algumas áreas confere a Portugal potencialidades acrescidas nos domínios da
governação, serviços e instituições do Estado” (MOREIRA, 2005, p. 125).
Perante a importância que a língua comum possui em torno da cooperação, a Secretaria-
Geral do Ministério da Administração Interna considerou de vital importância que o
estágio realizado no ISCPSI para Oficiais que desempenham funções de Comando e
Direção dos Países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) se
desenvolvesse no quadro de uma rede de Escolas de Polícia de Língua Portuguesa
(PALMA, A. et al., 2019). Face ao exposto, é possível constatar que a cooperação
portuguesa tem a particularidade de se basear em laços culturais e onde a língua,
considerada património comum, assume um papel fundamental no crescimento e
desenvolvimento dos países, e onde a troca de ideias, de pensamentos e de discursos se
manifestam em português.
Tendo a cooperação técnica a capacidade de contribuir para o apoio ao desenvolvimento
da capacitação institucional, seja através de atividades formativas, da reorganização da
administração pública ou pela implementação de políticas que potenciam o reforço das
instituições democráticas, a CTP é entendida como uma forma de cooperação muito
específica que permite a existência de intercâmbio de boas práticas. Simultaneamente,
trata-se de uma forma de cooperar que promove a troca de informações e ainda se
caracteriza na materialização de protocolos de cooperação e formação, os quais
consubstanciam as principais diretrizes para a PSP (PSP, 2016). Nesse sentido, e
conforme referido por Armando Guedes & Luís Elias, desde 2005 que a CTP se apresenta
“como uma componente inovadora da construção da segurança humana de países
marcados pelas sequelas de conflitos e pela fragilidade, através da capacitação das
respectivas instituições policiais” (GUEDES & ELIAS, 2010, p.142).
Porque analisamos a cooperação existente entre Portugal e os países africanos lusófonos,
importa referir que a CTP entre a República de Moçambique e a República Portuguesa
teve o seu início no final do século XX, sendo assente no “Acordo de Cooperação em
matéria de Segurança Interna”, assinado entre o Ministério do Interior de Moçambique e
o Ministério da Administração Interna de Portugal, em 12 de setembro de 1995, e
publicado no Decreto n.º 57/97, de 8 de outubro. Com a sua assinatura estava dado o
primeiro passo para uma cooperação técnica ao nível da segurança interna. Desde essa
data, foram vários os documentos assinados que tiveram como finalidade reforçar a
aproximação entre os dois países no âmbito da CTP. Decorrente de uma investigação
realizada, Mónica Freitas apurou que a CTP “existente entre Portugal e os PALOP
fundamenta-se exclusivamente nos acordos formais de cooperação que são consolidados
na área da formação” (FREITAS, 2019, p. 75).
Por sua vez, a CTP com Angola teve o seu início em 1997 através da assinatura do Acordo
Especial de Cooperação em Matéria de Segurança Interna, assinado entre o Ministério da
Administração Interna de Portugal e o Ministério do Interior de Angola e aprovado pelo
Decreto n.º 25/97, de 31 de maio. A sua assinatura originou a participação de alunos
angolanos na formação académica policial ministrada em Portugal, no único
estabelecimento de ensino superior policial que existe no nosso país, o ISCPSI, apesar
dessa cooperação académica se ter iniciado mais cedo.
No que concerne a Cabo Verde, destaca-se a CTP Portugal-Cabo Verde 2007-2009, no
qual a capacitação de um conjunto de instituições da administração pública cabo-