família real e
da corte portuguesas para o Brasil;
Perceber e conhecer o processo de inserção internacional do império do Brasil no
século XIX, contexto marcado pela hegemonia política e comercial inglesa na
América Latina e pelas guerras pela delimitação territorial ainda pendente na região;
Analisar o processo de inserção internacional do Brasil republicano no século
marcado pelas duas Grandes Guerras, e pelo “intervencionismo” dos EUA na região,
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no quadro da Guerra Fria. Compreender como o Brasil viveu a experiência do
“consenso neoliberal” na década de 1990;
E, por fim, refletir sobre o papel do Brasil enquanto ator internacional no século XXI
marcado pela pandemia e a guerra na Ucrânia, tentando responder à questão: Qual
é o papel que o Brasil é chamado a desempenhar no(s) mundo(s) que temos?
O Colóquio “Portugal e Brasil: história, presente e futuro” realizou-se no âmbito das
Cátedras de Estudos Ibero-Americanos OEI/UAL e de História e Cultura Luso-Brasileira
da UAL.
A Cátedra de Estudos Ibero-Americanos, coordenada pela Professora Nancy Elena
Ferreira Gomes, foi criada em março de 2022 com o propósito de desenvolver e promover
diferentes áreas de conhecimento, nomeadamente através da dinamização de atividades
de investigação, desenvolvimento e formação avançada em temas de interesse mútuo
para as principais instituições envolvidas: a Delegação da Organização de Estados Ibero-
Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) em Portugal, chefiada pela
Professora Ana Paula Laborinho, e a UAL. Desde a sua criação foram atribuídas bolsas
para a frequência do Curso Avançado de Estudos sobre a América Latina - promovido em
parceria pela UAL e pelo Instituto de Defesa Nacional -, realizadas e previstas numerosas
atividades académicas orientadas por objetivos mais específicos, como: criar um sistema
de informação/divulgação mais eficaz sobre o “acervo ibero-americano”; incentivar o
debate e a reflexão sobre o ibero-americano desde uma perspetiva portuguesa; trabalhar
no sentido da promoção das Línguas; e articular e consolidar comunidades de
conhecimento nas áreas prioritárias de investigação com impacto social.
A Cátedra de História e Cultura Luso-Brasileira, coordenada pelo Professor Miguel
Figueira de Faria, foi criada em 2015 com o propósito de incentivar o intercâmbio de
alunos, docentes e investigadores do Departamento de História, Artes e Humanidades e
os de instituições e universidades brasileiras. No mesmo ano da sua criação, foi assinado
um convénio com a Cátedra Jaime Cortesão do Departamento de História da Universidade
de São Paulo. Desde então, tem-se realizado uma série de atividades académicas que
demonstram a sua importância na dinamização de parcerias institucionais entre os dois
países, essenciais para promover e aprofundar o conhecimento da história e da cultura
de Portugal e do Brasil, do século XV à atualidade.
A publicação deste dossiê temático “Portugal e Brasil: história, presente e futuro” vai,
naturalmente, ao encontro dos propósitos de ambas as cátedras e dos objetivos do
Colóquio realizado em novembro de 2022, e reúne cinco artigos de especialistas
provenientes de universidades espanholas e portuguesas avaliados em double blind
referee. O primeiro artigo analisa as relações luso-espanholas no passado com foco no
período da Independência do Brasil, demonstrando a importância da participação da
Espanha foi muito mais importante do que se pensava até agora; no segundo, a autora
procura relacionar a política externa grandecolombiana com as causas da desintegração
daquele espaço regional, pondo o foco nos instrumentos típicos utlizados: a diplomacia
e a guerra; o terceiro artigo incide sobre o cenário internacional de ocorrência das
independências das colónias espanholas e do Brasil no primeiro quartel do culo XIX,
contextualizando-as e relacionando-as com as grandes transformações ocorridas na
Europa e das respetivas réplicas no Novo Mundo; o quarto analisa as motivações internas
e regionais dos Estados da Bacia do Prata e as suas vinculações externas, de forma a
elucidar a conjuntura política marcada pela Guerra do Paraguai; e o quinto e último artigo
analisa as mudanças no circuito governativo e na comunicação política do Império
português, a partir de 1808 até a independência do Brasil em 1822.
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As investigações realizadas representam, sem dúvida, contributos relevantes para a
literatura existente e promovem novos debates interdisciplinares no meio académico
português e internacional sobre estas temáticas.
As Coordenadoras do Dessiê Temático
Nancy Elena Ferreira Gomes e Roberta Stumpf
Lisboa, 31 de janeiro de 2024
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AS RELAÇÕES HISTÓRICAS ESPANHA-PORTUGAL E A INDEPENDÊNCIA DO
BRASIL: COMPARAÇÕES, INFLUÊNCIAS, INTERVENÇÕES
JOSÉ MANUEL SANTOS-PÉREZ
manuel@usal.es
Professor de História do Brasil na Universidade de Salamanca (Espanha). Atualmente é Diretor do
Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, do qual foi o primeiro
diretor entre 2001 e 2007. É Investigador Principal do Grupo de Investigação
Reconhecido (GIR) "BRASILHIS: História do Brasil e do Mundo Hispânico em perspetiva".
Os seus últimos livros são Histórias Conectadas - Ensaios sobre História Global,
Comparada e Colonial na Idade Moderna (Brasil, Ásia e América Hispânica); a versão
espanhola do Diálogo de las Grandezas de Brasil (com a colaboração de Sylvia Brito);
1822: Independencia, primeiro volume da trilogia Brasil: 1822-1922-2022 e Salvador de
Bahía, 1625. A "Viagem do Brasil" em notícias, relações e teatro com Irene Vicente
Martín e Enrique Rodrigues-Moura.
Resumo
Dois importantes processos históricos, a união das coroas ibéricas e seu impacto no Brasil e
o processo de independência brasileira, têm em comum a existência de interpretações
teleológicas e anacrônicas que impedem uma análise correta do que aconteceu. Este artigo
analisa as relações luso-espanholas no passado com foco no período da Independência do
Brasil, mostrando que a participação da Espanha foi muito mais importante do que se pensava
até agora.
Palavras-chave
Brasil, Independência, Comparações, Intervenção, Relações Espanha-Portugal.
Abstract
Two important historical processes, the union of Iberian crowns and its impact on Brazil, and
the process of Brazilian Independence, have in common the existence of teleological and
anachronistic interpretations that prevent a correct analysis of what happened. This article
analyses Spanish-Portuguese relations in the past with a focus on the period of Brazil's
Independence, showing that Spain's participation was much more important than expected
so far.
Keywords
Brazil, Independence, Comparisons, Intervention, Spain-Portugal relations.
Resumen
Dos importantes procesos históricos, la unión de las coronas ibéricas y su impacto en Brasil y
el proceso independentista brasileño, tienen en común la existencia de interpretaciones
teleológicas y anacrónicas que impiden un análisis correcto de lo ocurrido. Este artículo analiza
las relaciones luso-españolas en el pasado centrándose en el período de la independencia de
Brasil, demostrando que la participación de España fue mucho más importante de lo que se
pensaba.
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Título Dossiê temático - Portugal e Brasil: história, presente e futuro
Março 2024, pp. 6-20
As Relações Históricas Espanha-Portugal e a Independência do Brasil:
Comparações, Influências, Intervenções
José Manuel Santos-Pérez
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Palabras clave
Brasil, Independencia, Comparaciones, Intervención, Relaciones España-Portugal.
Como citar este artigo
Santos-Pérez, José Manuel (2024). As Relações Históricas Espanha-Portugal e a Independência do
Brasil: Comparações, Influências, Intervenções. Janus.net, e-journal of international relations.
VOL14, N2, TD2 - Portugal e Brasil: história, presente e futuro. https://doi.org/10.26619/1647-
7251.DT0124.1
Artigo recebido em 30 de Outubro de 2023 e aceite para publicação em 19 de Janeiro de
2024
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Título Dossiê temático - Portugal e Brasil: história, presente e futuro
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As Relações Históricas Espanha-Portugal e a Independência do Brasil:
Comparações, Influências, Intervenções
José Manuel Santos-Pérez
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AS RELAÇÕES HISTÓRICAS ESPANHA-PORTUGAL
E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL:
COMPARAÇÕES, INFLUÊNCIAS, INTERVENÇÕES
JOSÉ MANUEL SANTOS-PÉREZ
Introdução
Nos últimos anos, afortunadamente, assistimos a uma importante mudança na maneira
de entender e escrever História. É cada vez mais comum encontrar títulos que incluem a
palavra “global” e globalização”. Para uma parte da historiografia, as velhas “histórias
nacionais” estão em decadência e as “histórias conectadas”, ou connected histories,
fazem parte do vocabulário corriqueiro de qualquer estudante de doutorado. Vista desde
esse ponto de vista, a História das relações entre países cobra uma nova dimensão. Se
antes eram acentuados os aspectos de confronto, as diferenças, os conflitos, os
ressentimentos, as atitudes agressivas de uns para outros, aos poucos estamos
pensando mais na ideia de múltiplos contatos, conexões diversas, influências mútuas,
histórias conectadas e, até diria, histórias entrelaçadas.
O estudo e a interpretação do tema das “relações” hispano-portuguesas têm mudado ao
longo do tempo, e, nos tempos atuais, da “exceção ibérica” dentro da União Europeia,
não podia ser de outra maneira. Investimentos económicos de um e de outro lado,
milhões de turistas cruzando as fronteiras, milhares de trabalhadores de um país no
outro, múltiplas e frutíferas relações académicas, e, por que não lembrar, ltiplas
relações afetivas.
As visões dos nacionalismos confrontados de ontem deram passo, portanto, às visões
das relações fraternas de hoje. Toda história é história contemporânea, e portanto, a
maneira como nós, historiadores, olhamos o passado, muda com cada momento
histórico. Isso não é um problema, isso é a maior virtude da nossa disciplina científica.
Uma segunda ideia é que a questão das relações Espanha/Portugal, desde uma
perspectiva americana, ou melhor, a história das relações dos Reinos de Espanha e
Portugal, da Monarquia Hispânica e da Coroa de Portugal e suas conquistas, abrange
uma quantidade quase infinita de temáticas e possibilidades, que seria impossível
resumir (Ayllón Pino, 2006, passim).
Qualquer dos possíveis temas daria para um livro. Essa História das relações hispano-
luso-brasileiras vai dos finais da Idade Média, com o tratado da Linha de Demarcação de
Tordesilhas, que tem a sua própria história na América, com as tantas tentativas para
fixá-la no enorme território, até a sua superação com os tratados de limites do século
XVIII, que deram ao Brasil o seu tamanho continental; a história comum passa por Ana
Pimentel, mulher salmantina que introduziu o arroz no litoral de o Vicente nos anos 40
do século XVI; passa pelas invasões holandesas, a conquista holandesa de Salvador de
Baia de Todos os Santos e a recuperação pelas armadas luso-hispano-napolitanas de
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Título Dossiê temático - Portugal e Brasil: história, presente e futuro
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As Relações Históricas Espanha-Portugal e a Independência do Brasil:
Comparações, Influências, Intervenções
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1625; passa pelas duas restaurações: a portuguesa e a pernambucana; a fundação de
Colônia do Sacramento; e ainda, passa pela intervenção espanhola na Independência, a
intervenção portuguesa na Cisplatina, os projetos comuns dos liberais dos dois lados,
que pensaram criar uma “União Ibérica Liberal”, etc.
Um período que deve ser destacado singularmente é o período da união das coroas
ibéricas (a mal chamada “União Ibérica”), ou Período Filipino, o momento da anexação
do Reino de Portugal e suas conquistas aos vãos territórios de Filipe II (Filipe I de
Portugal) depois da crise sucessória de 1580-81.
Durante esse período, de 1580-1 a 1640, um enorme conjunto de territórios ficou unido
(pelo menos na teoria) sob a mesma coroa. De Macau a Lima, de Antuérpia a Goa, de
Olinda a Malaca,