pelas propostas de Briand. Além disso, ambos os projetos garantiam o equilíbrio entre o
caráter soberano dos Estados-Membros e a participação no âmbito federal.
Os órgãos necessários para o funcionamento da União Federal Europeia, segundo Briand,
eram a Conferência Europeia, o Comité Político Permanente e um Secretariado.
A Conferência Europeia constituía o órgão supremo, composto por representantes de
todos os governos dos países europeus, membros da Sociedade das Nações. Este órgão
reuniria em sessões ordinárias e extraordinárias, sendo presidido, rotativamente, pelos
Estados-Membros. A Conferência era um fórum de debate político, de evidente carácter
generalista, mas ainda sem capacidades de integração da ação política. Como mostrámos
anteriormente, a condição sine qua non da tomada de decisão, na Pequena Entente,
estava relacionada com a necessidade de abordagens consensuais.
O Conselho Permanente da Pequena Entente e o Comité Político Permanente da União
Federal Europeia representavam os órgãos executivos dessas organizações. A
presidência devia ser exercida, em ambos os casos, por rotação. Entre as duas estruturas
havia uma grande diferença no plano de ação. Enquanto o Conselho Permanente da
Pequena Entente estava apetrechado para exercer a sua atividade segundo os princípios
da rotatividade, igualdade e representação, para implementar as políticas estabelecidas
pelos três aliados e funcionava já como órgão executivo, o Comité Político Permanente
da União Federal Europeia assegurava, pelo menos em primeira instância, uma
plataforma deliberativa para a constituição da futura União Federal e o programa de
cooperação, sendo desprovida de capacidade executiva. Os serviços de secretariado das
duas organizações operavam com base em princípios relativamente semelhantes.
A estrutura e o campo de atuação da Pequena Entente resultavam da experiência direta
do aprofundamento gradual da cooperação entre os participantes, e o Pacto Organizador
transpunha, juridicamente, a possibilidade de ampliar essa cooperação na esfera
económica e em outros domínios. As propostas de Briand partiam da premissa oposta,
de subordinar o económico ao político, sendo mantidas num registo mais geral. Assim, a
Conferência Europeia devia debater uma gama muito ampla de questões como: cartéis
industriais, problemas trabalhistas, créditos para as regiões menos desenvolvidas,
cooperação no campo parlamentar, intelectual, social, etc.
Outras iniciativas de organização federal, a nível europeu, como o projeto Pan Europe
(1923) do conde Richard von Coudehove-Kalergi, ou, a nível regional, a Confederação
Danubiana, de Tardieu (1931), não continham previsões institucionais específicas. Por
exemplo, o movimento pan-europeu não se baseava numa estrutura organizativa
centralizada, sendo apoiado, através da revista mensal Paneuropa (1924-1938), em
comités pan-europeus estabelecidos nas capitais europeias e em congressos organizados
em diferentes capitais. O iniciador do movimento, Coudehove-Kalergi, propunha uma
série de ideias, utópicas naquela época, mas que, em parte, viriam a concretizar-se
noutra etapa da construção europeia: um convénio entre os dirigentes europeus para a
unificação dos tratados entre as nações, seguido por arbitragens vinculativos entre os
Estados, a eliminação das fronteiras internas, a criação de uma união aduaneira e de
uma moeda única, intercâmbios intereuropeus de professores, alunos e crianças. Na
ausência de um quadro institucional e decisório integrado e de mudanças que