No primeiro capítulo, Da Guerra Fria à Globalização, o autor analisa o período bipolar da
Guerra Fria, entre os EUA e a URSS, sendo que de acordo com Odd Arne Westad, o
confronto entre o capitalismo e o comunismo teve o seu início no final do séc. XIX, e para
Jürgen Ostherhammel, nesta fase estivemos perante grandes transformações nos mais
variados âmbitos (científico, tecnológico, político e bélico). E tudo isto determinou o que
é hoje o mundo atual.
Existindo um reforço da capacidade nuclear não só por parte dos EUA e da URSS, mas
também da França, da China e da Grã – Bretanha, com acordos que se formaram nesta
fase e que no presente além de terem sido abandonados, a letalidade e a sofisticação
das armas nucleares são substancialmente superiores e que o perigo da sua utilização é
mais visível.
Apesar dos dois modelos económicos referidos acima e que dominaram o período da
Guerra Fria, neste contexto de globalização estamos perante uma dependência e
competição mais evidente entre as potências atuais, ao nível económico, comercial e
tecnológico, como é o caso da deslocalização das fábricas europeias para Pequim.
Além disso, novas formas de propaganda através das redes sociais, a proliferação de
fake news ou mesmo métodos sofisticados, com a utilização de algoritmos, o que lhes
permite alterar resultados eleitorais, como sucedeu com as eleições nos EUA. A tais
fenómenos Aguirre denomina como a opacidade das novas tecnologias.
O segundo capítulo, Um Só Sistema Mundial, está centrado nos desafios que o confronto
entre os EUA e a República Popular da China enfrentam atualmente, distinto do período
da Guerra Fria entre os EUA e a URSS.
Sendo que a ideologia deu lugar a um sistema económico neoliberal, onde todos os
Estados se inserem, o que impactou os sistemas democráticos, provocando uma maior
desigualdade, segundo Organizações Internacionais, como as Nações Unidas.
O comunismo embora já não seja uma ideologia dominante no espectro político, a
ascensão da extrema – direita veio colocar à tona algo do passado, como o intensificar
do terrorismo, a criminalidade organizada, existindo um bode expiatório nos migrantes,
muçulmanos, asiáticos, latinos, como se quisessem tomar o lugar da “população branca”.
O confronto bipolar da Guerra Fria, transformou – se num confronto entre várias
potências: os EUA, a China, a URSS e a Índia e potências regionais, como a Turquia e os
denominados países do sul que pretendem ter um papel importante no panorama
internacional, alterando a ordem multilateral vigente. O autor acrescenta a relevância do
diálogo entre as partes para diminuir tensões, assim como responder a novos desafios,
por exemplo, a ascensão da Inteligência Artificial.
No terceiro capítulo, Multipolaridade e Poderes Emergentes, o autor distingue a ordem
mundial que nos regia durante a Guerra Fria (bipolaridade) e a que se reflete nos dias
de hoje (multipolaridade), onde diversos atores exercem a sua influência e nem sempre
conseguem superar a capacidade dos demais. Os países chamados de emergentes, o
grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), abrange 46% da população
do planeta, o que corresponde a 24% do produto interno bruto (PIB). Tal como o seu
poder no mundo é cada vez mais evidente, apresentando – se como a “voz do mundo
emergente e em desenvolvimento”, apesar de ainda manter uma posição inferior ao G7,