Considerações finais, ainda que parciais
Apresentamos dois pontos que foram abordados a partir da pesquisa realizada junto às
comunidades Tikuna, tendo em mente a preocupação de esclarecer o equilíbrio entre o
desenvolvimento econômico e a preservação da floresta amazônica através de práticas
inerentes a uma “economia de cooperação”. Culturalmente, o ecossistema com sua
biodiversidade é um dos mais ricos do mundo, atravessando a tríplice fronteira
amazônica, entre o Brasil, a Colômbia e o Peru.
As relações económicas caracterizam-se pela presença de uma “economia indígena de
cooperação” muito semelhante ao que Godbout (1992) chamou de economias
comunitárias. A cooperação pode ser entendida como um sistema articulado com a
cosmovisão, a gestão territorial e a reprodução cultural. Um governo sustentável exige
um diálogo para “bem viver”, conforme críticas ao desenvolvimento sustentável
hegemônico (Acosta, 2010) em contraste com agendas globais como os ODS.
Submetido a destacar a complexa interação entre o meio ambiente, a economia e as
comunidades indígenas, além da sua interdependência, é necessário adotar uma
abordagem integrada que considere tanto a tradição das práticas de conservação como
as pressões económicas e sociais que são impostas pela modernização (UNDP, 2020, p.
188).
Os diversos desafios enfrentados no território direcionam-se desde a conservação do
meio ambiente até a sustentabilidade das comunidades indígenas, sem deixar de focar
em soluções baseadas na natureza que possam abarcar os efeitos das condições
climáticas extremas na saúde, entre outros aspectos (UNDP, 2020, p. 188).
Na compreensão da teoria da dependência de recursos, é possível verificar que a
incorporação de fluxos globais exerce pressão sobre a autonomia das comunidades
indígenas. De referir a esse propósito, o incentivo a atividades econômicas
insustentáveis, como o desmatamento, a mineração e exploração de madeira, e a
poluição dos recursos hídricos. Consequentemente, estas ações ameaçam a proteção da
integridade da floresta e a sobrevivência dos Tikunas. A luta contra a preservação da
cultura, tradições e hábitos dos Tikunas é uma busca não só de justiça social, mas
também de uma política de conservação da biodiversidade e de promoção de um
desenvolvimento sustentável efetivo (UNDP, 2020, p. 188).
A falta de eficácia das políticas públicas e a vulnerabilidade na implementação de acordos
internacionais, como a Agenda 2030 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,
são expressas nas comunidades Tikuna devido à falta de políticas públicas em geral e
focadas na conservação ambiental.
Os órgãos dos governos tiveram programas políticos de nome Bolsa Verde, do lado
brasileiro, e Pagamento por Serviços Ambientais, do lado colombiano, mas embora estes
Governos demonstrem um esforço na proteção dos territórios indígenas e o
reconhecimento de seus direitos fundamentais são necessários investimentos que
assegurem a conservação da Amazônia e o desenvolvimento sustentável das
comunidades fronteiriças (UNDP, 2020, p. 189).
Os "incentivos globais também importam" ao serviço dos hábitos sustentáveis de gestão
dos recursos naturais que os Tikunas adotaram e que são a chave do determinante papel