OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 15, Nº. 1 (May 2024 October 2024)
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RECENSÃO CRÍTICA
SUN BIN (2023). AS LEIS DA GUERRA. LISBOA: EDITORA GRÃO-FALAR.
ISBN 978-989-35434-2-9.
LUÍS MANUEL BRÁS BERNARDINO
lbernardino@autonoma.pt
Mestre em Estratégia e Doutorado em Relações Internacionais
Professor Auxiliar no Departamento de Relações Internacionais da Universidade Autónoma de
Lisboa (Portugal).
“…porque este não é apenas um livro, mas uma sobreposição de histórias,
invejas e traições; de guerras, alianças, profundas mudanças sociais e políticas…
Carlos Morais José, In “As Leis da guerra” de Sun Bin (p. 10).
A obra “As Leis da Guerra”, de Sun Bin, editada recentemente para Portugal pela Editora
Grão-Falar, e apresentada no passado dia 14 de março de 2024 no Centro Científico e
Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, insere-se na Série Sínica dedicada aos textos
clássicos de autores chineses, em que Sun Bin se enquadra perfeitamente.
Aspeto só por si relevante e que merece uma referência especial, ao proporcionar aos
leitores, na Língua Portuguesa, um conhecimento e uma aproximação histórica ao
relativamente pouco conhecido “Mundo Clássico Chinês” da Era anterior a-Cristo, e que
nos abre um “novo” e fascinante conhecimento empírico sobre um dos principais
estrategas militares chineses da época dos designados “Reinos Combatentes” – Sun Bin.
Sun Bin e “As Leis da Guerra” representa essencialmente uma visão histórica sobre a
forma de combater e fazer a guerra nessa época, e surge na linha dos famosos escritos
do estrategista Sun Tzu na famosa obra “A Arte da Guerra”, que se estuda nas escolas
militares e nas escolas de estratégia e gestão um pouco por todo o mundo.
A obra “As Leis da Guerra”, tal como ressalva Carlos Morais José na introdução,
permaneceu “…oculta, desaparecida e sem rasto, durante mais de um milénio…”, sendo,
contudo, frequentemente citada e referida em escritos chineses ao longo dos tempos,
mas não tendo havido, até há bem pouco tempo, a plena certeza de que a obra de Sun
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Bin existia. Era quase que um “mitoou um “enigma” que nos acompanhou durante
muitos séculos e que agora parece desvendado.
A Obra “Sun Bin Bing Fa”, ou seja, “As Leis da Guerra de Sun Bin”, esteve perdida durante
cerca de 1400 anos e foi parcialmente recuperada apenas em 1972 (há pouco mais de
42 anos) em escavações arqueológicas realizadas na província Chinesa de Shandong,
onde foram encontrados vários rolos de tiras de bambu onde se encontrava fragmentado
e incompleto o famoso livro desaparecido.
Esta descoberta de antigos túmulos chineses e mais concretamente de uma suposta
biblioteca de clássicos chineses, teve um enorme impacto na historiografia clássica
chinesa e permitiu recuperar parte dos escritos de Sun Bin, e ainda de Wei Liaozi
1
e de
Liu Tao, conhecidos pelo livro das “6 Estratégias” que consubstancia a existência de uma
Escola do Pensamento Estratégico que teve impacto até aos nossos dias.
É um caso raro e um episódio histórico que vem colocar um pouco de “mistério” e de
“enigma”, e certamente de mais interesse, numa obra que vagueou pela espuma dos
tempos seculares, e que surgiu quase que tão misteriosamente como tinha
desaparecido...
Esta descoberta proporcionou um acesso à argumentação de Sun Bin e da forma como
concebia as suas estratégias e tácticas para derrubar os seus inimigos, associando
mestria estratégico-militar aos valores culturais e sociais que pairavam sobre as
narrativas desta obra que chegou agora aos nossos tempos.
O título do livro “As Leis da Guerra” surge com o seu nome inícial “Bing Fa”, em que Bing
no Chines antigo quer dizer “Guerra” e Fa significa “Lei”; mas quase sempre traduzido
para o Ocidente, conforme refere Carlos Morais José, como “Arte da Guerra”, tendo sido
com este título que Sun Tzu viria a ser conhecido e estudado até aos nossos dias.
Neste caso, até para diferenciar e articular, em complemento, as duas obras, os títulos
são diferentes e até algo contraditórios, pois que a “Arte da Guerra” é vista como uma
obra estratégica, onde a estratégia está intimamente ligada ao conceito de ciência e arte,
associado ao génio humano no planeamento e na condução das operações militares.
o conceito de “Leis da Guerra” parece mais associado ao regime rígido, formal, mais
tático e regulamentado do fenómeno da guerra, ligado mais à condução das operações
militares, estando, contudo, em linha com os estudos sobre Sun Tzu e que agora Sun Bin
veio contribuir para consolidar e tornar mais conhecidos e estudados.
Esta obra não é apenas um livro, ou um escrito histórico, ou até a descrição de uma
época específica na história chinesa clássica. A obra representa a guerra vista na sua
dimensão de alianças, de luta pelo poder e de constantes mudanças sociais em que os
“Reinos Combatentes” se digladiavam e lutavam pela conquista ou manutenção de um
Império…o Império do Meio. Esta obra é por tudo isso o relato histórico da transformação
1
O Wei Liaozi e Liu Tao são os supostos autores de um texto sobre estratégia militar, um dos designados
“Sete Clássicos Militares da China Antiga” e foi escrito durante o período dos Reinos Combatentes. O Wei
Liaozi e Liu Tao nos seus escritos defendem uma abordagem integrada civil e militar sobre os assuntos da
guerra e da governança do Reino. De acordo com os escritos, salientam que a agricultura e a população
são os dois maiores recursos do Reino, e ambos devem ser tratados como recursos fundamentais e
prioritários. Embora os autores não mencionem especificamente o confucionismo, os escritos apontam,
segundo especialistas, para uma governação baseado em valores humanistas, em perfeita consonância com
essa escola de pensamento, contudo não comprovada cientificamente.
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de Reinos em Império, visto pela genialidade estratégico-militar de Sun Bin, agora
disponível na Língua Portuguesa.
Analisemos, brevemente, a biografia do pretérito autor, Sun Bin. Este nasceu e viveu
num período conturbado da história multimilenar chinesa, numa altura onde vários reinos
se afrontavam e combatiam, geralmente motivados pelas ambições pessoais soberanas
e pelos clãs que manobravam o povo de um Império sem poder.
A guerra era uma atividade omnipresente na região dos reinos combatentes entre 476-
221. a.C., e foi precisamente neste ambiente bélico e conflitual que Sun Bin nasceu,
cresceu e que viria a morrer como estratega ou estrategista militar. Era na génese um
guerrilheiro, pertencente a uma elite combatente, que lhe permitiu desenvolver evidentes
qualidades militares e pessoais, que associadas a uma vasta sabedoria, inteligência
prática, integridade de caracter e supostamente assente numa matriz de sólidos valores
morais, lhe forjaram um caracter e uma identidade própria e muito marcante que
sobressai nos seus escritos ao longo da obra “As Leis da Guerra”.
Nestes tempos, os senhores e a alta nobreza chinesa rodeavam-se dos seus melhores
estrategas militares, no intuito de pensar a guerra e estabelecer normas e princípios para
defesas inexpugnáveis, ou dirigir ofensivamente os exércitos de modo a confundir e a
atacar, com o objetivo de derrotar o inimigo e tendo sempre em vista a vitória no campo
de batalha e a defesa da integridade do reino…o que podemos chamar hoje de defesa da
soberania. Sun Bin nasceu no designado reino de QI, um dos 7 reinos combatentes,
localizado no extremo leste da China, cerca do ano 380 a.C. Foi por isso quase
contemporâneo de Sun Tzu
2
que tambem nasceu nesta região.
Sun Bin é descendente de uma família de estrategas militares (Sun Zi) e teve
oportunidade não apenas de estudar e desenvolver a doutrina estratégica da guerra,
como testar na prática as suas opções militares, pois o reino de QI era regularmente
invadido pelos estados vizinhos, gerando um permanente clima de guerra e de violência.
Ao longo do seu percurso de vida militar viria a mudar-se para o reino de Wei, tendo
assumido o comando do exército do Rei Hui e mais tarde designado como seu principal
conselheiro militar, estabelecendo novas lógicas e táticas militares, e revelando a sua
enorme capacidade e genialidade estratégico-militar para o estudo da guerra. Alvo de
invejas e injustiças, viria mais tarde a ser condenado e mutilado severamente nas pernas,
o que o impossibilitou de voltar a andar e a combater, assumindo, desde aí, o epíteto de
“Bin”, ou seja “aleijado”.
Embora preso e desprovido de comando militar no reino de Wei, viria a ser resgatado
pelos generais de QI, o seu reino de origem, reconhecendo-lhe toda a sua genialidade e
passando a servir de “Estratega do Rei” e seu principal conselheiro militar,
acompanhando-o nas batalhas numa cadeira de rodas construída para o efeito.
Quando atingiu uma idade avançada retirou-se da vida pública e viveu como um monge
nas montanhas até à sua morte em 316 a. C, sendo reconhecido como um dos principais
estrategas militares chineses e autor de uma das principais obras sobre o estudo clássico
da guerra, “As Leis da Guerra”, que abordaremos em seguida.
2
Sun Tzu (544 a.C. 496 a.C.) foi um general, estrategista e filósofo chinês e principal nome relacionado a
escola militar de filosofia chinesa. É mais conhecido pelo seu tratado militar, designado de “A Arte da
Guerra”, composto por 13 capítulos de Estratégia Militar (Sawyer, 1994).
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A obra está articulada em três partes. Numa I parte (pp. 18-63) onde estão descritos os
16 capítulos (incompletos) recuperados das tiras de bambu da dinastia Han. Uma II parte
(pp. 65-108) com os 15 capítulos suplementares, tambem incompletos; e uma III parte
(pp. 109-117) onde constam algumas explicações e textos recuperados de outros
documentos, perfazendo 34 leis ou normas ou conselhos militares ou mesmo orientações
estratégicas sobre a guerra, pois grande parte da obra é feita em tom de diálogo e de
pergunta-resposta.
Cremos, contudo, que as 34 “Leis da Guerra” de Sun Bin, tem aplicabilidade e semelhança
com as doutrinas operacionais atuais dos exércitos mais evoluídos do mundo, destacando
aquelas leis da guerra que parecem ser as mais relevantes e que materializam o que
definimos atualmente como “Princípios da Guerra” e/ou “Princípios das Operações
Militares”. Estas leis da guerra de Sun Bin, são tambem elas, como vimos, relatos
históricos de batalhas e de episódios militares da guerra, vistas num prisma pessoal e
muitas vezes traduzidas em diálogos e em ações que se traduzem numa manobra ou
uma operação militar e que era posteriormente avaliada com base na vitória ou na
derrota no campo de batalha.
Atualmente, esta ideologia associada à condução da guerra é um dos temas centrais das
“Ciências Militares”
3
e surgindo segundo a forma de “Princípios da Guerra”
4
, que
Procuramos, recorrendo a alguns exemplos ao longo da obra, comparar e comprovar o
supracitado, assim:
Sun Bin defende na Lei II (p. 22) que “…nos assuntos bélicos não existe um modelo
estratégico invariável no qual se possa confiar em todas as ocasiões…” (p. 22). O
que é traduzido atualmente no princípio da manobra das operações militares. E
acrescenta ainda na mesma Lei que “…os belicosos, que extraem prazer da guerra,
levam os seus reinos à perdição e os que anseiam pelo espolio da guerra cairão em
desgraça. A guerra não é algo que se deva desfrutar e a vitória não é algo de que se
deve lucrar…”. O que atualmente, embora nem sempre respeitado, consideramos
como o princípio do objetivo nas operações militares.
Na Lei III (p.25), em resposta a uma pergunta do Rei Wei de QI, Sun Bin observa
que “…quando dois Exércitos se equivalem…usa primeiro uma unidade de Infantaria
Ligeira para atacar o inimigo, oferecendo o comando a um jovem oficial de baixa
patente e ataca com pequenas unidades nos flancos…embora saiam derrotados…esta
é a tática que te permitirá a vitória…”. Este reflete atualmente o princípio da surpresa
nas operações militares.
Na Lei VI (p. 38) refere “…cinco causas para a derrota. Se uma das causas está
presente, a vitória é impossível…” e acrescenta ainda que “…desde que se derrote as
3
As Ciências Militares compreendem o estudo dos processos militares, instituições e comportamento,
juntamente com o estudo da guerra e a teoria e aplicação da força coercitiva organizada. É focado
principalmente na teoria, método e prática de produzir capacidade militar de forma consistente com a
política de defesa nacional (IUM, 2024).
4
Os Princípios da Guerra representam o conjunto de fatores não materiais que afetam a conduta das
operações militares. Não são uma lista de verificação de procedimentos, mas o resultado dos fatores
observados ao longo da História em campanhas e batalhas com sucesso. No Exército Português são
preconizados nove (9) Princípios da Guerra e que são os mesmos que encontramos, por exemplo, nos
manuais do Exército dos EUA. Esses princípios são: Objetivo; Ofensiva; Massa; Economia de Forças;
Manobra; Unidade de Comando; Segurança; Surpresa e Simplicidade (Princípios da Guerra, 2012).
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leis da guerra o inimigo não escapará à derrota”, fazendo parece-nos uma alusão
contextualizada ao princípio da segurança nas operações militares.
Na Lei IX (p. 47) refere “…dispor de vantagem estratégica é atacar o inimigo onde
este não está preparado e seguir por caminhos que este nunca imaginaria e atacar
o que está próximo a partir de uma contemplação à distância…”, o que corresponde
ao princípio da ofensiva nas operações militares.
Na Lei X (p. 49) Sun Bin salienta que “…por forma a serem bem-sucedidas, as
operações militares requerem a coordenação entre o soberano, o Comandante e as
tropas…”. O que alude ao que designamos por unidade de comando nos princípios
das operações militares, e alinha os níveis politico-estratégico-operacional na
conduta da guerra.
Na Lei XIV (p.55) o autor refere “…de um modo geral, no posicionamento das tropas,
na transformação coordenada de formações de batalha e na colocação dos vários
batalhões, as nomeações devem ser feitas à semelhança da harmonia do ser
humano…” o que alude ao princípio da simplicidade das operações militares.
Finalmente, ainda na Lei XIV (p. 57) quando salienta, abordando as diferentes
tipologias de formação militar que “…ataca um invasor utilizando as tuas tropas de
elite e recebe as tropas de combate homem-a-homem do inimigo com apertadas
fileiras de carros de combate…”, o que pensamos poderá aludir aos princípios da
massa e da economia de forças das operações militares.
Este exercício visou demonstrar que as 34 “Leis da Guerra” definidas por Sun Bin na sua
obra, têm alguma analogia conceptual com os 9 “Princípios da Guerra” que se estuda
atualmente nas escolas militares no âmbito das Ciências Militares e que orientam o
planeamento e a conduta das operações militares.
No geral, "As Leis da Guerra de Sun Bin" oferecem informações relevantes sobre a antiga
filosofia militar chinesa e continuam sendo um recurso valioso para aqueles interessados
no pensamento estratégico e na liderança militar em vários contextos operacionais. O
que parece tambem evidente é existirem algumas semelhanças conceptuais entre o
pensamento estratégico-militar de Sun Bin 1400 anos e os princípios da guerra que
regem as operações militares atualmente. Por este motivo, a obra “As Leis da Guerra”
de Sun Bin parece ser, em certa medida, uma obra atual e com aplicação prática ao nível
da liderança, da estratégia militar e das operações militares atuais.
Reflexão sobre a Obra
O autor, um dos clássicos da estratégia militar chinesa, apresenta-nos um significativo
conjunto de reflexões em modo de diálogo e de conselheiros sobre a estratégia militar
entendida na época como a forma de conduzir os exércitos em batalhas. Paradigma que,
tal como aconteceu a outros estrategistas clássicos chineses da época dos reinos
combatentes, pode ser entendido como um compêndio de normas e leis que se aplicam
em geral à condução das operações militares e da guerra na sua expressão mais
moderna.
O exercício teórico de comparação entre as “Leis da Guerra” de Sun Bin e os Princípios
da Guerra aplicados às Operações Militares adotados pela NATO (e por Portugal) para a
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condução das operações militares parece-nos teoricamente semelhantes, requerendo,
contudo, uma análise mais profunda e sistémica para alargar e consolidar o seu âmbito
de entendimento e aplicação.
Os escritos de Sun Bin, embora incompletos, permitem identificar uma Escola de
Pensamento Estratégico na época clássica chinesa, que se consolidou com Sun Tzu e
outros pensadores chineses clássicos, e que agora com a obra “As Leis da Guerra”
ganham novo relevo, salientando os princípios estratégico-militares-operacionais
inerentes à preparação, planeamento e condução da guerra nas suas múltiplas
dimensões.
Referências
AAP-6 (2009). NATO Glossary of Terms and Definitions. NATO
Marques da Costa (Coord.) (2020). Glossário de Termos Militares. Lisboa: Instituto
Universitário Militar e Academia de Ciências de Lisboa. ISBN 978-989-54546-0-0.
Estado-Maior do Exército (2012). Princípios da Guerra. PDE 03-00: Operações. Lisboa:
Estado-Maior do Exército
Sawyer, R. D. (1994). The Art of War. London: Westview Press. ISBN 0-8133-1951-X
Shields, P.M. (2020). Dynamic Intersection of Military and Society. In: Sookermany A.
(Eds) Handbook of Military Sciences. Springer. DOI:10.1007/978-3-030-02866-4_31-1
Sun, Bin (2023). As Leis da Guerra. Lisboa: Editora Grão-Falar. ISBN 978-989-35434-2-
9
_____ (2019). The Seven Military Classics of Ancient China. London: Editora Arcturus.
ISBN 978-1-78428-721-4.
Como citar esta recensão
Bernardino, Luís Manuel Brás (2024). Recensão Crítica Sun Bin (2023). As Leis da Guerra. Lisboa:
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15, Nº.1, Maio-Outubro, pp. 380-385. DOI https://doi.org/10.26619/1647-7251.15.01.1