, o planeamento estratégico sustenta
o processo de tomada de decisão, permitindo à estrutura de topo enquadrar os seus
objectivos, imediatos ou de longo prazo, de acordo com a sua história, ideologia e
narrativas, recursos disponíveis, competências técnicas e/ou operacionais, segundo uma
cultura de segurança, interna e externa, mantida pela acção permanente da sua
inteligência e contra-inteligência.
Ilardi (2009, p. 246), a este propósito, refere que “funcionando como uma rede social ou
cultural, a Al-Qaeda, tal como a maioria de outros grupos jihadistas, tem um mecanismo
de verificação de segurança integrado que garante que o recrutamento, a promoção e a
atribuição de tarefas se baseiam em demonstrações de devoção religiosa, lealdade e
confiança. Estas medidas são, por sua vez, complementadas por uma série de práticas
de contra-espionagem que enfatizam o engano, a ocultação e a camuflagem”.
De acordo com Mobley (2012, pp. 4-7), todo o grupo ou organização terrorista enfrenta
dilemas de segurança no âmbito da contra-inteligência e contra-espionagem. As
peculiaridades da acção clandestina ou subversiva, e as regras de sigilo que envolvem
este tipo de organizações, podem, por um lado, resultar numa maior eficácia operacional
e táctica, e, por outro, constituir-se como factor de vulnerabilidade ou entropia funcional,
em especial no âmbito do comando, controlo e comunicações. Neste sentido, Mobley
(2012, Idem), estabelece três factores – estrutura organizacional, apoio popular e
território controlado – com influência decisiva nas capacidades vs. vulnerabilidades, das
estratégias de contra-inteligência de uma organização terrorista.
De acordo com Nance (2014, p. 87), um especialista com vasta experiência no
contraterrorismo, “o terrorismo não é aleatório”. Os “ataques em vaga” – ataques
sequenciais ou simultâneos –, ocorrem, geralmente, durante períodos mais longos e
numa área alargada, por forma a suscitar uma aleatoriedade aparente, por um lado, e a
dispersar e desorientar a resposta das forças policiais e de socorro, por outro,
potenciando assim o caos e o medo e amplificando os seus efeitos mediáticos.
No processo de selecção de alvos, um estádio inicial do ciclo de acção terrorista, Nance
(2014, p. 88) destaca a sua importância, afirmando que “é fundamental compreender o
processo de selecção de alvos dos terroristas. Sendo um processo, é observável e
previsível. O processo de selecção depende dos objectivos da liderança terrorista, da
viabilidade do plano operacional, previamente avaliado pelo responsável operacional, da
recolha de informações e das recomendações da célula de inteligência”. O comando
responsável pelas operações no terreno, coadjuvado pela célula de inteligência, identifica
e elege os alvos específicos a executar, desencadeando assim os demais níveis do
processo de planeamento de um ataque – operacional e táctico.
Cabe assim ao responsável pela selecção de alvos decidir sobre o valor – intrínseco e
extrínseco – e a elegibilidade de um alvo específico, cuja execução obtenha elevados