OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 15, Nº. 1 (Maio 2024 Outubro 2024)
155
ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU 2024:
ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO JOVEM
LUÍS MARTINS
luisgoncalvesmartins@gmail.com
Licenciado em Ciência Política pela Universidade do Minho. Foi galardoado com duas Bolsas de
Excelência da Universidade do Minho (Portugal). Atualmente, é mestrando no mestrado
em Ciência Política na mesma instituição (Portugal).
SANDRINA ANTUNES
santunes@eeg.uminho.pt
Professora Auxiliar do Departamento de Relações Internacionais e Administração Pública da
Universidade do Minho (Portugal) e Scientific Fellow na Universidade Libre de Bruxelas. É
licenciada em Relações Internacionais e doutorada em Ciência Política pela Universidade Libre de
Bruxelas. É membro integrado do Centro de Investigação em Ciência Política (CICP) na
Universidade do Minho. É atualmente Diretora do Mestrado em Relações Internacionais na
Universidade do Minho.
TIAGO NOGUEIRA
tiagojsdnogueira@gmail.com
Licenciado em Ciência Política pela Universidade do Minho e frequenta atualmente o mestrado em
Direito da União Europeia pela mesma instituição (Portugal). Os seus principais interesses
centram-se em assuntos europeus, eleições e governança.
BEATRIZ RODRIGUES
beatrizsilvarodrigues2002@gmail.com
Licenciada em Ciência Política pela Universidade do Minho. Atualmente, frequenta o mestrado de
Administração Pública (Portugal).
MARTA FERREIRA
martaferreirap17@gmail.com
Licenciada em Ciência Política pela Universidade do Minho. Atualmente, é mestranda em Relações
Internacionais na mesma instituição (Portugal).
GUILHERME RODRIGUES
guilealrodrigues@gmail.com
Licenciado em Ciência Política pela Universidade do Minho e atual mestrando em Negócios
Internacionais na mesma instituição (Portugal).
Resumo
Em 2019, a participação eleitoral dos jovens portugueses na eleição para o Parlamento
Europeu foi a mais baixa de toda a União Europeia. O presente artigo visa identificar
estratégias de mobilização jovem para as eleições europeias de 2024. Para tal, este artigo
oferece uma tipologia descritiva que distingue entre estratégias de mobilização a curto e a
médio/longo prazo. Esta tipologia foi testada em três focus groups, num total de vinte e um
jovens portugueses. Os resultados indicam que existe uma convergência no apoio a algumas
estratégias de mobilização e uma divergência relativamente a outras. O artigo conclui com
algumas recomendações que visam promover a participação dos jovens portugueses nas
próximas eleições europeias.
JANUS.NET, e-journal of International Relations
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 15, Nº. 1 (May 2024 October 2024), pp. 155-177
Eleições para o Parlamento Europeu 2024: Estratégias de Mobilização Jovem
Luís Martins, Sandrina Antunes, Tiago Nogueira, Beatriz Rodrigues, Marta Rodrigues,
Guilherme Rodrigues
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Palavras-chave
Eleições Europeias; Parlamento Europeu; Mobilização Jovem; Participação Política; Portugal.
Abstract
In 2019, voter turnout among young Portuguese citizens in the European Parliament election
was the lowest across the European Union. This article aims to identify youth mobilization
strategies for the 2024 European elections. To this end, this article provides a descriptive
typology that distinguishes between short- and medium/long-term mobilization strategies.
This typology was tested in three focus groups, totalizing twenty-one young Portuguese
citizens. The results indicate a convergence in support for some mobilization strategies and a
divergence regarding others. The article concludes with some recommendations aimed at
promoting the participation of young Portuguese citizens in the upcoming European elections.
Keywords
European Elections; European Parliament; Youth Mobilization; Political Participation; Portugal.
Como citar este artigo
Martins, Luís, Antunes, Sandrina, Nogueira, Tiago, Rodrigues, Beatriz, Ferreira, Marta & Rodrigues,
Guilherme (2024). Eleições para o Parlamento Europeu 2024: Estratégias de Mobilização Jovem.
Janus.net, e-journal of international relations. VOL 15, Nº.1, Maio-Outubro, pp. 155-177. DOI
https://doi.org/10.26619/1647-7251.15.1.9
Artigo recebido em 17 de Setembro de 2023 e aceite para publicação em 12 de Fevereiro
de 2024.
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Luís Martins, Sandrina Antunes, Tiago Nogueira, Beatriz Rodrigues, Marta Rodrigues,
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ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU 2024:
ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO JOVEM
LUÍS MARTINS
SANDRINA ANTUNES
TIAGO NOGUEIRA
BEATRIZ RODRIGUES
MARTA FERREIRA
GUILHERME RODRIGUES
Introdução
A participação eleitoral dos portugueses nas eleições para o Parlamento Europeu (PE) é
reduzida, em especial quando comparada à média europeia. Em 2014 e 2019, a média
europeia de participação eleitoral foi de 42,61% e 50,66%, respetivamente. Apesar de a
participação eleitoral europeia nestas eleições ter aumentado de 2014 para 2019, em
Portugal diminuiu de 33,67% para 30,75%. Esta elevada taxa de abstenção portuguesa
é consequência da baixa participação eleitoral dos jovens portugueses (Becuwe et al.,
2019).
No contexto das eleições europeias de 2019, apenas 3% dos jovens portugueses entre
os 18-24 anos afirmaram ser “muito provável” irem votar, colocando-os na posição mais
baixa em toda a União Europeia (UE). Segundo Magalhães (2022), a participação eleitoral
dos jovens portugueses é muito reduzida. Dado que a literatura não oferece uma
proposta sistematizada das estratégias de mobilização que possam ser aplicadas aos
jovens, no contexto das eleições europeias, este artigo procura preencher essa lacuna.
Recorrendo a uma metodologia qualitativa, o presente artigo começa por fazer uma breve
contextualização do problema. De seguida, oferece uma tipologia descritiva que identifica
estratégias de mobilização de curto e médio/longo prazo que possam favorecer a
mobilização jovem nas próximas eleições europeias. Num terceiro momento, esta
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tipologia é colocada a teste mediante a realização de três focus groups. Os dados
recolhidos foram discutidos, possibilitando a formulação de algumas recomendações. Em
jeito de conclusão, este artigo destaca os principais ensinamentos a retirar deste estudo
e sinaliza as suas limitações.
1. Participação jovem nas eleições europeias: a identificação do
problema
A participação eleitoral europeia está em declínio, em particular no que toca aos jovens
(Kitanova, 2020; Deželan & Moxon, 2021). De acordo com um estudo realizado por
Magalhães (2022), somente 47% dos jovens portugueses da faixa etária 18-24 anos
afirmaram ter votado nas últimas eleições. Este valor é inferior ao da média europeia,
que igualou os 57% (ibidem). Por outro lado, na faixa etária 25-34 anos a percentagem
de indivíduos que declarou ter votado nas últimas eleições, em Portugal, alcança os 66%,
ficando apenas um valor percentual atrás da média europeia de 67% (ibidem).
A participação eleitoral portuguesa da faixa etária 18-24 é também inferior à participação
eleitoral média em Portugal em três das quatro eleições analisadas, no período de 2002-
2019. Nesse intervalo, em Portugal, a taxa de participação eleitoral para as eleições
legislativas foi 59,5%; para as eleições presidenciais foi 51,4%; para as eleições
autárquicas foi 56,2%; e para o PE foi 36,6% (ver Figura 1, abaixo).
Figura 1: Comparação entre Médias de Participação Eleitoral em Portugal (2002-2019)
em quatro tipos de eleições com Jovens Portugueses (18-24) que afirmaram ter Votado
nas Últimas Eleições (2002-2019)
Fontes: adaptado de Pordata (sem data); e Magalhães (2022).
Na EU, a taxa de abstenção para as eleições para o PE de 2019 foi de apenas 49,4%,
quando comparada com os 57,4% de 2014 (Becuwe et al., 2019). Todavia, a participação
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eleitoral portuguesa nessas eleições diminuiu 3% entre 2014 e 2019 (ibidem). No que
toca à participação eleitoral jovem portuguesa nas eleições europeias de 2019, somente
3% dos inquiridos entre as idades 18-24 declararam ser “muito provável” irem votar
nessas eleições, colocando Portugal em último lugar na expectativa de voto. Por outro
lado, 18% dos inquiridos portugueses com 25 ou mais anos afirmaram ser “muito
provável” votarem nessas eleições.
Um outro estudo realizado por Matos et al. (2023) revelou que 89,6% dos jovens
inquiridos declararam já ter votado em alguma eleição. Nessa fração, 81,8% votaram
em legislativas; 79,1% em autárquicas; 76,6% em presidenciais; e apenas 45,6% em
eleições para o PE (ibidem). Assim, torna-se aparente que o voto em eleições europeias
é expressamente preterido pela população portuguesa, em geral, e pelos jovens
portugueses, em particular.
Esta tendência alinha-se com o modelo que caracteriza as eleições europeias enquanto
eleições de segunda-ordem (Reif & Schmitt, 1980). Mais especificamente, este modelo
defende que as eleições europeias o determinadas mais pelas clivagens políticas
internas do que por alternativas originárias da CE [Comunidade Europeia]
1
, além de
atentar que a participação eleitoral nestas eleições será sempre menor do que em
eleições de primeira-ordem (ibidem, 1980). Perante esta situação, e dado que a literatura
não oferece qualquer modelo de mobilização jovem, este artigo identifica estratégias de
mobilização dos jovens portugueses para as próximas eleições europeias, mediante a
aplicação de um modelo original. Em suma, este artigo consagra um contributo de
natureza conceptual e empírico.
2. Estratégias de mobilização jovem: o que diz a literatura?
Na literatura, é possível distinguir entre estratégias de mobilização de curto prazo,
relativas a uma comunicação eleitoral eficaz, e estratégias de mobilização a médio e
longo prazo, que incidem sobre a instrução cívica dos indivíduos.
A primeira estratégia de mobilização de curto prazo concerne o uso das redes sociais e
mass media online, portando algum desacordo na literatura (Matthes, 2022; Boulianne
& Theocharis, 2020; Moeller et al., 2018). Por um lado, Moeller et al. (2018) fazem notar
que os meios de comunicação tradicionais offline, como jornais e a televisão, “não
tiveram um efeito consistente no comportamento eleitoral dos jovens”
2
. Contudo, os
meios de comunicação noticiosos online influenciaram significativamente a participação
política jovem (ibidem). Esta tendência aparenta resultar da capacidade que os media
online oferecem na seleção do conteúdo que os jovens consomem (Moeller et al., 2018).
Por outro lado, uma meta-análise de Boulianne e Theocharis (2020) concluiu que: (1) o
uso de media digitais não é uma fonte de distração para os jovens; (2) apenas atividades
políticas digitais têm um efeito mobilizador; e (3) existe uma “correlação forte entre
formas online e offline de participação na vida cívica e política”. Porém, Matthes (2022)
discorda desta tese, alegando que os níveis de abstenção desta faixa etária não sofreram
alterações significativas. De acordo com o autor, este fenómeno decorre do conteúdo
1
Tradução livre nossa.
2
Tradução livre nossa.
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não-político divulgado nas redes sociais e de fácil acesso que pode distrair os jovens de
conteúdo político mobilizador (ibidem).
Uma outra estratégia de mobilização a curto prazo identificada na literatura trata-se do
envio de mensagens de texto aos eleitores num momento pré-eleitoral (Bhatti et al.,
2017; Bergh et al, 2019; Dale & Strauss, 2009). Bergh et al. (2019) concluíram que as
mensagens de texto o uma ferramenta eficaz para mobilizar eleitores nas eleições
locais norueguesas. Todavia, Bhatti et al. (2017) mostraram que, apesar de estas
mensagens serem eficazes em eleitores habituais, carecem de utilidade quando são
enviadas a eleitores casuais. A somar-se a isto, Dale e Strauss (2009) apresentam a
teoria do Noticeable Reminder, que argumenta que o envio das mensagens, antes do dia
da eleição, é um método pouco dispendioso de assegurar que os indivíduos que querem
votar, efetivamente votam.
Finalmente, a mobilização política jovem através de meios de comunicação tradicionais
constitui a terceira estratégia de mobilização a curto prazo (Althaus & Trautman, 2008;
Costa, 2022). Althaus e Trautman (2008) mostram que a dimensão do mercado televisivo
local tem um impacto sobre a participação política local maior do que outros fatores que
influenciam o comportamento eleitoral. Este fator é relevante, uma vez que, em 2020,
49% dos jovens portugueses alegaram receber informação política pela televisão, ao
passo que somente 30% deram preferência à internet (Costa, 2022).
Quanto às estratégias de mobilização de médio e longo prazo, a primeira trata-se da
realização de atividades de voluntariado (Augusto, 2008; Costa, 2022). Ou seja, os
jovens que participam em várias organizações e/ou associações o mais ativos na
política. Porém, a natureza das organizações tem um impacto no grau de incremento da
participação política dos jovens (ibidem). Organizações diretamente envolvidas na
sociedade civil contribuem mais para a mobilização política jovem do que organizações
estritamente recreativas (ibidem). Num outro quadro, Augusto (2008) mostrou que a
participação jovem em associações voluntárias politicamente envolvidas tem resultados
positivos na sua participação eleitoral. Num estudo realizado por Costa (2022) a jovens
portugueses, 15% afirmaram que nunca fizeram voluntariado, nem nunca o fariam; 23%
alegaram ter feito voluntariado no ano anterior ao inquérito; 25% fizeram voluntariado
num passado mais distante; e os restantes 38% afirmaram que poderiam ter feito
voluntariado, mas não o fizeram.
A participação em programas de intercâmbio é a segunda estratégia de mobilização a
médio e longo prazo, apesar de ser escassa e de ser marcada por algum dissenso (Wilson,
2011; Martínez et al, 2014; Consonni, 2020). Por um lado, Wilson (2011) concluiu que
“a experiência Erasmus não faz com que os alunos se tornassem mais pró-europeus”
3
.
Isto porque indivíduos que participaram em programas Erasmus o tendem a votar
mais em partidos pró-UE, nem a favorecer uma UE mais política (ibidem). Consonni
(2020) discorda, argumentando que estudantes espanhóis e italianos que participaram
em programas de Erasmus estão mais interessados nas eleições europeias e votam nelas.
Um outro estudo realizado por Martínez et al. (2014) mostrou que os inquiridos, que
haviam participado no programa Erasmus, tendem a estar mais informados sobre o modo
como os membros do PE são eleitos. No ano da realização do estudo, 2014, os
3
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participantes que tinham feito intercâmbio através do projeto Erasmus participaram com
maior expressão nas eleições para o PE.
Uma terceira estratégia de mobilização eleitoral a médio/longo prazo relaciona-se com o
papel desempenhado pela educação (Kitanova, 2020). Uma análise de 28 países
europeus concluiu que os “fatores sociodemográficos que preveem a participação política
entre os jovens são a idade, educação e classe social”
4
(ibidem). Assim, a educação
formal é um fator fundamental para uma mobilização jovem alargada. Por outro lado, a
educação não-formal refere-se a “programas e processos planeados e estruturados de
educação pessoal e social para jovens destinados a melhorar uma série de habilidade e
competências, fora do currículo educacional formal”
5
(Conselho da Europa, sem data).
Esta educação não-formal deve ser voluntária, acessível a todos e centrada nos alunos
(ibidem). A este respeito, Busse et al. (2019) notaram que a educação não-formal tem
um impacto positivo na participação política não-eleitoral dos adultos.
De modo geral, não se encontrou qualquer bibliografia que combinasse estratégias de
mobilização jovem a curto e médio/longo prazo para as eleições europeias. Neste sentido,
o presente artigo vem preencher este vazio, oferecendo uma análise preliminar sobre o
assunto.
3. Modelo de análise: uma proposta para a mobilização jovem
Uma vez identificadas as estratégias de curto e médio/longo prazo, passaremos agora,
à construção de uma tipologia que combina estratégias de mobilização a curto e a
médio/longo prazo (Tabela 1, abaixo).
As estratégias de curto prazo, i.e., estratégias de comunicação em período de pré-
campanha e campanha, podem ser divididas em estratégias online e offline. Sobre as
estratégias em formato online, destacam-se as campanhas de sensibilização jovem nas
redes sociais. Moeller et al. (2018) apontam que as redes sociais, atualmente,
conseguem influenciar significativamente a participação dos jovens, tornando-se o
mecanismo mais indicado para a aproximação com a juventude. Acresce que Matthes
(2022) sublinha que “as redes sociais conseguem construir relações entre atores políticos
e jovens adultos, possibilitar a interação social sobre temas políticos, conectar pessoas,
promover a expressão da opinião política, equilibrar o envolvimento e promover a
participação, bem como impulsionar a participação eleitoral ou contribuir para a coesão
social”
6
.
4
Tradução livre nossa.
5
Tradução livre nossa.
6
Tradução livre nossa.
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Tabela 1: Estratégias de mobilização a curto prazo e a médio/longo prazo
Fonte: autoria própria
Sobre as estratégias em formato offline, a literatura identifica o envio de mensagens de
texto antes do ato eleitoral, a realização de debates nos media tradicionais e a
comunicação cara-a-cara pelos Embaixadores UE. A primeira possibilita impactar os
diversos círculos de inserção social, ao receber e transmitir a informação enviada, além
de assegurar que os indivíduos que querem votar, efetivamente votam (Bhatti et al.,
2017; Dale & Strauss, 2009). os debates nos meios de comunicação social tradicionais
a rádio, os jornais, a televisão, etc. , apesar de alguns constrangimentos verificáveis,
como a morosidade, a tecnicidade e profunda discussão de diversos temas, podem ser
benéficos para a camada jovem mais velha e instruída. A terceira iniciativa passa pelo
papel a ser exercido pelos jovens Embaixadores UE, que teriam a função de se conectar
com os seus pares, de os informar em relação à UE e de os enquadrar em relação aos
valores europeus e quanto à importância do voto.
Relativamente às estratégias de médio/longo prazo, estabeleceu-se como objetivo a
formação cívica dos jovens sobre a UE. Assim, distinguiu-se entre agentes das medidas
e as medidas que cada um pode efetuar. As instituições europeias (ou de representação
das mesmas), como o Gabinete do Parlamento Europeu e a Representação da Comissão
Europeia em Portugal e, podem executar atividades de formação e capacitação jovem,
como sugerido pelas recomendações da Conferência Europeia da Juventude (2015) e
reforçado por Deželan e Moxon (2021). Além disso, o desenvolvimento do voluntariado,
ligado a questões e valores europeus, como o unidos.eu e o Corpo Europeu de
Solidariedade, seria uma forma o convencional de participação e de vinculação às
Objetivo
Agentes
Responsáveis
Medidas
Mobilização de
Médio/Longo
Prazo
Formação
Cívica Jovem
Gabinete do
Parlamento Europeu
e Representação da
Comissão Europeia
em Portugal
Atividades de Formação e Capacitação
Jovem
Voluntariado ligado a Questões e
Valores Europeus
Programas de Educação Não-Formal
de Intercâmbio
Embaixador da UE
Sensibilização Jovem na Rua e em
Escolas e Universidades
Escolas
Alteração do Plano de Estudos da
Disciplina de Cidadania e
Desenvolvimento
Inclusão da Disciplina de Ciência
Política na Formação Geral do Ensino
Secundário
Objetivo
Tipo de
Comunicação
Medidas
Mobilização de
Curto Prazo
Estratégia de
Comunicação
no Período de
Campanha
Online
Campanhas de Sensibilização Jovem
nas Redes Sociais
Offline
Envio de Mensagens de Texto antes do
Ato Eleitoral
Debates nos Media Tradicionais
Embaixador UE: Comunicação
Eleitoral Cara-a-Cara
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instituições europeias (Augusto, 2008). A divulgação de programas de educação não-
formal de intercâmbio, como o Erasmus+, são, igualmente, fundamentais para a inserção
dos jovens no contexto de participação cívica. Para além de ser uma forma de
desenvolvimento cognitivo e pessoal, possui resultados extremamente positivos no que
respeita ao aumento participação política.
As escolas têm também a função de proporcionar aos jovens, desde cedo, espaços
seguros de aprendizagem e de criação de estímulos à participação, capacitando os jovens
com os recursos necessários para a mesma (Menezes et al., 2019). Assim, a
concretização efetiva do plano de estudos da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento,
oferecida de forma obrigatória no ensino sico (do 5 ao 9.º ano) e de forma
transversal no ensino primário (do 1.º ao 4.º ano) e secundário (do 10.º ao 12.º ano),
irá também ao encontro à formação cívica necessária para cada jovem. Apesar de o
programa desta disciplina prever a discussão de questões e temas relativos à UE, não é
evidente que essas matérias sejam, de facto, lecionadas. Logo, torna-se necessário
repensar esta aprendizagem, de modo a se adotar um modelo mais claro, simples e
objetivo (Deželan & Moxon, 2021). De igual modo, a obrigatoriedade desta disciplina no
ensino primário e secundário, bem como a inclusão da disciplina de Ciência Política na
formação geral do 10.º ao 12.º ano, poderia ser positiva para a participação eleitoral
jovem.
Os Embaixadores UE teriam, por sua vez, a função de criar, organizar e dinamizar ações
de sensibilização na rua e nos espaços de socialização mais habituais dos jovens, onde
têm a oportunidade de conviver com os seus pares e intervir na sua comunidade. Apesar
de existirem iniciativas semelhantes, como as Escolas Embaixadoras do Parlamento
Europeu (Parlamento Europeu, sem data), os Embaixadores da Iniciativa da Cidadania
Europeia (União Europeia, sem data) e os Embaixadores UE Careers (EPSO, sem data),
estes Embaixadores jovens distinguem-se por terem um contacto presencial e digital
diferenciados. Estes Embaixadores, além de educarem os jovens em relação a matérias
e valores europeus, devem também discutir e informá-los em relação a questões
eleitorais e à importância do voto. Esta rede de embaixadores deve ser formada pelas
instituições nacionais de representação dos órgãos europeus, além de as deverem
promover nos seus contactos com os jovens.
4. Método e técnica de análise
Na impossibilidade de entrevistar toda a população portuguesa com idade entre os 18 e
os 34 anos, optou-se por utilizar o focus group como técnica de recolha de dados neste
estudo de caso. O focus group consiste numa cnica de pesquisa qualitativa que envolve
a interpelação de um grupo de indivíduos, selecionados cuidadosamente, para a
discussão e partilha das suas atitudes relativas a um conceito, produto ou ideia
(Matthews & Ross, 2010). Trata-se de um método eficiente que permite respostas
abertas e fluidas, dependendo de uma discussão assistida entre 5 a 13 pessoas para
produzir resultados, o que requer um moderador apto e imparcial, encarregue de facilitar
e moldar a discussão.
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Optamos por realizar três focus groups
7
, cuja composição variou entre seis a oito
elementos num total de 21 participantes. Estes últimos foram selecionados em função
do critério da idade (divididos em dois escalões etários, dos 18- 24 anos e dos 25-30
anos de idade, respetivamente) e do nível de escolaridade (com formação superior e sem
formação superior) que estes critérios são, de acordo com a literatura, os fatores mais
relevantes na compreensão da dinâmica da participação eleitoral.
De acordo com Magalhães (2022), existe uma relação entre a idade e a participação
eleitoral nos jovens portugueses, que os jovens entre os 18 e 24 anos apresentam
taxas de participação eleitoral inferiores às dos jovens situados no escalão etário dos 25-
34 anos. De igual modo, o mesmo autor referiu que a “forte relação negativa entre a
idade e a participação eleitoral [dos jovens portugueses pertencentes à faixa etária 18-
24 anos] confirma-se, mesmo quando tomamos em conta outros atributos dos indivíduos
e do voto, como a educação” (ibidem). Esta afirmação contradiz a literatura, já
mencionada, que relaciona positivamente a educação e a participação eleitoral. Dada
esta aparente incerteza, investigou-se se o fator escolaridade contribuiu para a adoção
de diferentes convicções pelos participantes dos focus groups.
A Tabela 2, infra, traduz a composição dos três grupos:
Tabela 2: Composição dos Focus Groups
Critérios de Seleção
18-24 com formação superior
18-24 sem formação superior
25-34 com formação superior
Total
Fonte: autoria própria
Por último, gostaríamos de fazer notar que a amostra escolhida para este estudo não
espelha a composição da população jovem portuguesa, pelo que as inferências
decorrentes da presente investigação deverão ser lidas como generalizações teóricas (e
não empíricas). Estas poderão, no entanto, servir de base para investigações futuras
onde a representatividade da amostra poderá ser acautelada (George e Bennett, 2005).
5. Apresentação e Discussão dos dados
5.1. Focus group 1
Este grupo revelou-se notavelmente participante em períodos eleitorais, como demonstra
a Tabela 3, abaixo. Os participantes destacaram a importância da educação para a
cidadania, para que se torne intuitivo o exercício do dever cívico nas eleições europeias.
7
Procurou-se realizar um quarto focus group com intervalo de idade compreendido entre os 25 e os 34 anos
sem formação superior, mas o mesmo não foi possível por falta de participantes disponíveis em colaborar.
Notamos ainda que procuramos formar grupos que espelhassem as clivagens escolares e etárias dos jovens
portugueses, mas que, limitações na captação de participantes, não nos foi possível assegurar a
representatividade da amostra nos focus groups.
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Tabela 3: Percentagem de Participação nas Eleições Europeias de 2019
P1
P2
P3
P4
P5
P6
Percentagem
Votou
X
X
X
X
X
X
100%
Não votou
0%
Fonte: autoria própria
A eficácia das redes sociais na comunicação institucional europeia para envolver jovens
eleitores foi também discutida. Defendeu-se a necessidade de focar a comunicação nas
agendas políticas através dos grupos políticos em vez das instituições per si, que podem
demonstrar pouca pluralidade interna. Alguns mostraram-se céticos sobre a mobilização
via redes sociais. Como sugere a escala de avaliação obtida na Figura 2, abaixo, os
participantes acreditam, em geral, que uma campanha de sensibilização pré-eleitoral,
seja nas redes sociais ou nos meios tradicionais, poderá aumentar a probabilidade de
votarem nas eleições europeias. É de referir, também, que a participante P5, do género
feminino, se mostrou mais recetiva ao uso de meios tradicionais.
Figura 2: Avaliação de 0 (Não aumentaria Nada) a 10 (Aumentaria Extremamente) dos
Participantes quanto a Campanhas de Mobilização Através dos Meios de Comunicação
Fonte: autoria própria
Abordou-se também o potencial dos contatos presenciais e de mobilização informal.
Enquanto contactos tradicionais de rua foram considerados menos meritórios, debates e
discussões em escolas e universidades foram vistos como estimulantes. A eficácia dessas
estratégias depende do tipo de jovem envolvido e uma sensibilização a médio/longo
prazo foi, de novo, enfatizada como necessária. Durante o período eleitoral, deve-se
apenas intensificar esses esforços para aumentar o interesse e a consciência política.
A formação escolar foi novamente destacada como uma estratégia eficaz para mobilizar
os jovens, através de debates, aulas e palestras. A informação deve ser difundida “de
modo informal e íntimo, diferente de meios institucionais, que levará a discussão do
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assunto no seio familiar” (P3, do género masculino) através de meios como debates
televisivos, podcasts e redes sociais. De maneira geral, os participantes concordaram
que as escolas são fundamentais para a educação sobre a União Europeia e a cidadania.
Enfatizaram a importância da participação política e cívica, desde o ensino primário, e
destacaram a necessidade de abordar o tema com urgência. A participação também deve
ser incentivada em casa, possivelmente pela influência da escola. Propõem-se
workshops, novas disciplinas, grupos de estudo e vivências práticas com visitas de estudo
obrigatórias a instituições europeias para despertar o interesse dos jovens nas questões
europeias. Frisou-se, igualmente, a importância de professores capacitados.
Sobre a eficácia de um Embaixador jovem da UE, as opiniões divergem, como consta na
Figura 3, abaixo. Alguns participantes afirmaram que esta figura podia despertar o
interesse dos jovens pela política através da identificação e aproximação da instituição,
mas que a sua eficácia dependeria da personalidade, comunicação e destaque do jovem
em questão.
Figura 3: Avaliação de 0 (“Nenhum Efeito”) a 10 (“Ajudaria Extremamente”) dos
Participantes à Mobilização Através de um Embaixador Jovem
Fonte: autoria própria
As opiniões sobre o envio de uma mensagem de texto antes das eleições são diversas.
Alguns acreditam que teria um impacto positivo por destacar a importância do voto,
enquanto outros têm dúvidas sobre a sua eficácia, devido à existência de anúncios
institucionais semelhantes. Não obstante, a maioria não qualquer dano na ideia e
tende a ser favorável. Opiniões divergem sobre o impacto dos programas de voluntariado
e educação não-formal na aproximação dos cidadãos às questões europeias e
mobilização para eleições. Alguns participantes consideram-nos positivos, ao passo que
outros questionam se existe alguma relação direta. Os valores, a identidade e democracia
europeia foram, também, questionados.
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Os participantes deste grupo defenderam que a melhor estratégia passaria pela utilização
de diversas opções de comunicação, incluindo media tradicional e digital, além dos
Embaixadores jovem da UE. No entanto, concordam que a escola se trata do fator mais
importante, bem como a prática e o envolvimento familiar, criando um laço estável, como
consta na Tabela 4, abaixo.
Tabela 4: Escolha dos participantes Qual a Melhor Estratégia?
P1
P2
P3
P4
P5
P6
Percentagem
Redes Sociais
X
X
X
50%
Meios Tradicionais
X
16,7%
Contacto de Rua
X
16,7%
Mensagens de Texto
X
16,67%
Embaixador Jovem
X
16,67%
Educação Formal
X
X
X
X
X
X
100%
Fonte: autoria própria
Realçamos, ainda, que neste grupo, a característica ‘género’ não revelou ser uma variável
impactante nos testemunhos recolhidos neste focus group.
5.2 Focus Group 2
Ainda que a maioria dos participantes deste grupo não tenha votado nas últimas eleições
europeias (ver Tabela 5, abaixo), por o serem maiores de idade, foi consensual,
incluindo de quem se absteve de votar, a valorização da importância do ato eleitoral,
salientando a especificidade das eleições europeias para a política doméstica.
Tabela 5: Percentagem de Participação nas Eleições Europeias de 2019
P7
P8
P9
P10
P11
P12
P13
P14
Percentagem
Votou
X
X
X
37,5%
Não Votou
X
X
X
X
X
62,5%
Fonte: autoria própria
Os participantes acreditam que uma campanha de contacto pessoal de rua é mais eficaz
com a população mais velha do que com os jovens. Portanto, preferem campanhas em
redes sociais dada a facilidade de disseminação de informações (ver Figura 4, abaixo).
Demonstraram também interesse em debates televisivos e nas redes sociais devido à
sua acessibilidade. As redes sociais são vistas como uma arena que estimula o debate
político, promovendo transparência e divulgando o trabalho dos representantes
europeus. A maioria dos participantes considera o envio de mensagens de texto benéfico,
mesmo que tenham pouca esperança na capacidade de alterar os comportamentos
eleitorais daqueles que já não votam.
Quanto aos projetos de educação não-formal, os participantes têm pouco conhecimento,
mas reconhecem seu potencial para fortalecer o sentimento europeu nos jovens e torná-
los politicamente ativos, embora não necessariamente nas eleições. Existe um
descompasso maior entre os jovens e os representantes europeus em relação aos
assuntos nacionais, sobretudo, pela falta de destaque dado a essa esfera nos meios de
comunicação, tanto durante as campanhas quanto durante o mandato.
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Figura 4: Avaliação de 0 (Não aumentaria Nada) a 10 (Aumentaria Extremamente) dos
Participantes quanto a Campanhas de Mobilização Através dos Meios de Comunicação
Fonte: autoria própria
Nessa linha, a ideia de um maior contacto pessoal com figuras do PE, as poucas respostas
obtidas, ainda que positivas, apontavam para a necessidade de sentirem que o
representante estaria de facto atento e devotado às suas propostas. Daí que, quando
apresentados à sugestão de um Embaixador jovem, as respostas tenham sido mais
positivas, com a maioria dos participantes a apreciá-la com valores elevados (ver Figura
5, abaixo). Isto suporta a ideia de que esta seria uma interação mais próxima e com um
discurso mais simples, capaz de ajudar a combater a perceção elitista da política.
Figura 5: Avaliação de 0 (“Nenhum Efeito”) a 10 (“Ajudaria Extremamente”) dos
Participantes à Mobilização Através de um Embaixador Jovem
Fonte: autoria própria
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Na discussão, os participantes consideraram que a escola deve ter um papel mais
presente no desenvolvimento de boas práticas políticas nos jovens, mencionando, para
esse efeito, a adoção de uma maior transversalidade de disciplinas que substitua aquelas
em que os alunos se sentem menos estimulados. Acresce que acreditam que o aumento
do interesse político dos jovens está também ligado à promoção de sessões de literacia
e de formas de educação não-formal, em especial visitas de estudo a órgãos políticos e
atividades como simulações parlamentares.
Tabela 6: Escolhas dos participantes Qual a Melhor Estratégia?
P7
P8
P9
P10
P11
P12
P13
P14
Percentagem
Redes Sociais
X
X
N/A
X
X
X
X
X
100%
Meios
Tradicionais
0%
Contacto de Rua
0%
Mensagens de
Texto
0%
Embaixador
Jovem
X
14,2%
Educação Formal
0%
Fonte: autoria própria
As redes sociais são, para este grupo, o melhor mecanismo para veicular a informação
aos jovens, como revela a Tabela 6, acima. Deste modo, os participantes mencionaram
que gostariam de ver nas redes sociais mais conteúdos dedicados à atividade dos órgãos,
bem como mais podcasts de cunho político e tangentes a temáticas europeias. Além
disso, foi ainda mencionado o uso do cinema como meio para vincar e exportar os valores
europeus.
Nota-se, ainda, que a característica ‘género’ não condicionou as escolhas e perceções
dos participantes que integraram este focus group.
5.3 Focus Group 3
Nas últimas eleições, a maioria dos participantes admitiu não ter votado (Tabela 7,
abaixo), por falta de interesse ou conhecimento, ou esquecimento. P15, do género
masculino, referiu que a eleição foi “um pouco desleixada”. Quem participou, ressalva a
importância destas eleições para o país.
Tabela 7: Percentagem de Participação nas Eleições Europeias de 2019
P15
P16
P17
P18
P19
P20
P21
Percentagem
Votou
X
X
X
43%
Não Votou
X
X
X
X
57%
Fonte: autoria própria
Verificando a Figura 6, abaixo, é possível aferir que os entrevistados não fazem uma
distinção significativa entre meios tradicionais e redes sociais. Reconhecem a ascensão
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das plataformas online “pela simples opção que uma pessoa tem de colocar uma história
ou partilhar uma publicação [...] isto chegar à sua base de seguidores” (P18, do género
masculino). Todavia, consideram que os media tradicionais não devem ser descartados,
em especial para população mais velha.
Figura 6: Avaliação de 0 (Não aumentaria Nada) a 10 (Aumentaria Extremamente) dos
Participantes quanto a Campanhas de Mobilização Através dos Meios de Comunicação
Fonte: autoria própria
Na opção por uma mobilização direta de rua capaz de explicar aos jovens o propósito das
eleições, o participante P16, do género masculino, notou que à partida presto mais
atenção ao que a pessoa que está a falar comigo me diz [que] seria possível retirar as
minhas dúvidas na hora”. Para os participantes, os maiores interessados seriam os
partidos, uma vez que estas ações permitem recolher votos e informar a população.
Existem participantes que consideram que os jovens o movidos não por este tipo de
contacto, mas por se identificarem com uma causa.
Perante a figura de um Embaixador UE que explique de forma clara e imparcial o processo
da eleição, parte dos candidatos considera que seria interessante ter a imagem de
alguém como nós, interessado por temas políticos, que nos explicasse as coisas de forma
simples (P16, do género masculino). Ao longo da conversa, levantaram-se questões
sobre a forma como este seria escolhido e sobre a sua credibilidade, pela possibilidade
de pós-eleição aderir a um partido, como refere P17, do género feminino. A Figura 7,
abaixo permite constatar a recetividade dos participantes a esta figura.
Relativamente ao uso de mensagens de texto como lembrete, os participantes
consideraram ser uma iniciativa favorável, desde que livre de propaganda política.
Segundo alguns participantes, uma maior flexibilização do período eleitoral e a passagem
para um sistema de voto eletrónico reduziriam a abstenção. Programas como o
Erasmus+ foram considerados um importante fator de mobilização e consciencialização.
P18, do género masculino, relata a experiência do irmão como uma “mais-valia, é
partilhar, é contactar jovens da mesma faixa etária, de diferentes culturas [...] aquela
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interação cria ideias muito giras”, destacando o papel da escola nestes momentos. Aliás,
o grupo considerou a escola como um importante disseminador de conhecimentos sobre
a UE. Todavia, os participantes enfatizaram a importância da imparcialidade dos
professores.
Figura 7: Avaliação de 0 (“Nenhum Efeito”) a 10 (“Ajudaria Extremamente”) dos
Participantes à Mobilização Através de um Embaixador Jovem
Fonte: autoria própria
A Tabela 8, abaixo, mostra a preferência dos participantes pelas estratégias discutidas.
Tabela 8: Escolha dos Participantes Qual a Melhor Estratégia?
P15
P16
P17
P18
P19
P20
P21
Percentagem
Redes Sociais
X
N/A
x
x
N/A
60%
Meios Tradicionais
0%
Contacto de Rua
0%
Mensagens de Texto
0%
Embaixador Jovem
0%
Educação Formal
X
X
x
x
x
100%
Fonte: autoria própria
Salienta-se, igualmente, que neste grupo, a característica ‘género’ o constituiu uma
variável que tivesse condicionado as perspetivas dos participantes em relação às eleições
para o PE.
6. Discussão de dados
Uma comparação dos diferentes grupos conclui que focus group sem formação académica
dos 18 aos 24 anos teve uma menor participação eleitoral em 2019, com 37,5%, seguido
pelo grupo dos 25 aos 34 anos com formação superior, com 43%. O focus group dos 18
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aos 24 anos com formação teve a maior participação eleitoral, com 100% dos
participantes votantes. A não concordância destes valores percentuais com os elencados
por Magalhães (2022) deve-se, provavelmente, ao reduzido número de participantes. A
falta de importância pessoal dada ao ato eleitoral foi a causa mais comum da não
participação, o que se aparenta conciliar com o modelo que afirma serem as eleições
europeias de segunda-ordem (Reif & Schmitt, 1980).
Quanto à mobilização por meio das redes sociais, os três grupos reconhecem sua
importância na transmissão de ideias e conscientização dos jovens, o que se coaduna
com toda a literatura que defende o uso destes meios para mobilizar os jovens. Ainda
que Matthes (2022) sugira que os algoritmos das redes sociais sirvam mais para distrair
do que para os mobilizar os jovens a votar, o uso das redes sociais pode mostrar-se
vantajosa. Uma notável sugestão feita pelos grupos passou por defender que os partidos
políticos deviam aproveitar as redes sociais para realizar campanhas de sensibilização e
informação do eleitorado. Num quadro complementar, porém, divergências em
relação ao uso dos meios tradicionais. Os focus groups com formação superior
consideram que os meios digitais e tradicionais devem complementar-se, enquanto o
grupo sem formação académica acredita que os meios tradicionais não têm a capacidade
de despertar o interesse dos jovens. Aqui, seria oportuno promover meios de
comunicação noticiosos online, que promovem a participação política jovem (Moeller
et al., 2018). Por fim, os debates televisivos foram também endossados como um tipo
de estratégia offline.
Os participantes consideram o envio de mensagens de texto no período pré-eleitoral
como uma estratégia neutra ou positiva, embora o seja a preferida. Alguns
participantes duvidam que esta estratégia conseguisse cativar eleitores que não se
encontram dispostos a votar, ecoando a tese de Dale e Strauss (2009).
Quanto ao contacto cara-a-cara de rua, não houve concordância entre os participantes.
Em geral, acreditam que os jovens se mobilizam quando se identificam com quem os
ouve e com as causas defendidas, mas consideram essa estratégia mais eficaz em
pessoas mais velhas. O grupo dos 18-24 anos com formação superior realçou que a
eficácia deste contacto dependeria da personalidade do indivíduo que a faria. Já o grupo
da mesma faixa etária sem formação rejeitou esta estratégia, atentando que os jovens
não têm interesse para ouvir os candidatos e, portanto, esse método não será eficaz. O
grupo dos 25-34 anos foi o mais recetivo a este tipo de contacto direto.
Quanto às estratégias de médio/longo prazo, houve recetividade (em especial na faixa
etária 25-34) face a programas de voluntariado e educação não formal sobre a UE. Uma
vez que, de acordo com Costa (2022), muitos dos jovens (38% no estudo) que não
fizeram voluntariado o poderiam ter feito, aparenta existir uma faixa da juventude cuja
mobilização eleitoral seria beneficiada caso participassem nestes programas de
voluntariado.
Por outro lado, em relação aos programas de intercâmbio, notou-se um apoio por parte
dos participantes que deram a sua opinião, como o caso do P18, do género masculino,
do focus group 3. Na eventualidade da tese de Wilson (2011) estar correta, é possível
que a participação nestes programas não contribua para que os jovens se sintam mais
pró-europeus. Todavia, tendo em conta a abertura dos participantes neste estudo aos
programas, bem como literatura que nitidamente discorda da tese do primeiro (Consonni,
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2020; Martínez et al., 2014) seria benéfico, quando menos, incentivar os jovens a
participar nestas atividades de intercâmbio.
Existe consenso sobre a importância da educação política nas escolas, tendo sido a
estratégia mais destacada. Porém, as opiniões divergem entre grupos. No primeiro, os
jovens de 18-24 anos com formação superior veem as eleições europeias como parte de
uma participação cívica e política geral, sugerindo workshops, disciplinas dedicadas e
visitas obrigatórias a instituições europeias. No grupo dos jovens da mesma faixa etária,
mas sem formação superior, houve a promoção de atividades práticas e a inclusão da
disciplina de Ciência Política no ramo geral do ensino secundário. os jovens de 25 a
34 anos com ensino superior defendem a inclusão de disciplinas no ensino secundário
que versem sobre a cidadania, e introduzam conceitos sobre economia e representação
política. Aqui, considerando que uma mais elevada educação formal é um dos fatores
sociodemográficos que preveem a participação política (Kitanova, 2020), e que a
educação o-formal incentiva uma participação política não-eleitoral (Busse et al.,
2019), é notável que os jovens tenham hospitalidade face a estas propostas.
Sobre a sugestão do Embaixador jovem da UE na aproximação dos cidadãos às
instituições europeias, os participantes sem formação superior dos 18 aos 24 anos são
mais otimistas do que os participantes com formação superior e de faixas etárias
superiores. Os participantes destes dois grupos são céticos em relação às habilidades de
comunicação específicas do Embaixador e ao método de seleção dessa figura. Daí terem
enfatizado que a sua eficácia enquanto comunicador dependeria da sua personalidade.
Acresce que os próprios jovens entrevistados sugeriram estratégias além das elencadas
na Tabela 1. Os dois focus groups com jovens entre os 18-24 anos consideraram as redes
sociais, podcasts e debates políticos (que podiam tomar lugar nas redes sociais) como
os meios mais eficazes de mobilização a médio prazo. Porém, os jovens com ensino
superior destacaram o papel dos meios digitais para dinamizar a formação já obtida em
contexto escolar. Já os participantes entre os 25-34 anos enfatizaram a importância dos
agendas e programas políticos. Os jovens mostraram um afastamento dos
representantes europeus em comparação com os nacionais, justificando esse fenómeno
pela falta de destaque que aqueles têm no noticiário oferecido pelos media tradicionais.
Além disso, a perceção dos participantes é que o sistema e a representação europeia são
muito complexos e ligados a processos internos dos partidos. Outras propostas de
estratégias incluem a enfatização das agendas pelos partidos, bem como uma maior
flexibilização cronológica do sufrágio e a sua transição para um sistema eletrónico.
É também relevante destacar que não se identificou uma grande discrepância entre as
respostas dos participantes do género feminino e do género masculino. Excluindo
algumas pontualidades, a vasta maioria das respostas masculinas foram de encontro às
femininas, o que significa que o atributo ‘género’ não condicionou as reflexões.
Em suma, a melhor estratégia apontada pelo focus group 1, com participantes dos 18
aos 24 anos com formação superior, é a educação formal (100%) com o complemento
das redes sociais (50%). O focus group 2, da mesma faixa etária sem formação superior,
atribui maior peso à utilização das redes sociais (100%). O focus group 3, com jovens
dos 25 aos 34 anos com formação superior, similarmente ao primeiro grupo, concedem
maior destaque à educação (100%), apresentando-se, adicionalmente, favoráveis à
utilização das redes sociais (60%).
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7. Recomendações
Apresentam-se, agora, algumas recomendações estratégicas que, de acordo com a
investigação, permitem aumentar a participação eleitoral dos jovens portugueses nas
eleições europeias.
A curto prazo, em primeiro lugar, seria vantajoso que instituições como o Gabinete do
PE em Portugal se valessem das redes sociais, organizando uma campanha de
sensibilização direcionada aos jovens. Esta campanha deveria efetuar publicações
semanais sobre temas como a identificação dos candidatos, a estrutura das famílias
políticas no PE e o sistema eleitoral da UE. A segunda estratégia a curto prazo prevê o
envio de uma mensagem de texto com informações essenciais sobre o processo eleitoral.
Em terceiro lugar, julga-se necessário que os media tradicionais criem uma rúbrica
semanal informativa sobre temáticas europeias, informando, assim, as audiências sobre
estas eleições. Por fim, também os partidos políticos devem dar um maior destaque às
eleições europeias e aos temas europeus, quer zelando para que a informação chegue
aos mais jovens.
Quanto às estratégias de médio/longo prazo, primeiramente, propõe-se que
representantes de instituições como a Representação da Comissão Europeia em Portugal
e o Europe Direct continuem a visita a escolas, mas também que se envolvam
diretamente com associações estudantis, juvenis e sociais com o intuito de apresentar o
projeto europeu (via workshops e outras atividades que instruam os jovens). Além disso,
as escolas portuguesas devem velar pelo cumprimento do plano da disciplina de
Cidadania e Desenvolvimento, de modo a instruir os jovens sobre a esfera política e
cívica, tanto a nível nacional como europeu.
Em terceiro lugar, a inclusão obrigatória da disciplina de Ciência Política no ensino
secundário poderia também contribuir para uma maior participação jovem nas eleições
europeias, caso destacasse questões europeias e fosse lecionada por professores
especializados. Seria também benéfico instituir visitas de estudo a instituições políticas
europeias com os jovens. A quinta estratégia tem que ver com a criação de uma rede de
jovens Embaixadores da UE que, de forma clara, sejam capazes de explicar questões
europeias aos jovens. Finalmente, é relevante referir a criação de podcasts e debates
que abordem temas europeus de forma simples e didática, nomeadamente desenvolvidas
pelas instituições de representação europeia.
Fora as sobreditas estratégias, os participantes dos focus groups sugeriram uma
flexibilização do período do voto, que permita o acesso generalizado ao voto antecipado,
além da introdução de um sistema de voto eletrónico.
Conclusão
O objetivo deste artigo foi investigar e testar um conjunto de estratégias de mobilização
a curto e médio/longo prazo que pudessem aumentar a participação eleitoral jovem nas
eleições europeias. Para tal, identificaram-se estratégias de mobilização eleitoral na
literatura, tendo-se criado uma tipologia descritiva que foi testada em três focus groups.
Os resultados dessa testagem apontam para a existência de uma convergência na defesa
de algumas estratégias de mobilização e uma divergência relativamente a outras. O uso
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das redes sociais e o reforço da educação cívica nas escolas foram as estratégias mais
enfatizadas pelos participantes dos grupos. Face a essas conclusões, articulou-se um
conjunto de recomendações que visam enfrentar e corrigir o problema. Além de incluírem
estratégias previstas na literatura e codificadas na tipologia, as recomendações contam
com sugestões feitas pelos próprios jovens entrevistados.
Em jeito de nota conclusiva, poderemos afirmar que o presente artigo contribui para
preencher uma lacuna identificada na literatura, porém não poderemos deixar de
sinalizar uma limitação que advém da composição da amostra utilizada na análise, apesar
desta investigação não ter ambicionado a generalização empírica.
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