OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 15, Nº. 1 (Maio 2024 Outubro 2024)
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A COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO: PRÁTICAS E DESAFIOS DA
COOPERAÇÃO ENTRE MOÇAMBIQUE E BRASIL (1975-2022)
FÁTIMA CHIMARIZENI PAPELO
fatimacardoso31@gmail.com
Professora de Questões Contemporâneas das Relações Internacionais na Pós-Graduação e
História das Relações Internacionais na Escola Superior de Relações Internacionais (ESRI) da
Universidade Joaquim Chissano (Moçambique). Doutorada em Estudos Estratégicos
Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2420-0309.
ANDRÉ LUIZ REIS DA SILVA
reisdasilva@hotmail.com
Professor Associado no Curso de Graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (Brasil) e dos Programas de Pós-Graduação em Ciência Política (UFRGS) e
Estudos Estratégicos Internacionais (UFRGS). Bolsista de Produtividade do CNPq (PQ2). CV
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6302611515385123;
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2593-1189.
Resumo
A cooperaco Sul-Sul uma alternativa atraente para os países africanos gerirem os
problemas enfrentados com os actuais mecanismos de ajuda externa. Entretanto, caracteriza-
se pela volatilidade, isto é, a sua intensidade oscila no tempo e no espaço. Na sua relação
com o Brasil, Moçambique depara-se com uma diminuição recente do engajamento do Brasil.
Embora tenham sido assinados acordos de cooperação entre os dois países em diversas áreas,
no início do milénio 2000, o cenário de mudança de governo no Brasil expôs a vulnerabilidade
da cooperação entre ambos. Devido à postura anti-globalista do Presidente Bolsonaro, o
projecto de inserção internacional do Brasil à escala global foi abandonado, o que afectou
diretamente a cooperação com Moçambique. Visto que Moçambique tem o Brasil como um
parceiro estratégico, a redução do engajamento político deste último obriga o primeiro a
repensar estratégias de desenvolvimento no contexto da cooperação Sul-Sul. Este
distanciamento político de ambos não é novo, tende a reproduzir-se num contexto
internacional diferente, afectando negativamente as expectativas de Moçambique. Com o
propósito de aprofundar a compreensão sobre as dinâmicas da cooperação para o
desenvolvimento a nível da periferia, este artigo investigou, com base na análise documental
e em entrevistas, as práticas comuns e os desafios inerentes da cooperação entre Moçambique
e Brasil.
Palavras-chave
Cooperação Sul-Sul, desenvolvimento, Brasil, Moçambique.
Abstract
South-South co-operation is an attractive alternative for African countries to manage the
problems they face with current foreign aid mechanisms. However, it is characterised by
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e-ISSN: 1647-7251
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A Cooperação para o Desenvolvimento: Práticas e Desafios da Cooperação entre
Moçambique e Brasil (1975-2022)
Fátima Chimarizeni Papelo, André Luiz Reis da Silva
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volatility, i.e. its intensity fluctuates over time and space. In its relationship with Brazil,
Mozambique has seen a recent decrease in Brazil's engagement. Although cooperation
agreements were signed between those countries in various areas at the beginning of the
millennium 2000, the change of government in Brazil exposed the vulnerability of cooperation
between the two. Due to President Bolsonaro's anti-globalist stance, Brazil's international
insertion project on a global scale was abandoned, which directly affected cooperation with
Mozambique. Since Mozambique has Brazil as a strategic partner, the reduction in the latter's
political engagement forces the former to rethink development strategies in the context of
South-South cooperation. This political distancing between the two is not new, but tends to
be reproduced in a different international context, negatively affecting Mozambique's
expectations. With the aim of gaining a deeper understanding of the dynamics of development
co-operation on the periphery, this article investigated the common practices and inherent
challenges of co-operation between Mozambique and Brazil, based on documentary analysis
and interviews.
Keywords
South-South co-operation, development, Brazil, Mozambique.
Como citar este artigo
Papelo, Fátima Chimarizeni & Silva, André Luiz Reis da (2024). A Cooperação para o
Desenvolvimento: Práticas e Desafios da Cooperação entre Moçambique e Brasil (1975-2022).
Janus.net, e-journal of international relations. VOL 15, Nº.1, Maio-outubro, pp. 232-248. DOI
https://doi.org/10.26619/1647-7251.15.1.13
Article received on March 30, 2023, and accepted for publication on September 13, 2023.
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A COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO:
PRÁTICAS E DESAFIOS DA COOPERAÇÃO ENTRE MOÇAMBIQUE
E BRASIL (1975-2022)
FÁTIMA CHIMARIZENI PAPELO
ANDRÉ LUIZ REIS DA SILVA
Introdução
Existem diferentes modelos de cooperação internacional para o desenvolvimento. No que
diz respeito à cooperação entre Estados, a cooperação Norte-Sul representa o modelo
tradicional, através do qual os países do Norte firmam parcerias de cooperação em
determinados domínios, seja económico, político ou social, enquanto que a cooperação
Sul-Sul representa um modelo mais recente de cooperação internacional, em que os
países do Sul global tendem a estabelecer parcerias uns com os outros, em diversas
áreas. Esse último modelo de cooperação internacional constitui uma nova abordagem
que envolve o incremento de relações entre Estados periféricos e, por vezes, envolve
cooperação erodida entre tais Estados. Embora os dois modelos tendam a funcionar em
simultâneo, a recente dinâmica da cooperação para o desenvolvimento, a vel da
periferia e da semi-periferia, ganha desenvoltura própria que requer devida compreensão
(Wallerstein, 1975; 1985). Uma das formas de relações entre países periféricos (ou em
desenvolvimento) é a cooperação Sul-Sul.
Embora a relação entre países periféricos também possa estar pautada por subordinação,
um dos elementos centrais é que emerge o fenómeno da cooperação Sul-Sul, com o
estabelecimento de uma relação menos assimétrica e com maior potencial de negociação
equilibrada e de benefícios mútuos. Assim, a cooperação Sul-Sul tornou-se um
importante instrumento de concertação política e promoção de desenvolvimento
alternativo às relações tradicionais com os países do centro capitalista. A cooperação Sul-
Sul não tem um conceito plenamente definido, mas incorpora algumas características.
Pode incluir na sua agenda uma ampla gama de formas de cooperação entre países em
desenvolvimento, tanto com finalidade de reforço político mútuo, como promoção de
cooperação técnica e desenvolvimento em diversos sectores (Milani & Carvalho, 2013).
Neste contexto, o Brasil e Moçambique têm interesse e actuam no formato de cooperação
Sul-Sul. Desde a década de 1970, o Brasil utiliza o mecanismo de cooperação Sul-Sul
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como instrumento de inserção internacional. Estas estratégias de cooperação Sul-Sul
permeiam tanto o meio bilateral, quanto multilateral. Isto é, procurou-se uma
aproximação dos países do Sul quer através de mecanismos multilaterais (com destaque
para as negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio, OMC), quer através
de acordos bilaterais. A formação de parcerias estratégicas entre o Brasil e países em
desenvolvimento, criando planos de acção para a cooperação, está incluída nessa
estratégia (Saraiva, 2007). Ademais, a cooperação Sul-Sul ganhou destaque na política
externa brasileira na primeira década do milénio com a ampliação do número de
parceiros, de projectos e de recursos empregues, principalmente com países africanos.
Moçambique caracteriza-se por apostar na cooperação Sul-Sul como alternativa de
impulso ao desenvolvimento. Desde 1975, ano da independência de Moçambique, a
cooperação Sul-Sul tem sido usada por este país como estratégia de desenvolvimento
(Gomes, 2023; Uache, 2023). A sua materialização envolveu acções bilaterais e
multilaterais. Assim, Moçambique estabeleceu relações com Estados vizinhos do Sul
como a Tanzânia, mbia, Botswana, entre outros. Igualmente, formou parcerias em
fóruns multilaterais como o Grupo dos 77, os Não Alinhados, a Organização da Unidade
Africana, a Conferência de Coordenação e Desenvolvimento da África Austral (Gomes,
2023; Uache, 2023). Entretanto, a intensificação da cooperação desenvolvida entre
Moçambique e Brasil, nos finais da década 1990 e início do milénio 2000, realçou e
aprofundou a dinâmica da relação entre ambos os países, marcando o início de novos
projectos envolvendo países que outrora tinham reduzida proximidade.
Assim, apesar da cooperação entre Moçambique e Brasil ter iniciado no ano da
independência de Moçambique (1975), surge no novo milénio uma nova característica
marcante da relação entre ambos os países. A cooperação mostra-se, nessa altura
incrementada, sendo contudo posteriormente reduzida. A mudança de governo no Brasil,
que se deu com a subida do Governo de Dilma Rousseff (2011-2016), Michel Temer
(2016-2018) e, posteriormente, Jair Bolsonaro (2019-2022), alterou o fluxo de
cooperação entre ambos os países, dando lugar a uma significativa redução de
engajamento do Brasil. Esta variação na intensidade da cooperação entre Moçambique e
Brasil, coloca em causa os interesses estratégicos de Moçambique uma vez que este país
considera o Brasil como um parceiro estratégico.
Este estudo tem o objectivo de analisar a dinâmica das relações entre Moçambique e o
Brasil, nos marcos da cooperação Sul-Sul, a fim de compreender até que ponto é afectada
pela mudança de governo brasileiro. Para tal, recorreu-se ao método qualitativo
sustentado pela perspectiva histórica, pelo método comparativo, pela revisão
bibliográfica e pela realização de entrevistas a fim de compreender as dinâmicas da
cooperação entre Moçambique e Brasil, no tempo e no espaço. Questões como i) quais
são as práticas comuns da cooperação entre ambos?; e ii) que desafios resultam da
cooperação entre Moçambique e Brasil? O objectivo radica na análise das implicações
dessas questões nas perspectivas de desenvolvimento de Moçambique.
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Cooperação entre Moçambique e o Brasil: Primeiras Iniciativas e
Reacções
O Estado brasileiro, face ao processo de descolonização de África, continuou apoiando a
Europa, sendo a favor da França quando este país começou por se opor à independência
da Tunísia, Marrocos e Arglia. A diplomacia brasileira assistiu como “espectadora
passiva” aos processos de descolonizaço (Penna Filho & Lessa, 2007, p.61-62). No
entender de Ferreira (2011), o Brasil observou silenciosamente a independência de 17
países africanos em 1960, não tendo prestado atenção a quanto as nações africanas se
estavam a organizar naquele momento. Tanto a Conferência de Bandung como o início
da Guerra-Fria tinham trazido um novo ângulo para as relações internacionais, diferente
do existente Leste-Oeste. No entanto, África não tinha valor político para o Brasil, pois
as relações económicas que ocorriam entre a Europa e a África, eram vistas como
potencialmente concorrentes com o Brasil em termos de fornecimento de produtos de
exportação. Concomitantemente, o governo brasileiro também apoiava o colonialismo
português, pois desde 1953 havia assinado o “Tratado de Amizade e Consulta com
Portugal” que consagrava a comunho espiritual e política entre ambos e que
condicionava as acções da diplomacia brasileira, que consultava Portugal os
posicionamentos internacionais (Ferreira, 2011; Santos, 2014).
A grande viragem nas relações do Brasil para África ocorreu nos Governos de nio
Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964), com um expressivo avanço nas relações
com o continente africano. Em 1961, o governo de Jânio Quadros formulou uma política
externa denominada de Política Externa Independente (PEI), mantida pelo governo de
João Goulart. O núcleo ideológico básico da PEI assentava nos princípios da auto-
determinação, no planeamento económico, na não intervenção e na descolonização
completa (Silva e Riediger, 2016: 106). Mas restaram as ambiguidades em relação a
Portugal e à África do Sul. O Brasil condenava o racismo e o colonialismo, mas não votava
pelas sanções contra esses países. A África do Sul representava 70% das exportações
brasileiras para o continente. Pressionado pelos interesses portugueses, o Brasil
permaneceu apoiando Portugal, embora de forma ambígua, na questão da
descolonização angolana, mas não por muito tempo (Saraiva, 2012).
Com a implantação do regime militar no Brasil, em 1964, ocorreu um novo afastamento
em relação a África (Silva, 2004). Nesse período, aumentou o apoio do Brasil à política
africana portuguesa. África tornava-se, aos olhos dos formuladores da política exterior
do Brasil pós-golpe de 1964, um lugar vulnerável às influências comunistas. Entretanto,
as relações comerciais mantiveram-se e, crescentemente, no inicio dos anos 1970,
ocorreu uma reafirmação da diplomacia africana do Brasil. Em julho de 1974, o Brasil
reconheceu a Guiné-Bissau como um Estado independente, mesmo antes das conclusões
das negociações entre Portugal e a Guiné. Além disso, em março de 1975, o Brasil foi o
primeiro país a estabelecer relações diplomáticas com Angola, cuja independência
ocorreria apenas em novembro desse ano. A partir desse momento, África passara a ser
importante para a política externa brasileira. Politicamente, o continente africano era
fonte potencial de apoio para demandas comuns no diálogo Norte-Sul e em outros órgãos
multilaterais. Economicamente, significava mercados para produtos brasileiros, em
especial os industrializados (Silva, 2007).
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Para o caso das relações diplomáticas com Moçambique, estas ocorreram, inicialmente,
num contexto de ressentimento e desconfiança por parte de Moçambique em relação ao
Brasil. Esse contexto era oriundo do passado sensível que caracterizou a relação entre
as duas partes. Melo (2009: 113) aponta que:
Em 1963, justamente para dar a conhecer ao público brasileiro o drama da
guerra anticolonial, a Frelimo havia aberto um escritório no Rio. Aquela
representação diplomática oficiosa de um país ainda não independente,
correspondia, em sentido inverso, representação diplomática formal que
agora queríamos abrir num país cuja independência ainda não estava
completa. Mas em 1964, o escritório da Frelimo no Rio foi varejado pela
polícia, e seus funcionários presos e seviciados. Mais: foram ameaçados de
expulsão para Portugal, onde iriam cair nas masmorras da PIDE. E tão
desastrosa expulsão só não se consumou porque Leopold Senghor, Presidente
do Senegal, intercedeu junto ao Brasil, em favor da Frelimo…Por tudo isso,
Moçambique sempre havia esperado o apoio do Brasil que, moralmente,
valeria muito perante Portugal, perante o mundo. Assim, o voto de abstenção
do Brasil na ONU nunca foi bastante. Um voto afirmativo do Brasil em favor
de Moçambique provavelmente teria paralisado o braço armado português,
poderia talvez ter permitido que Moçambique em menos tempo visse a guerra
terminar e ganhasse a independência.
Entretanto, embora a relação entre Moçambique e Brasil tenha sido caracterizada por
uma forte agenda assente no comércio exterior, entre 1975 e 1986, foi resultado da
insistência, por parte do Brasil, de cooperar com Moçambique, com Angola a ter um
importante papel para que Moçambique se abrisse às relações com o Brasil (Santos,
2014; Melo, 2009). Melo (2009: 114) afirma que “a Frelimo queria primeiro ver como o
Brasil iria se comportar em Angola, agora que l abriríamos uma Representaco Especial.
As relaces com Mambique dependeriam certamente do que fizssemos em Angola. E
relaces de confianca com a frica Negra, a mais longo prazo, o Brasil s poderia ter
caso se entendesse bem com os novos países que falam portugus naquele continente”.
As relações diplomáticas entre Moçambique e Brasil foram formalizadas a 15 de
Novembro de 1975 com a abertura da embaixada brasileira em Maputo e o papel
desempenhado pelos dois primeiros embaixadores, primeiro Ronald Leslie Moraes Small,
depois Ítalo Zappa. O governo de Ernesto Geisel (1974-1979) abriu linhas de crédito no
Banco do Brasil para Moçambique importar produtos industrializados brasileiros. Desse
modo, até 1979, o financiamento brasileiro para Moçambique era o maior disponibilizado,
com mais de 100 milhões de dólares, valor não superado por nenhum outro país (Morais,
2019). Não obstante, em relação à cooperação, os governos do Brasil e Moçambique
tinham perspectivas bastante diferentes. O Brasil estava disposto a agir rápido por meio
de projectos de cooperação para os anfitriões esquecerem o passado e abrirem as portas
para que as empresas brasileiras pudessem desenvolver negócios como, por exemplo,
os dois projectos agrícola e de irrigação, no valor de 8 milhões de dólares, que a empresa
Geoténica estava a desenvolver na Beira. Moçambique propunha uma cooperação mais
estruturada e pontual para o desenvolvimento do país, conforme Sérgio Vieira
(presidente do Banco de Moçambique) destacava: “ajuda na prospecço e exploraço de
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petróleo e carvão, a cooperação no campo agrícola de irrigação, pecuária e construção
de barragens” (Santos, 2014: 289).
Em 1980, o Ministério das Relações Exteriores convidou quarenta empresários brasileiros
para uma viagem a Moçambique e demais países da África Austral visitados pelo
chanceler, para avançar na política de aproximação com o continente africano. Do lado
moçambicano, também se notou maior interesse para avançar com as incipientes
relações. Em retribuição à visita do chanceler, o governo frelimista enviou ao Brasil, em
Dezembro de 1980, o governador do Banco de Moçambique, Sérgio Vieira. No ano
seguinte, em 1981, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Joaquim
Chissano, visitou Brasília, onde teve um banquete oferecido e se reuniu com o presidente
João Figueiredo (1979-1985), com a presença de Ítalo Zappa (apesar de não ser
embaixador em Maputo).
Firmou-se, nessa altura, o Acordo Geral de Cooperação entre a República de Moçambique
e a República Federativa do Brasil. Entre os compromissos em Brasília, Rio de Janeiro e
São Paulo, Chissano reuniu-se na última cidade com empresários da mara de Comércio
Afro-Brasileira (a convite do empresário Adalberto Camargo, que estava na comitiva de
Guerreiro um ano antes), na qual se trataram de interesses comerciais.
Foi na altura da presidência de Figueiredo que Moçambique assinou o primeiro acordo de
cooperação com o Brasil, a 15 de Setembro de 1981, promulgado a 9 de Junho de 1984
(Bussoti & Macamo, 2018). Este acordo pretendeu fomentar a cooperação bilateral nos
sectores económico, científico, técnico e cultural, incluindo, acções práticas de formação
do profissional. Uma comissão mista permanente foi encarregue de acompanhar e
dinamizar o acordo. Trata-se de um documento bastante genérico, mas que constitui o
instrumento fundamental em termos de identificação dos eixos que iriam orientar as
relações bilaterais entre os dois países (Bussoti & Macamo, 2018). A assinatura desse
acordo foi antecedida pela visita de Chissano ao Brasil, em 1980, que visava ampliar as
parcerias internacionais de Moçambique.
Em 1985, face às crises internas e a necessidade de abertura da economia moçambicana,
o presidente Samora Machel (1975-1986) estava mais propício ao diálogo com diferentes
países. Em Abril de 1986, Machel fazia um esforço maior de aproximação: enviou ao
Brasil o ministro Armando Guebuza para levar uma carta ao presidente José Sarney
(1985-1990). Na mensagem, Machel traçou um esboço das dificuldades enfrentadas pelo
seu país, estrangulado entre a crise económica legada pelo sistema colonial - a soma
aos fracassos da política económica do governo e à seca que se abatia sobre Moçambique
e às consequências da guerra com o movimento militar oposicionista, a Renamo.
Durante 11 anos como chanceler do governo de Samora Machel, Chissano conduziu, na
segunda metade da década de 1970, as relações com o Bloco Leste, blocos multilaterais
(Conferência de Coordenação do Desenvolvimento da África Austral/SADCC, Países da
Linha da Frentes e Grupo dos Países Não-Alinhados) e tentou, sem sucesso, integrar o
Conselho de Ajuda Mútua Económica/CAME, na sequência da orientação político-
ideológica do partido-Estado. Porém, o que de facto marcou essa fase de transição foi a
morte trágica de Samora Machel no final de 1986. A sua morte encerra uma era, chamada
pela historiografia moçambicana de “Primeira República”, na qual o governo era
fortemente dependente da personalidade do líder. Pela habilidade no diálogo
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internacional e por ser figura respeitada na cúpula do Partido, Chissano substituiu Machel.
Assim, na segunda metade da década de 1980, perante as urgentes necessidades
económicas e sociais, Chissano conduziu uma política pragmática de abertura ao diálogo
com os países ocidentais e reforçou o relacionamento com os Não-Alinhados, incluindo o
Brasil, abriu a transição de uma economia socialista atrasada para o capitalismo e
promoveu diálogo para uma cultura de paz com os países vizinhos (Santos, 2014).
Concluindo, na primeira metade dos anos 1980, a crise do sistema socialista, a perda de
apoio do Leste, e a par da crise interna levaram as relações diplomáticas de Moçambique
a serem reorientadas para o Ocidente (Ottaway, 1988, Abrahamsson & Nilsson, 1998),
o que exigiu uma habilidosa reorientação da diplomacia. Aqui, a diplomacia moçambicana
foi redesenhada na sua concepção de forma a albergar relações com Estados que outrora
se encontravam fora da lista de parceiros de cooperação de Moçambique, entre os quais
alguns dos Estados do Ocidente. Nota-se aqui que Moçambique não abandonou os laços
de cooperação que estabelecia com seus antigos parceiros, como é o caso de Estados
socialistas, o que se verifica nesta fase é um alargamento de parceiros de cooperação
com vista a diversificar potenciais fontes de apoio para a realização dos objectivos de
Moçambique. Esses factos marcam a reorientação da Política externa moçambicana.
Ademais, Moçambique iniciou a década 1990 carregando novos interesses como
resultado do ajuste nas suas políticas. Para além de incentivar o comércio com os Estados
vizinhos e outros, procurou capitalizar os seus recursos internos através da abertura para
ao Investimento Directo Estrangeiro e estabilidade política interna. Mas é no início do
novo Milénio (2000) que a política externa moçambicana foi mais eficaz para, por um
lado, intensificar a atracção de investimento directo estrangeiro, a fim de responder às
necessidades internas de desenvolvimento e, por outro lado, consolidar a cooperação
económica regional. Nesse contexto, a indústria extractiva tornara-se a aposta principal
do Estado para responder às demandas de crescimento económico e possibilitar a
integração na economia global.
Esta nova fase da política externa de Moçambique visava a busca de financiamento ao
desenvolvimento, materializada pela diplomacia económica e pela valorização da
cooperação Sul-Sul. É no contexto internacional, caracterizado pela redução do poder
das potências tradicionais europeias, impulsionadas pela divisão entre unipolaridade e
multipolaridade, que Moçambique se aproximou de Estados Ocidentais e outros próximos
para intensificar relações diplomáticas e económicas, estreitando os laços de cooperação
com o Brasil.
Assim, ao longo do século XX, as relações entre Brasil e Moçambique caracterizavam-se
por um relativo afastamento, principalmente marcadas pelo posicionamento brasileiro de
apoio a Portugal na questão da independência das colónias africanas. Esse cenário foi
alterado, primeiro devido a aproximação do Brasil com os Estados africanos, que adquiriu
maior grau de profundidade a partir do início do século XXI, motivada também pela
importância que os Estados africanos ganharam para o alcance dos objectivos de política
externa do Brasil, como veremos a seguir.
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Investimento como Instrumento de Cooperação
A área comercial firmou-se como o primeiro alicerce das relações entre Moçambique e
Brasil. Segundo Santos (2014), desde 1975 (Independência de Moçambique) até 1986
(adesão à economia de mercado por Moçambique que ocorreu ainda antes da morte
de Samora Machel), a relação diplomática entre os dois países foi marcada por um
direccionamento: a atuação da Embaixada brasileira como actor comercial em
Moçambique, explicitada na participação na Feira Agrícola, Comercial e Industrial de
Moçambique (FACIM). Santos (2014, p. 298) aponta que:
Tendo em vista o desaceleramento da economia brasileira no final dos anos
70 (fim do “milagre económico”), provocado pela a crise do petróleo em 1979,
o aumento do dólar e do preço dos combustíveis, o comércio com a África
tornou-se muito importante, particularmente as importações do petróleo de
Angola e da Nigéria, assim como as exportações de produtos industrializados
brasileiros. Em 1980, cerca de 50% do valor das exportações foram
direcionadas para Moçambique, e este valor correspondia basicamente à
venda de 21 unidades de locomotivas para construção da malha ferroviária
do país.
As exportações foram aumentando neste período, e mesmo com uma diminuição dos
expositores na FACIM entre 1980 e 1982, os valores de bens exportados do Brasil
alcançaram o montante de 207 milhões de dólares em apenas três anos. Muitas empresas
estabelecidas já recebiam encomendas (Santos, 2014, p. 297).
No entanto, a par das questões de política doméstica e da guerra civil (1977-1992), a
ausência de produtos moçambicanos que alavancassem as relações entre os países
manteve-as num patamar de pouca relevância, não obstante algumas acções pontuais,
como a participação brasileira na missão de paz organizada pelas Nações Unidas em
Moçambique e, posteriormente, com a criação da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) (Almeida, 2016). Entretanto, foi com o governo de Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002), que o interesse em relação a África adquiriu novo dinamismo.
Embora privilegiando os aliados ocidentais (Estados Unidos e Europa) e a estratégia na
América Latina (o Mercosul tinha sido constituído há poucos anos, em 1991), Cardoso
distinguiu-se como moderador de conflitos. Por exemplo, em Angola para onde enviou o
maior contingente militar da história brasileira no exterior (cerca de 1200 soldados na
missão UNAMEV), e em Moçambique, onde militares brasileiros integraram a missão
ONUMOZ para acompanhar o processo de paz entre a Renamo e a Frelimo (Bussoti &
Macamo, 2018).
No início do século XXI, a intensificação da exploração de importantes recursos minerais
em solo moçambicano e o novo posicionamento da política externa brasileira
redimensionaram essas relações (Almeida & Kraychete, 2014). Com Cardoso, as relações
bilaterais Brasil-Moçambique tornaram-se mais profundas. A primeira visita de Estado a
Moçambique feita por um presidente brasileiro foi a de Fernando Henrique Cardoso a
Maputo em 2000, por ocasião da III Conferência de Chefes de Estado e de Governo da
CPLP. No ano seguinte Chissano retribuiu a visita.
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Foi nestas circunstâncias que as duas partes assinaram importantes protocolos bilaterais
no âmbito da saúde, educação, políticas sociais e segurança pública. Dois tipos de
acordos foram ratificados: programas específicos e memorandos de entendimento,
chamados de “protocolos de intençes” (Bussoti & Macamo, 2018). Pertencem ao
primeiro tipo, o mais operacional, o Ajuste Complementar ao Acordo Geral de
Cooperação no sector educacional, com a implementaço do programa “Alfabetizaço
Solidria em Moçambique”. Tal programa visava difundir a alfabetizaço em
Moçambique, quer nos jovens, quer nos adultos, no âmbito do Plano Estratégico da
Educação de Moçambique, tendo como objectivo alfabetizar um milhão de jovens e
adultos até 2003. Também nos acordos operacionais deve ser incluído o Ajuste
Complementar no âmbito educacional, com o programa “Bolsa-Escola”, que visava
colocar todas as crianças em idade escolar a estudar em escolas públicas até 2005, com
a disponibilização de 100 bolsas, ao longo do primeiro ano, para que as famílias
mantivessem os seus filhos na escola. O terceiro Ajuste Complementar refere-se ao
“Apoio ao Programa Nacional de Controle às DTS/SIDA”, cuja finalidade era apoiar o
esforço de Moçambique na luta contra SIDA e outras doenças sexualmente
transmissíveis. O Brasil tinha, como sua tarefa fundamental, enviar especialistas a
Moçambique, formar quadros moçambicanos e garantir a transferência de tecnologia
(Bussoti & Macamo, 2018).
Esses programas incidiam sobre áreas sociais moçambicanas e a actuação de
especialistas brasileiros, através da cooperação técnica tinha por fim a partilha da sua
experiência e conhecimentos. Tais programas não interferiam em questões de ordem
política, isto é, o apresentavam e nem constituíam interferências nos assuntos políticos
domésticos do Estado moçambicano. No entanto, o número de indivíduos que se
pretendia abranger pelos projectos era ambicioso, não correspondendo à realidade dos
recursos disponíveis. O Ajuste Complementar na área da educação, por exemplo,
pretendia abranger todas as crianças em idade escolar, mas só tinha 100 Bolsas-Escola
para oferecer.
Pertencem ao segundo tipo de acordos o Protocolo de Intenções relativo à cooperação
técnica na área da mulher e acção social, da educação, da saúde (com enfoque especial
na saúde da mulher, da criança e do adolescente), na formação de quadros superiores
do sector, na implementação do ensino à distância para formação contínua dos
profissionais de saúde, HIV/SIDA, com transferências tecnológicas na produção de
antirretrovirais. Aqui, também não existe especificação do número de moçambicanos que
deviam beneficiar dessas acções. Pela primeira vez, é assinado um Protocolo de
Intenções na área da segurança pública, envolvendo os Ministérios do Interior dos dois
países, com o objectivo primário de troca de informações entre as partes sobre a
prevenção e combate ao crime, formação de pessoal, pesquisa, desenvolvimento
científico e estudos organizacionais (Bussoti & Macamo, 2018). Neste protocolo verifica-
se, diferentemente dos anteriores, não apenas o contributo expresso do Brasil, também
um papel atribuído a sua contraparte moçambicana, dado o envolvimento de instituições
securitárias dos dois Estados, actuando em forma de intercâmbio institucional.
Assim, a cooperação entre os dois países ganhou uma nova dimensão em que às
questões comerciais se juntam componentes sociais e de segurança que passaram a
fazer parte do leque de ajuda disponibilizada pelo Brasil a Moçambique na base de
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necessidades apresentadas por este último país. Porém, Moçambique assume um papel
de parceiro na área securitária com o dever de comparticipar o na qualidade de
receptor de ajuda, mas de contribuinte activo na cooperação com o Brasil. Este facto
colocou Moçambique na posição de doador, o que automaticamente trouxe um ganho
para o Brasil e não apenas para Moçambique como se verifica nos acordos anteriores.
Apesar da importância assinalável dos acordos acima mencionados, a verdadeira viragem
nas relações bilaterais Brasil-Moçambique registou-se com a presidência Lula, a partir de
2003. Uma intensa aproximação com o continente africano ocorreu neste período,
encontrando reciprocidade no outro lado do Altlântico (Amorim & Silva, 2021) Os dois
mandatos do governo de Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010) representaram não só o
aumento dos investimentos na cooperação como o início da contínua preocupação com
a sua sistematização e aperfeiçoamento (Almeida& Kraychete, 2014). É nesse contexto
que projectos da cooperação brasileira se tornaram um importante instrumento de
aprofundamento da relação de cooperação entre ambos os países. Dois projectos são
exemplares para se compreender esse processo: a implantação da fábrica de
medicamentos antirretrovirais em Matola nas proximidades da cidade de Maputo e o
Programa de Cooperação Tripartida para o Desenvolvimento Agrícola da Savana Tropical
em Moçambique ProSavana. Por meio desses projectos, a existência de imbricações
entre cooperação e interesses económicos pode ser analisada, verificando-se a
adequação do discurso brasileiro à sua prática.
Foi neste neste cenário que Moçambique se tornou palco para a materialização dos
projectos mais emblemáticos da estratégia da política externa do Brasil no continente
africano. Em 2010, foram investidos R$8.625.830 em Moçambique, com preferência para
projectos de cooperação técnica de natureza estruturante (IPEA, 2011). Diferentemente
da ajuda directa ao orçamento e dos empréstimos concessionais realizados pelos países
desenvolvidos, o Brasil elegeu a cooperação técnica como abordagem preferencial da sua
actuação em Moçambique, empreendendo acções que objectivassem o fortalecimento
estrutural de alguns sectores, principalmente saúde, agricultura e educação (Almeida &
Kraychete, 2014). Moçambique era o primeiro país, em termos de Ajuda blica ao
Desenvolvimento (APD) brasileira, entre os cerca de 80 abrangidos pela acção da Agência
Brasileira de Cooperação. E, durante a presidência Lula foram assinados os seguintes
acordos (Bussoti & Macamo, 2018): Acordo para o Desenvolvimento do Sector
Agropecuário; Acordo de Cooperação Técnica no âmbito sanitário e fitossanitário (em
2003); Acordo para o Reforço das Acções para Alimentação e Nutrição, com o objectivo
de formar técnicos moçambicanos para melhorar geneticamente árvores de fruta e
produtos hortícolas (cerca de USD 200.000 em 2007); Projecto ProSavana (com a
Cooperação Japonesa); Acordo para o Projecto de Suporte Técnico da Plataforma de
Inovação Agropecuária de Moçambique (USD 12.188.802, em 2009).
Consequentemente, os dois sectores em que a cooperação bilateral Brasil-Moçambique
mais se desenvolveu foram a saúde e a agricultura. No primeiro caso, o Itamaraty
apoiou-se ao Ministério da Saúde para levar a cabo acções que visassem a transferência
de políticas públicas que no Brasil tinham registado grandes sucessos e, acima de tudo,
a luta contra o HIV/SIDA (Milani & Lopes, 2014). Assim, foi envolvida a Fundação
brasileira Fiocruz para preparar o Plano Estratégico do Instituto Nacional de Saúde (INS)
e abrir um mestrado em Ciências da Saúde em Moçambique (Bussoti & Macamo, 2018).
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No caso do ProSavana, embora esse projecto se insira na cooperação técnica e tenha
como objectivos prover as partes envolvidas com os maiores benefícios, numa situação
win-win, o mesmo é criticado por não conter na sua concepção o maior envolvimento da
população local. O Pro-Savana é tido, por organizações da sociedade civil e pela UNAC
(União Nacional dos Camponeses) como um projecto expropriador de terras dos
agricultores, colocando-os em situação de vulnerabilidade. Essas críticas levantadas em
torno do Pro-Savana têm impedido o mesmo de ser colocado em prática (Funada-
Classen, 2019). Tal coloca em causa, até certo ponto, a viabilidade dos projectos de
cooperação técnica em algumas áreas. Como Silva (2007) aponta, interesses
múltiplos sobre as relações do Brasil com países africanos, reflexos das próprias
contradições da sociedade brasileira. Do mesmo modo, a cooperação Sul-Sul tem
múltiplos entendimentos, engajando práticas diversas com interesses diversificados
(Cezne, Hönke, 2022).
Desafios da Cooperação entre Moçambique e Brasil
O quadro de cooperação entre Moçambique e Brasil caracteriza-se por variações na
relação entre ambos. Embora de médio-prazo, a última década indicou novamente um
afastamento nessa relação. Assim, apesar da cooperação bilateral entre os dois Estados
periféricos ter, de 2003 a à 2011, aprofundado o apoio técnico entre ambas as partes -
envolveu sectores estatais dos dois lados, que demonstraram capacidade de partilhar
conhecimento, principalmente nos sectores agrários ou de saúde. A alteração de
presidente no Brasil conduziu a mudanças no engajamento. Durante o Governo de Dilma
Rousseff (2013-2016) registou-se uma queda significativa nos recursos alocados a
Moçambique, que passaram de 42,7 milhões de reais para 10,9 milhões e 8,2 milhões
de reais em 2015 e 2016, respectivamente (IPEA, 2018). Casarões (2021) afirma que o
solidarismo cedeu para o pragmatismo guiado pelas grandes empresas na área da
construção civil, mineração, petróleo e siderurgia. Ao longo do segundo mandato de
Dilma, houve tentativas de retoma das relações com o continente africano, com a
assinatura de três Acordos de Cooperação Internacional (ACI) com Angola, Malawi e
Moçambique , mesmo em circunstâncias globais e domésticas desfavoráveis. Contudo,
os desafios, permaneceram: o avanço da Operação Lava Jato (investigação de corrupção
que alcançou diversos políticos e empresários brasileiros) paralisou ou reduziu as
actividades de determinadas empresas em África.
Ademais, importante apontar que houve uma mudanca na estratgia da ABC de
cooperaco tcnica, uma vez que a agncia passou a centrar-se sobretudo em iniciativas
de Cooperaco Trilateral com organismos internacionais e países desenvolvidos,
verificando-se uma consolidaco dos protocolos de padronizaco de prticas e um
incremento do orcamento focado nesse domínio, que se cifrou em 54 milhes de dlares
em 2013 (45% dos quais exclusivos da ABC). Na mesma linha, o Governo de Temer
(2016-2018), simpatizante das relações Norte-Sul, privilegiou o retorno à relação
especial com os Estados Unidos (Fingerman, 2019). A ABC, por exemplo, elaborou as
Directrizes Gerais para a Concepço, Coordenaço e Superviso de Iniciativas de
Cooperaço Trilateral, em 2017, que levou à ampliação de gastos com países
desenvolvidos. Segundo o IPEA (2018), em 2016, os recursos destinados aos Estados
Unidos da América (21,8 milhes de reais) superaram aqueles destinados a Moçambique
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(8,2 milhes de reais). Consequentemente, a agenda africana perdeu centralidade na
política externa brasileira, o que se manifestou no enfraquecimento de laços com
Moçambique. O auge deste afastamento contemporâneo deu-se com o encerramento de
postos diplomáticos e a redução do corpo diplomático do Brasil no exterior, que ocorreu
com a entrada de Bolsonaro. Segundo Casarões (2021), a política externa de Bolsonaro
assumiu um carácter antiglobalista que levou a uma ruptura com os projectos anteriores
de potência emergente.
É natural que, numa democracia, que a política externa uma política pública, afinal
se submeta aos interesses do governo do dia. Contudo, a redução do engajamento
brasileiro compromete o alcance do objectivo da Cooperação Sul-Sul com Moçambique,
uma vez que o Brasil virou as costas ao parceiro estratégico. Francisco (2021), considera
que, no geral, o governo de Bolsonaro se caracterizou por um distanciamento pragmático
em relação a de África. Analisando as motivações brasileiras da intermitência nas
relações estratégicas com Moçambique, Fingerman (2019) afirma que a transformaco
nas relaces Mocambique-Brasil j era esperada na presidncia de Bolsonaro devido ao
programa conservador de governo e ao discurso de posse do chanceler Ernesto Araújo.
Tais evidências indicavam um claro afastamento das iniciativas do Sul Global com
possível impacto na rea da Cooperaco Sul-Sul. Com o retorno de Lula da Silva à
presidência do Brasil, a partir de 2023, a expectativa de retoma nas relações mais
próximas com os países africanos. De facto, a política externa do governo Lula anunciou
uma retomada do engajamento do Brasil na cooperação Sul-Sul, na aproximação aos
países do Sul Global e em buscar uma aproximação com os países africanos.
Fingerman (2019) defende que existe um consenso no Itamaraty de manter uma certa
continuidade na política brasileira para frica a despeito do Governo. Entretanto,
reconhece igualmente que o Itamaraty sofre influências que o obrigam a adaptar-se à
diplomacia presidencial e à politizaço da política externa de modo a servir os interesses
de novos actores domsticos na agenda internacional. Com isto, nota-se que a coerência
e fluidez da cooperação entre Moçambique e Brasil estão sujeitas à ideologia e simpatias
políticas assumidas pelo presidente do dia o que afecta as perspectivas de
desenvolvimento de Moçambique, visto que se ressente da diminuição do investimento
do Brasil nas áreas de cooperação onde incidiam os protocolos. Consequentemente,
Moçambique é obrigado a repensar estratégias de desenvolvimento menos dependentes
das transformações sistémicas que têm ocorrido no contexto da cooperação Sul-Sul. O
quadro de cooperação entre Moçambique e Brasil caracteriza-se por variações na relação
entre ambos. Embora de médio-prazo, a última década indicou novamente um
afastamento nessa relação. Assim, apesar da cooperação bilateral entre os dois Estados
periféricos ter, de 2003 a à 2011, aprofundado o apoio técnico entre ambas as partes -
envolveu sectores estatais dos dois lados, que demonstraram capacidade de partilhar
conhecimento, principalmente nos sectores agrários ou de saúde. A alteração de
presidente no Brasil conduziu a mudanças no engajamento. Durante o Governo de Dilma
Rousseff (2013-2016) registou-se uma queda significativa nos recursos alocados a
Moçambique, que passaram de 42,7 milhões de reais para 10,9 milhões e 8,2 milhões
de reais em 2015 e 2016, respectivamente (IPEA, 2018). Casarões (2021) afirma que o
solidarismo cedeu para o pragmatismo guiado pelas grandes empresas na área da
construção civil, mineração, petróleo e siderurgia. Ao longo do segundo mandato de
Dilma, houve tentativas de retoma das relações com o continente africano, com a
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assinatura de três Acordos de Cooperação Internacional (ACI) com Angola, Malawi e
Moçambique , mesmo em circunstâncias globais e domésticas desfavoráveis. Contudo,
os desafios, permaneceram: o avanço da Operação Lava Jato (investigação de corrupção
que alcançou diversos políticos e empresários brasileiros) paralisou ou reduziu as
actividades de determinadas empresas em África.
Ademais, importante apontar que houve uma mudanca na estratgia da ABC de
cooperaco tcnica, uma vez que a agncia passou a centrar-se sobretudo em iniciativas
de Cooperaco Trilateral com organismos internacionais e países desenvolvidos,
verificando-se uma consolidaco dos protocolos de padronizaco de prticas
e um
incremento do orcamento focado nesse domínio, que se cifrou em 54 milhes de dlares
em 2013 (45% dos quais exclusivos da ABC). Na mesma linha, o Governo de Temer
(2016-2018), simpatizante das relações Norte-Sul, privilegiou o retorno à relação
especial com os Estados Unidos (Fingerman, 2019). A ABC, por exemplo, elaborou as
Directrizes Gerais para a Concepco, Coordenaco e Superviso de Iniciativas de
Cooperaco Trilateral, em 2017, que levou à ampliação de gastos com países
desenvolvidos. Segundo o IPEA (2018), em 2016, os recursos destinados aos Estados
Unidos da América (21,8 milhes de reais) superaram aqueles destinados a Mocambique
(8,2 milhes de reais). Consequentemente, a agenda africana perdeu centralidade na
política externa brasileira, o que se manifestou no enfraquecimento de laços com
Moçambique. O auge deste afastamento contemporâneo deu-se com o encerramento de
postos diplomáticos e a redução do corpo diplomático do Brasil no exterior, que ocorreu
com a entrada de Bolsonaro. Segundo Casarões (2021), a política externa de Bolsonaro
assumiu um carácter antiglobalista que levou a uma ruptura com os projectos anteriores
de potência emergente.
É natural que, numa democracia, que a política externa uma política pública, afinal
se submeta aos interesses do governo do dia. Contudo, a redução do engajamento
brasileiro compromete o alcance do objectivo da Cooperação Sul-Sul com Moçambique,
uma vez que o Brasil virou as costas ao parceiro estratégico. Francisco (2021), considera
que, no geral, o governo de Bolsonaro se caracterizou por um distanciamento pragmático
em relação a de África. Analisando as motivações brasileiras da intermitência nas
relações estratégicas com Moçambique, Fingerman (2019) afirma que a transformaco
nas relaces Mocambique-Brasil j era esperada na presidncia de Bolsonaro devido ao
programa conservador de governo e ao discurso de posse do chanceler Ernesto Araújo.
Tais evidências indicavam um claro afastamento das iniciativas do Sul Global com
possível impacto na rea da Cooperaco Sul-Sul. Com o retorno de Lula da Silva à
presidência do Brasil, a partir de 2023, há a expectativa de retoma nas relações mais
próximas com os países africanos. De facto, a política externa do governo Lula anunciou
uma retomada do engajamento do Brasil na cooperação Sul-Sul, na aproximação aos
países do Sul Global e em buscar uma aproximação com os países africanos.
Fingerman (2019) defende que existe um consenso no Itamaraty de manter uma certa
continuidade na política brasileira para frica a despeito do Governo. Entretanto,
reconhece igualmente que o Itamaraty sofre influências que o obrigam a adaptar-se à
diplomacia presidencial e à politizaco da política externa de modo a servir os interesses
de novos actores domsticos na agenda internacional. Com isto, nota-se que a coerência
e fluidez da cooperação entre Moçambique e Brasil estão sujeitas à ideologia e simpatias
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políticas assumidas pelo presidente do dia o que afecta as perspectivas de
desenvolvimento de Moçambique, visto que se ressente da diminuição do investimento
do Brasil nas áreas de cooperação onde incidiam os protocolos. Consequentemente,
Moçambique é obrigado a repensar estratégias de desenvolvimento menos dependentes
das transformações sistémicas que têm ocorrido no contexto da cooperação Sul-Sul.
Considerações finais
Ao final deste artigo conclui-se que a cooperação para o desenvolvimento proporciona
aos Estados envolvidos oportunidade de trocar experiências sobre a actuação em várias
áreas sócio-económicas. A cooperação Sul-Sul, em particular, difere da mera doação de
dinheiro ou da ajuda externa ao orçamento do Estado, uma vez que inclui a definição de
áreas comuns de intervenção entre os Estados envolvidos. Neste contexto, a cooperação
técnica caracterizou a relação entre Moçambique e Brasil com projectos de acção nas
áreas da saúde, agricultura e segurança, operacionalizados através de diversos
protocolos e memorandos assinados entre os dois países.
Apesar de vários hiatos registados na relação entre Moçambique e Brasil, entre 1975 a
2022, o momento de ascenso da Cooperação Sul-Sul entre ambos foi marcado pela
governação de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Nessa época, o discurso oficial do
Brasil ilustrava uma abertura para África e as acções evidenciavam uma aproximação
sistematizada e aperfeiçoada. No geral, foram colocados em prática os Acordos visando
a cooperação técnica, assinados durante a vigência de um líder que simpatizava com
determinado Estado Africano, como é o caso da simpatia do presidente Lula por
Moçambique. Entretanto, diante da mudança de presidente, este cenário foi alterado.
Isto é, a mudanca na liderança política do Brasil impôs um desafio crítico à estratgia da
política externa brasileira, que foi marcada por um claro afastamento do Sul Global.
A tendência declinante de investimento na cooperação com Moçambique constitui uma
das marcas do governo de Bolsonaro. Embora Moçambique pretenda o estreitamento de
parcerias estratégicas com países como o Brasil, esta intenção esbarra com o
desengajamento brasileiro em África. Isto é expresso no reduzido investimento do Brasil
na cooperação Sul-Sul, o que afecta as perspectivas de desenvolvimento de Moçambique,
visto que este país se ressente da diminuição do investimento do Brasil nas áreas de
cooperação, onde incidiam os protocolos saúde e agricultura obrigando Moçambique
a repensar novas estratégias de desenvolvimento e parcerias alternativas, no contexto
da cooperação Sul-Sul. Este enquadramento poderá ser novamente revertido,
dependendo principalmente da evolução política no Brasil.
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