de promover a paz e a estabilidade global, substituindo países que são responsáveis por
fazê-lo internacionalmente.
Apesar de ser um plano vago, Pequim deixa implícito que toda a negociação tem uma
base, e que esta poderia ser útil para se chegar a um consenso. Contudo, esse plano foi
prontamente rejeitado a partir da Casa Branca. “There are 12 points in the Chinese plan.
If they were serious about the first one, sovereignty, then this war could end tomorrow”
(Blinken, 2023). Surge, a partir de Washington, a ideia não só de que Pequim não tem a
legitimidade para procurar a paz entre duas partes beligerantes, mas também que a
intenção de Xi Jinping é uma atuação conjunta com Vladimir Putin para alterar os
parâmetros da atual ordem mundial.
Apesar de a presente reflexão deixar implícito que os EUA não pretendem abdicar da
dianteira num caminho para a paz, é também justo referir que, na nossa visão mais
realista, “China sees the war in Ukraine as a big problem” (Campbell, 2023). Se podemos
considerar como facto todas as iniciativas de Pequim, em alcançar a paz, é também
pertinente dizer que tal intenção ameaça a liderança de uma ordem liberal, encabeçada
pelos Estados Unidos da América. Esta ideia surge, sobretudo, no seguimento do
restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, e das
possíveis consequências que dessa reaproximação possam advir no golfo pérsico.
E se é pertinente fazer uma abordagem a este marco diplomático da China, o que salta
à vista é uma consequência para países como a Arábia Saudita, Índia e Paquistão: “The
United States doesn’t want its partners doing business with Tehran” (Kugelman, 2022).
Estando praticamente todos os canais de comunicação cortados entre Washington e
Moscovo, a quase aversão de Washington a uma aproximação do seu competidor chinês
configura-se como praticamente automática. Entre argumentos e contra-argumentos
transversais às várias partes envolvidas, desde os Estados Unidos, OTAN, Rússia e China,
“our thinking is necessarily clouded by the suffering that Russian President Vladimir
Putin’s aggression has inflicted on the people of Ukraine” (Westad, 2022: 1).
Sendo o posicionamento de Xi Jinping cada vez mais central na guerra da Ucrânia, tal
como o seu fulgor no cenário internacional, é também cada vez mais evidente um cenário
de competição, dinâmicas e interações não só entre os contendores, mas também entre
aqueles que aparentemente querem fazer a paz.
A guerra é, atualmente, marcada pela crescente competição e cada vez menos por apelos
à redução na escala do risco. Entre apelos do Secretário Geral das Nações Unidas, e
resoluções de um grande número de países, a tensão e alteridade intensifica-se não com
o outro mas com os outros. Wang Yi, frisou na Conferência de Segurança em Munique
que
“human society must not repeat the old path of antagonism, division and
confrontation, and must not fall into the trap of zero-sum game, war and
conflict” (Yi, 2022).