OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
VOL15, N.º 2, TD2
Dossiê Temático Gestão de Marca de Lugar
e Diplomacia Pública
Edição especial para Estados Ibero-Americanos
Fevereiro 2025
48
DE SMART CITIES A TERRITÓRIO INTELIGENTE: A COOPERAÇÃO COMO
ESTRATÉGIA DE PLACE BRANDING
SARA BRITO FILIPE
sarafilipe@ipcb.pt
É doutora em Marketing e Comércio Internacional, mestre em Economia Internacional e
licenciada em Relações Internacionais, ramo Relações Económicas e Políticas. Detém
ainda o Diploma Europeu de Gestão Internacional pela Hogeschool Rotterdam e o
Diploma Profissional de Marketing Digital pelo Digital Marketing Institute. É Professora
Adjunta no Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), onde já desempenhou as
funções de Diretora da Escola Superior de Gestão, Subdiretora, Presidente do Conselho
Técnico-Científico, Vice-presidente do Conselho Pedagógico e Coordenadora de Curso. É
também Professora Auxiliar Convidada na Universidade da Beira Interior e investigadora
no Núcleo de Estudos em Ciências Empresariais (NECE). É autora do livro Marca País: A
visão dos consumidores, bem como de outras publicações científicas e comunicações
nacionais e internacionais. Organizou e participou em diversos eventos científicos. Os
seus interesses de investigação incluem: Marketing; Gestão de marca; Marca país;
Imagem de marca; Consumidores portugueses; Place Marketing; Turismo; Gestão do
destino e Sustentabilidade.
PAULO DUARTE
pduarte@ubi.pt
Obteve o Título de Agregado em Gestão, em 2019, Doutoramento em Gestão, em 2005,
Mestrado em Gestão, em 1999, e Licenciatura em Gestão de Empresas, em 1995, na
Universidade da Beira Interior. É Professor Associado com agregação na Universidade da Beira
Interior e investigador e vice-coordenador no NECE (Núcleo de Estudos em Ciências
Empresariais). Já desempenhou as funções de Diretor da licenciatura e mestrado em Marketing,
coordenador de mobilidade e Presidente do Conselho pedagógico. É também Professor Associado
Convidado na Universidade Católica Portuguesa- Católica Porto Business School, onde leciona
Consumer Behaviour ao mestrado em Marketing. Publicou 77 artigos em revistas especializadas,
possui 17 capítulos de livros. Orientou 15 teses de doutoramento e coorientou 3. Orientou 60
dissertações de mestrado e coorientou 10. Investiga nas áreas de Ciências Sociais com ênfase na
Gestão e Marketing, com especial enfoque no estudo do Comportamento de Consumo. Os seus
interesses de investigação incluem o comportamento do consumidor na intersecção entre a
psicologia e o marketing, nomeadamente o comportamento de compra, consumo sustentável, a
satisfação e neurociência do comportamento em todos os sectores e indústrias, particularmente
no turismo, na moda, nos cuidados de saúde e no ensino superior.
DENISE HENRIQUES
dquintela@fcsh.unl.pt
Investigadora do CIES-IUL/ISCTE-IUL e do ICNOVA- Instituto de Comunicação da Nova (UNL),
especializada em Políticas de Marcas Territoriais para Países, Regiões e Cidades, relacionando
estas políticas com as Marcas Corporativas que visam o Crescimento Sócio-Económico e
Sustentável. Em conjunto com a AICEP, Agência para o Investimento e Comércio Externo de
Portugal, desenvolveu o novo Plano Estratégico da Marca País Portugal. É autora do livro Marca
Portugal: Políticas e Atores, editado pelo ISCTE, com o apoio do IAPMEI-Agência para a
Competitividade e Inovação, bem como de outras publicações científicas e comunicações
internacionais. É doutorada e mestre em Políticas Públicas pelo ISCTE e licenciada em
Comunicação Social e Cultural pela Universidade Católica Portuguesa.
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De Smart Cities a Território Inteligente: A Cooperação como Estratégia de Place Branding
Sara Brito Filipe, Paulo Duaere e Denise Henriques
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Resumo
A crescente massificação das zonas urbanas tem conduzido ao despovoamento das pequenas
cidades e zonas rurais, fragilizadas pela diminuição das infraestruturas e carência de
competências digitais, colocando em causa o desenvolvimento sustentável dos territórios. O
conceito de smart city, associado à capacidade das cidades aumentarem a eficiência, o
desenvolvimento económico, a sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos através
de TICs, tem-se restringido principalmente à escala urbana, carecendo de uma visão
estratégica e territorial mais ampla. O objetivo deste artigo é proporcionar uma reflexão sobre
a aplicação do conceito a uma escala mais abrangente através de modelos e estratégias
diferenciadas. A questão central explorada foca-se em discutir se a cooperação entre
municípios de cidades em áreas rurais ou de interior, desenvolvidas no âmbito de estratégias
de marketing territorial assentes em soluções inteligentes, pode contribuir para revitalizar
globalmente o território onde se inserem, posicionando-o como inteligente aos olhos dos
vários stakeholders.
Palavras-chave
Cidade-Região Inteligente, Cooperação Intermunicipal, Diplomacia Pública, Place branding,
Desenvolvimento Sustentável.
Abstract
The growing massification of urban areas has led to the depopulation of small towns and rural
areas, already weakened by the decline in infrastructure and lack of digital skills, jeopardising
the sustainable development of territories. The concept of the smart city, associated with the
ability of cities to increase efficiency, economic development, sustainability and the quality of
life of citizens through ICTs, has been restricted mainly to the urban scale, lacking a broader
strategic and territorial vision. This article aims to reflect the application of the concept at a
broader scale through differentiated models and strategies. The main research question
explored focuses on discussing whether cooperation between municipalities in rural or inland
towns, developed within the framework of territorial marketing strategies based on intelligent
solutions, can contribute to the overall revitalisation of the territory in which they operate,
positioning it as smart in the eyes of the various stakeholders.
Keywords
Smart City-Region, Intermunicipal Cooperation, Public Diplomacy, Place branding, Sustainable
Development.
Como citar este artigo
Filipe, Sara Brito, Duarte, Paulo & Henriques, Denise (2025). De Smart Cities a Território
Inteligente: A Cooperação como Estratégia de Place Branding. Janus.net, e-journal of international
relations, VOL 15 N.º 2, TD2 Dossiê Temático - Gestão de Marca de Lugar e Diplomacia Pública”.
Fevereiro 2025, pp. 48-72. https://doi.org/10.26619/1647-7251.DT0125.3.
Artigo submetido em 15 de outubro de 2024 e aceite para publicação em 29 de novembro
de 2024
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DE SMART CITIES A TERRITÓRIO INTELIGENTE: A COOPERAÇÃO
COMO ESTRATÉGIA DE PLACE BRANDING
SARA BRITO FILIPE
PAULO DUARTE
DENISE HENRIQUES
1. Introdução
A densificação e massificação de grandes zonas urbanas gera como consequência o
despovoamento de pequenas cidades e zonas rurais, tornando-se um obstáculo ao
desenvolvimento sustentável, uma vez que induz novas pressões sobre o ambiente
natural. Acresce que o abismo entre o despovoamento rural e a concentração urbana
deverá aumentar ainda mais, dado que se prevê que a tendência perdurará ao longo do
século XXI, uma era frequentemente rotulada como o século das cidades. (Fernández &
Peek, 2023).
O conceito de smart city (cidade inteligente) ganhou particular interesse e popularidade
nos últimos anos (Aldegheishem, 2019; Bibri & Krogstie, 2017; Gracias et al., 2023).
Académicos, governantes e agentes económicos têm dedicado grande atenção ao tema,
encontrando na “inteligência” uma via para alcançar os objetivos de desenvolvimento
sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas em 2015, no âmbito da sua agenda
2030 para o desenvolvimento sustentável (Jones et al., 2017; Kasinathan et al., 2022;
United Nations, 2015). A estratégia de smart city enfatiza o papel central das tecnologias
de informação e comunicação (TIC) (tais como Internet das coisas, rede de sensores e
grandes volumes de dados) no desenvolvimento de espaços urbanos, com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e criar cidades mais sustentáveis (Al Nuaimi
et al., 2015; Ullah et al., 2023). Fatores como o crescente aumento da população nas
áreas urbanas, o aumento da poluição do ar, constrangimentos decorrentes do excesso
de turismo (overtourism) e o dilema do aquecimento global têm sido apontados como
argumentos para a implementação de estratégias inteligentes em várias cidades e países
(El Ghorab & Shalaby, 2016). Estas encontram no uso da tecnologia e dos dados uma
via para aumentar a eficiência, o desenvolvimento económico, a sustentabilidade e a
qualidade de vida dos seus cidadãos (Lai et al., 2020).
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Ainda que o modelo de smart city tenha maior probabilidade de se adequar às grandes
cidades, importa discutir a sua aplicabilidade, também, a pequenas e médias cidades,
pelas oportunidades e possibilidades de desenvolvimento que pode apresentar. As
mudanças sociais desencadeadas pela pandemia da COVID-19 enfatizaram a necessidade
de acelerar a digitalização. O crescente risco de contaminação nas grandes cidades
combinado com o desenvolvimento de serviços e trabalho à distância podem ser
catalisadores para novos padrões de migração, particularmente de cidades do litoral para
o interior, abrindo novas oportunidades a estes territórios. Quando o objetivo é o
desenvolvimento sustentável, a digitalização, as alterações climáticas, e a migração são
tópicos que têm de ser considerados, não apenas em áreas metropolitanas, mas também
em zonas rurais do interior (Fernández & Peek, 2023). É crucial que o desenvolvimento
regional assente na dinâmica de territórios criativos e inteligentes, onde diferentes
parceiros intervêm de forma colaborativa, criando condições que contribuem para a
melhoria da qualidade de vida, da economia, da mobilidade, do emprego, da
competitividade regional, entre outros benefícios. É importante que as cidades
inteligentes trabalhem em rede para promover a eficiência política e social, alavancando
o desenvolvimento social, cultural e urbano do território (Carvalho, 2018).
A par disto devem ainda ser considerados os desafios impostos pela aceleração da
globalização e a forte concorrência existente entre países, regiões e cidades, que têm
conduzido à adoção de estratégias para promover o desenvolvimento dos territórios,
através da atração de investimentos, tecnologia, turismo, recursos financeiros e
humanos. A necessidade de atrair turistas, empresas e pessoas qualificadas, assim como
a necessidade de encontrar mercados para exportar os produtos requer que os lugares
adotem ferramentas de gestão estratégica de marketing (Rein et al., 1993), em particular
de marketing territorial, direcionadas para construir e desenvolver a atratividade do
território (Bartkowiak & Krzakiewicz, 2018). As ferramentas de marketing têm a
capacidade de sustentar políticas urbanas que promovam a melhoria da cidade em
benefício de residentes, do ecossistema empresarial e dos visitantes. Estas diversas
perspetivas estão na génese do complexo conjunto de desafios que as cidades têm
enfrentado e que têm estimulado a adoção de políticas de marketing para fortalecer a
sua competitividade (Boisen, 2007; Boisen et al., 2011, 2018)
Verifica-se, assim, que os desequilíbrios populacionais e a intensificação dos impactos
climáticos e a crescente concorrência o desafios para as zonas rurais ou do interior que
precisam combater a escassez e limitações de infraestruturas e a falta de competências
digitais para aumentar a sua atratividade. Através de ações e projetos enquadrados no
conceito de smart city estas devem desenvolver estratégias de marketing territorial e de
desenvolvimento sustentável. Todavia, dada a sua dimensão, muitas cidades terão de
procurar na cooperação com cidades vizinhas uma via para alcançar esses objetivos,
ganhando relevância, neste contexto, a cooperação intermunicipal (Bel & Warner, 2015;
Dušek, 2017; Hulst & Van Montfort, 2007; Teles, 2016). Não obstante a importância e
interesse na relação entre estas temáticas esta é, porém, ainda pouco explorada na
literatura científica. Uma pesquisa simples sobre os tópicos usando a equação de
pesquisa: Smart City” and Territorial Marketing”, gerou apenas 22 resultados na base
de dados Web of Science e 9 na Scopus. Confirma-se, assim, que apesar da amplitude
da aplicação do conceito de smart city, ainda são poucos os estudos que consideram o
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conceito de “inteligente” como uma oportunidade para repensar os modelos de
planeamento da cidade contemporânea numa visão territorial mais ampla e estratégica
que se estenda para das fronteiras políticas e administrativas de uma cidade. Os
projetos e os modelos propostos visam, essencialmente, investimentos pontuais,
desvinculados de uma visão orgânica de inovação e desenvolvimento urbano e regional.
A lógica territorial numa perspetiva agregadora e integradora está completamente
ausente (Greco & Cresta, 2017).
Na Europa, e também em Portugal, a aplicação do conceito tem-se restringido
principalmente à escala urbana, carecendo de uma visão estratégica e territorial mais
ampla, pelo que o objetivo central deste artigo é proporcionar uma reflexão sobre a
aplicação do conceito a uma escala mais abrangente através de modelos e estratégias
diferentes. Em concreto, a discussão centra-se em explorar como a cooperação entre
municípios de cidades em áreas rurais ou de interior desenvolvida no âmbito de
estratégias de marketing territorial assentes em soluções inteligentes pode contribuir
para revitalizar globalmente o território onde estas se inserem, posicionando-o como
inteligente aos olhos dos stakeholders internos e externos ao território.
2. Contextualização teórica
2.1. Do Conceito de Smart City a Smart Territory
É consensual afirmar que não existe uma definição precisa de smart city (Aldegheishem,
2019; Anthopoulos, 2015; Gracias et al., 2023; Kummitha & Crutzen, 2017; Lai et al.,
2020). Apesar do interesse crescente entre vários atores e dos esforços para promover
a sua prática, tem havido inúmeras críticas ao conceito e à forma como este tem sido
adotado e implementado (Hollands, 2008; Kummitha & Crutzen, 2017; Söderström et
al., 2014). Isto não deve ser alheio ao facto do conceito, surgido nos anos 90, ter
atravessado várias fases: Smart City 1.0 technology-driven (impulsionada pela
tecnologia) - liderada pelas empresas de tecnologia a incentivarem a adoção e a
implementação de novas soluções; Smart City 2.0 technology-enabled, city-led
(tecnologia habilitada, liderada pela cidade) liderada pelas autoridades/gestores locais
que utiliza soluções tecnológicas como forma de melhorar a sustentabilidade e a vida dos
cidadãos; e Smart City 3.0 citizen co-creation (cocriação pelos cidadãos) os cidadãos
assumem uma postura ativa e passam a ser os principais indutores e idealizadores dos
projetos de inovação e de melhoria da qualidade de vida da cidade (Cohen, 2015). Nesta
evolução é clara a existência de duas abordagens na definição de cidades inteligentes:
uma primeira mais tecnocrata, baseada na preferência por soluções técnicas, em
particular o uso das TICs e a sua exploração massiva no planeamento urbano, e uma
segunda mais integradora, com a inclusão da importância das necessidades e
expectativas das pessoas e instituições (Caragliu et al., 2011; Hollands, 2008; Nam &
Pardo, 2011).
Desconsiderando as controvérsias relativamente ao conceito propriamente dito, é
comummente aceite que o conceito de smart city está associado ao uso de tecnologias
digitais, TICs e análise de dados, capazes de criar um ambiente de serviço eficaz e
eficiente que melhore a qualidade de vida urbana e promova a sustentabilidade (Gracias
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et al., 2023). Caragliu et al. (2011) argumentam que uma cidade é inteligente quando
investe em capital humano e social, em infraestruturas de comunicação tradicionais
(transportes) e modernas (TICs), fomentando o crescimento económico sustentável e
uma elevada qualidade de vida, com uma gestão cuidadosa dos recursos naturais através
de uma governação participativa. Porém, quando se procura identificar o principal
componente de uma cidade inteligente uma grande divergência entre académicos e
profissionais. O debate académico defende maioritariamente o capital intelectual
(pessoas, cidadãos ou comunidade) enquanto para a visão empírica, expressa
principalmente por grandes empresas, o principal componente são as TICs (Sansaverino
et al., 2014). o obstante as várias abordagens desenvolvidas para definir e avaliar
smart cities, académicos, organizações profissionais e agências governamentais,
apresentando algumas variações, têm concordado com a associação do conceito a 6
dimensões principais: economia, pessoas, governação, mobilidade, ambiente e vida
(Anthopoulos et al., 2016; Lai et al., 2020; Nevado Gil et al., 2020):
Economia: Indústria características relacionadas com a competitividade
económica incluindo empreendedorismo, inovação, flexibilidade, produtividade do
mercado de trabalho e participação no mercado global;
Pessoas: Educação nível de qualificação ou educação dos cidadãos e interações
sociais e perceções da vida pública;
Governança: e-democracia ambiente político, serviços aos cidadãos e funções
de administração;
Mobilidade: logística e infraestruturas acessibilidade local e global com a
presença de TIC e sistemas de transporte relevantes e sustentáveis;
Ambiente: Eficiência e sustentabilidade condições naturais atrativas, incluindo
espaços verdes, clima menos extremo, redução da poluição, gestão de recursos
e proteção ambiental;
Vida: Segurança e qualidade características de qualidade de vida incluindo
saúde, habitação, cultura, turismo e segurança.
Adicionalmente a estas dimensões, têm sido discutidos outros domínios, em particular:
a água (sistemas inteligentes de água que empregam sensores para recolha de dados
em tempo real); a saúde (sistemas inteligentes de saúde permitem aos prestadores de
cuidados de saúde reduzir a ocorrência de doenças, cuidar dos pacientes de forma mais
eficiente e curar doenças de forma mais eficaz), e desperdício (resíduos inteligentes
usados para melhorar os instrumentos de políticas blicas que apoiam a inovação nos
procedimentos de gestão de resíduos) (Lai et al., 2020).
No contexto Europeu, a Comissão Europeia
1
define smart city como: “A place
where traditional networks and services are made more efficient with the use of digital
solutions for the benefit of its inhabitants and business (…). It also means a more
interactive and responsive city administration, safer public spaces and meeting the needs
1
Disponível em https://commission.europa.eu/eu-regional-and-urban-development/topics/cities-and-
urban-development/city-initiatives/smart-cities_en (acedido em 18/10/2023).
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of an ageing population.” Evidenciando que as necessidades das pessoas e o uso eficiente
dos recursos devem assumir um papel central nas smart cities.
Conclui-se assim que transformar uma cidade numa smart city requer um esforço
substancial por parte dos representantes políticos, administradores, habitantes,
empresários, bem como das diversas comunidades (Borsekova et al., 2018). O seu
desenvolvimento representa uma transformação ambiciosa e crucial para cidades em
todo o mundo. Porém, a ausência de uma conceptualização adequada tem levado muitas
cidades a autoproclamarem-se “inteligentes” sem que haja uma validação dessa
proclamação (Caragliu et al., 2011; Hollands, 2008). Compreende-se também que é
possível que o modelo de cidade inteligente tenha maior probabilidade de se adequar
melhor às grandes cidades, mas não é claro pela pesquisa nem pela prática perceber
qual o impacto do tamanho da cidade na mudança. Borsekova et al. (2018)
demonstraram que diferentes cidades, com diferentes dimensões, enfrentam desafios
desiguais. Ainda assim, concluíram que as cidades de média dimensão demonstravam
ter um espírito mais inovador e uma mente mais aberta comparativamente às grandes
cidades. Isto pode indiciar que a classe criativa e inovadora pode preferir viver em
cidades de menor dimensão. Numa era onde a internet das coisas assume um papel
muito relevante, viver numa grande cidade deixa de ser uma condição prévia essencial
para o sucesso. As cidades de média dimensão com infraestruturas adequadas podem
ser competitivas relativamente às grandes cidades em termos de atração de talento
inovador e criativo. Contudo, na falta dessas condições, as cidades de pequena e média
dimensão poderão efetivamente perder importância e atenção em relação a grandes
áreas urbanas, tornando-se inaptas para competir em termos económicos, incapazes de
receber ou pagar os fundos necessários para a missão da cidade inteligente (Fernández
& Peek, 2023).
A própria transformação digital poderá ser um obstáculo adicional à formação de
comunidades mais adaptáveis e energeticamente eficientes em zonas de menor
dimensão. No entanto, embora a inteligência seja uma chave promissora para a
realização dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, é necessário olhar
muito além da utilização das TIC, uma vez que os compromissos com o crescimento
económico, a falta de cobertura de rede em áreas rurais e a falta de uma governação
eficiente são exemplos de elementos que podem dificultar a concretização desses
objetivos (Jones et al., 2017). Nas áreas metropolitanas, devido aos efeitos
multiplicadores, não é totalmente possível identificar qual o indicador que impacta no
seu desenvolvimento, o que se revela mais fácil em cidades de pequena e média
dimensão, nas quais é possível identificar os impulsos concretos de desenvolvimento
devido à sua natureza e dimensão. Em qualquer dos casos, a combinação certa de
soluções tecnológicas e não tecnológicas pode gerar resultados muito interessantes em
termos de utilização mais eficiente de recursos financeiros e materiais e na melhor
satisfação das necessidades da população (Borsekova et al., 2018).
À medida que a discussão sobre o conceito de smart city avança, também o seu âmbito
espacial tende a evoluir, incluindo novas iniciativas regionais e de redes de municípios
(Cambra-Fierro & Pérez, 2022; Greco & Cresta, 2017; Navío-Marco et al., 2020), dando
origem a conceitos emergentes como Smart Territory (Território Inteligente), ou Smart
City-Region (Cidade-Região Inteligente). O conceito de smart territory assenta na
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aplicação de TIC, similares às que têm sido usadas em zonas urbanas, a uma ampla
variedade de contextos geográficos mais abrangentes, como zonas rurais ou áreas
naturais protegidas. Ou seja, um modelo de desenvolvimento regional em que se procura
integrar na vida quotidiana das pessoas os benefícios decorrentes das inovações das
infraestruturas de TIC, consideradas como facilitadoras de regiões inteligentes (De Melo
Cartaxo & Hossain, 2018).
O conceito de Smart Territory surge, não apenas como uma extensão do conceito de
smart city, mas também em oposição a este, por associação a espaços não urbanos.
Dado que a crescente smartizaçãodas cidades pode originar um fosso digital intra e
inter áreas geográficas, especialmente nas zonas rurais, o objetivo global é promover e
maximizar o potencial das áreas descentralizadas, minimizando os constrangimentos de
uma distribuição geográfica desigual da conetividade e das competências digitais. Isto
implica o alargamento do conceito de smart city a um âmbito geográfico mais
abrangente, como o território envolvente, o que por si é também consistente com o
propósito de sustentabilidade e eficiência (Navío-Marco et al., 2020).
Este conceito ganha especial interesse no contexto das políticas de “coesão territorial”
adotadas pela Comissão Europeia, as quais implicam a definição de uma estratégia de
desenvolvimento de longo prazo para combater as ineficiências e as desigualdades que
restringem o desenvolvimento de certos territórios (Nosek, 2017). Todavia, este modelo
será viável se os intervenientes estiverem devidamente equipados com as
competências e o financiamento adequados para gerir os projetos que se venham a
desenvolver e efetivamente contribuir para a sua governação. Colmatar lacunas nas
competências digitais, dentro e entre os territórios é, pois, fundamental para maximizar
os resultados das tecnologias inteligentes e concretizar o potencial para a coesão
territorial. Tal desafio reforça a necessidade de adoção por parte destes territórios de
abordagens centradas no ser humano, adaptadas ao local e concebidas em torno do seu
potencial de coesão territorial (Navío-Marco et al., 2020).
Numa investigação ao contexto italiano e europeu, Greco e Cresta (2017) identificaram
que são poucos os casos em que os princípios das cidades inteligentes foram aplicados a
cidades de média dimensão, sendo que, se se considerarem as pequenas cidades, as
experiências aparecem limitadas a projetos individuais. Contudo, estas pequenas e
médias cidades representam uma parte específica e predominante da estrutura urbana
italiana e europeia. Esta constatação levou os autores a sugerir uma revisão do conceito
e das políticas aplicados às smart cities, estendendo-o para smart city-region. Este novo
conceito deve ser entendido como a generalização da smart city ao nível territorial,
consistindo na criação de clusters comuns, unidos numa perspetiva de desenvolvimento
e inovação a longo prazo, passando do planeamento inteligente da cidade para um
planeamento inteligente do território. Esta abordagem implica desenvolver uma
estratégia de especialização baseada no reconhecimento do potencial do território
identificando áreas específicas que representem a vocação identitária da smart region e
na capitalização de recursos específicos de modo a estabelecer uma vantagem
competitiva à escala global.
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2.2 Identidade Competitiva Inteligente
Esta proposta de território inteligente remete para a abordagem da Identidade
Competitiva de Simon Anholt, segundo o qual “Competitive Identity is (…) the synthesis
of brand management with public diplomacy and with trade, investment, tourism and
export promotion. (…) is a new model for enhanced national competitiveness in a global
world” Anholt (2007:3).
O conceito de Identidade Competitiva está diretamente relacionado com a identidade dos
lugares, as políticas públicas e a competitividade socioeconómica. Anholt (2007) postula
que a criação de uma identidade competitiva requer soluções no sistema político,
económico e social, numa métrica composta por 80% de inovação, 15% de coordenação
e 5% de comunicação ou branding. Neste contexto, a inovação assume o papel central.
Porém, o conceito de inovação presente na identidade competitiva é muito específico e
concreto. Para Anholt (2007), a inovação de um lugar seja uma cidade, uma região ou
um país tem de estar alinhada com a identidade definida para esse lugar que, por sua
vez, tem de se basear nos recursos reais, e diferenciadores, desse território. Ou seja,
para que exista competitividade na economia global, não se pode simplesmente inovar
por inovar, tem de se inovar com inteligência territorial estratégica. Isto exige a
construção de marcas de lugar inteligentes e capazes de criar uma identidade competitiva
em torno de recursos endógenos partilhados, de clusters, ou outros fatores distintivos
que não estejam delimitados por fronteiras burocráticas e administrativas centenárias e
incompatíveis com a velocidade da competitividade e da inovação na economia global
que exige soluções cada vez mais criativas e ágeis.
Esta construção de uma identidade competitiva deve respeitar as fronteiras físicas e
imateriais (memória coletiva e a herança histórica) de cada local, conciliando o aspeto
tradicional com o desenho, implementação e avaliação de uma Política Pública de Marca
de Lugar que permita a concretização dessa inovação territorial inteligente. O conceito
de Política Pública de Marca de Lugar, proposto por Quintela (2020) compreende uma
política transversal, simbólica e instrumental. Define a identidade e as vantagens
competitivas do lugar, país, região ou cidade, promovendo uma imagem consensual e
distintiva face aos concorrentes no mercado global, visando captar mais valias geradoras
de progresso socioeconómico. O aumento de exportações e outras formas de
internacionalização; captação de investimento estrangeiro (capitais, indústria e
serviços); atração de imigração qualificada (talento: profissionais e estudantes);
crescimento do turismo (qualificado e sustentável, incluindo residencial e nómadas
digitais); melhoria da imagem nos média internacionais e nas redes sociais; alargamento
do respeito, e influência, na diplomacia internacional e em organismos supranacionais,
funcionando simultaneamente, no plano interno, como mecanismo de identificação, e
agregação, dos interesses que os diversos stakeholders têm em comum, reforçando
também a auto estima e promovendo a mobilização coletiva.
A elaboração, e monitorização, da política pública de marca de lugar deve integrar o
modelo do Hexágono da Identidade Competitiva (Figura 1), introduzido por Anholt
(2007:25-26), que identifica seis eixos através dos quais a imagem dos países é
projetada por estes e percebida pelos outros. Designadamente:
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1. Turismo É geralmente o principal cartão de visita de um país, “the loudest voice
in “branding” the nation”, destacando-se numa primeira viagem de lazer ou de
negócios;
2. Marcas Podendo ter tanto impacto como o turismo quando são exportadas, as
marcas são associadas ao país de origem e conferem-lhe notoriedade;
3. Políticas Refere-se às políticas governamentais, com impacto interno (e externo)
e que preferencialmente captam a atenção de média internacionais;
4. Investimento Compreende medidas de atração de investimento estrangeiro
(capital, indústria e serviços), profissionais qualificados e estudantes;
5. Cultura Envolve intercâmbios e exportações de atividades culturais, lúdicas e
desportivas;
6. Pessoas Corresponde ao povo do país, desde líderes, empresários, artistas e
desportistas, entre outras personalidades com vulto externo, à população em
geral, designadamente à sua atitude quando emigra e à forma como recebe os
turistas e imigrantes.
Figura 1 - Hexágono da Identidade Competitiva
Fonte: Adaptado de Anholt (2007)
O pressuposto da identidade competitiva é o de que, dada a sua dimensão e
complexidade, o processo de criação deve ser despoletado pelos decisores políticos.
Neste sentido, quanto mais estes conseguirem consensualizar, entre si e com os outros
stakeholders, uma ideia clara e concreta do potencial efetivo do lugar, alinhando-o com
uma visão estratégica de crescimento socioeconómico, digital e sustentável, maiores são
as hipóteses de edificar, interna e externamente, uma identidade competitiva. Isso exige
cooperação entre os agentes envolvidos, e coordenação público-privada de ações e
investimentos, fazendo dialogar os seis pontos do hexágono.
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E, quanto melhor for a reputação do lugar, melhores serão também as possibilidades de
captação de dividendos para cada um dos seis pontos do hexágono. Pois acabam por se
beneficiar uns aos outros, entrando-se no ciclo virtuoso da identidade competitiva, como
evidenciam os índices de comparabilidade internacional que medem o crescimento
socioeconómico, digital e sustentável dos lugares.
2.3. Diplomacia Pública
Pertinente é também o contributo da Diplomacia Pública para a construção da Identidade
Competitiva de um Território Inteligente. Anholt (2007) define diplomacia pública como
o conjunto de ações desenvolvidas pelos decisores políticos (nacionais) para cultivarem
a opinião pública, nos seus países e no estrangeiro, distinguindo-a assim da diplomacia
convencional, vocacionada para relações institucionais.
Com a globalização, acentuada pela emergência dos média digitais e das redes sociais,
a diplomacia blica passou a estar cada vez mais acessível aos atores do poder regional
e local e, também, a organizações do tecido económico e da sociedade civil, cuja
influência ultrapassa as fronteiras territoriais. Este fenómeno promove uma difusão de
centros de interesse e poder, transformando a arena da diplomacia pública. As
organizações da sociedade civil, por exemplo, não sofrem da erosão de imagem de que
padecem, muitas vezes, os decisores políticos e, geralmente, têm mais simpatizantes e
embaixadores espalhados pelo mundo, o que agiliza o trabalho da diplomacia blica.
Neste contexto, para a conceção de uma marca de lugar inteligente, que se afirme no
âmbito das relações internacionais através da diplomacia pública, importa identificar os
interesses comuns entre os atores políticos, os agentes económicos e cidadãos em geral.
Este trabalho permite obter consensos, olear mecanismos e partilhar recursos de poder
(Quintela, 2020).
Assim, num tempo em que a sustentabilidade holística, e não apenas ambiental, e a
Inteligência Artificial constituem incentivos crescentes à afirmação da criatividade e da
capacidade de construir relações à escala planetária, a diplomacia blica é um
instrumento que, se for trabalhado no contexto de uma marca de lugar inteligente,
contribui para afirmar a identidade competitiva no plano internacional e atrair o postulado
nos eixos do hexágono de Anholt (2007), nomeadamente exportações, investimento,
talento e turismo.
A diplomacia pública tem-se revelado especialmente eficaz quando é mobilizada em redes
associativas ou colaborativas, rentabilizando uma cooperação sinérgica, sobretudo entre
entidades públicas, associativas setoriais e da sociedade civil (Anholt, 2007). É neste
enquadramento que se propõe um modelo de Cooperação Intermunicipal.
2.4. A Cooperação Intermunicipal
A questão da cooperação intermunicipal tem ganho interesse e visibilidade nos últimos
anos. Evidências recentes demonstram que as comunidades locais começam a
compreender os benefícios da cooperação, tornando-se mais disponíveis para participar
em esforços de desenvolvimento económico regional (Arku, 2013, 2014; Gordon, 2007,
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2009). Especial atenção tem sido dada à questão da competição versus cooperação, em
particular no que diz respeito ao desenvolvimento económico (Bowman, 1988; Goetz &
Kayser, 1993; Gordon, 2007, 2009; Wells, 1990; Wolfson, 2000). rios autores
confirmam o papel da cooperação dos municípios como um importante fator de
desenvolvimento do território (Bel & Warner, 2015; Dušek, 2017; Hulst & Van Montfort,
2007; Nelles, 2013; Strebel & Bundi, 2022; Teles, 2016), sendo uma área de grande
interesse para as democracias modernas (Denters & Rose, 2005; Strebel & Bundi, 2022;
Teles & Swianiewicz, 2018). Os governos locais devem, assim, naturalmente cooperar
entre si procurando superar os pontos fracos e lidar com as insuficiências, muitas vezes
causadas pela pequena dimensão do município (Rakar et al., 2015).
Ainda que grande parte da literatura sobre concorrência do sector público seja focada no
nível estatal ou entre as grandes cidades, a concorrência mais feroz é muitas vezes entre
cidades vizinhas ou cidades dentro de uma mesma região, em particular pelo
investimento privado (Goetz & Kayser, 1993). Na verdade, as alterações provocadas pela
globalização vieram intensificar a concorrência entre cidades (Morin & Hanley, 2004),
que viram o seu papel tornar-se mais importante à medida que o investimento resulta
de uma forma de negociação entre capital global e poderes locais (Peck & Tickell, 2002).
Contudo, alguns estudos têm evidenciado os benefícios associados à cooperação, como
a capacidade de gerar inovação na economia urbana, permitir assegurar o controlo local
e melhorar a eficiência local e estatal (Arku, 2014). Estes defendem que a concorrência
entre governos locais gera ineficiências e desigualdades (Goetz & Kayser, 1993) e distrai
os decisores políticos da promoção da economia regional (Wolfson, 2000). Estes
argumentos sustentam a ideia de que a economia global atual requer que as
comunidades trabalhem em grupo. Assim, em vez de concorrência, os governos locais
têm sido incentivados a cooperar em políticas e projetos de desenvolvimento económico
(Arku, 2014; Gordon, 2009; Wolfson, 2000).
Na senda de identificar as razões que justificam a cooperação intermunicipal, Teles e
Kettunen (2016) identificam quatro abordagens:
1. o modelo de economia política, em que a cooperação é apenas um instrumento
para alcançar economias de escala;
2. a abordagem da teoria das redes, que interpreta a cooperação como uma forma
de melhorar as atividades de governança com benefícios para vários atores;
3. o argumento da escolha pública, que encara a concorrência entre municípios
perigosa devido às barreiras institucionais que áreas altamente policêntricas
podem gerar;
4. a abordagem de ação coletiva que considera a cooperação como um instrumento
utilizado pelos governantes eleitos para alcançar benefícios políticos.
Independentemente da abordagem considerada, bem como das barreiras que se
reconhecem (divergências políticas, rivalidade, compatibilidade e adequação de soluções,
problemas de financiamento), a cooperação proporciona aos governos locais mecanismos
de acesso à economia externa, melhorando a dimensão de internacionalização,
permitindo-lhes aumentar a capacidade de decisão, captar recursos, alcançar economias
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de escala, melhorar as forças de mercado, assegurar eficácia em termos de custos,
ganhar maior influência política (Arku, 2014) e aumentar o alcance da diplomacia blica
(Anholt, 2007). Tendo em conta estas vantagens, os benefícios da cooperação estendem-
se para além da economia individual de uma comunidade, disseminando-se para
múltiplas comunidades, em particular para os municípios vizinhos (Goetz & Kayser,
1993), havendo estudos que o demonstram envolvendo cidades-região (Kim, 2020) e
comunidades intermunicipais (Silva et al., 2018).
Entende-se, pois, que a cooperação pode ser particularmente crítica para comunidades
mais pequenas, que carecem de recursos ou não são suficientemente atrativas para
operar eficazmente na arena da economia global emergente (Arku, 2014). Ou seja, a
cooperação entre comunidades constitui um mecanismo importante para melhorar o
bem-estar económico e social. No entanto, e apesar de a literatura apontar para a
disponibilidade dos decisores políticos em colaborarem em políticas de desenvolvimento
territorial (Arku & Oosterbaan, 2015; Gordon, 2007, 2009; Nelles, 2013), sabe-se
relativamente pouco sobre a forma como estas parcerias geram benefícios no âmbito do
marketing territorial e social. Considerando que a governança é uma das dimensões
associadas ao conceito de smart city, é natural que seja um fator chave quando se analisa
o sucesso da implementação de estratégias inteligentes (Meijer & Bolívar, 2016),
especialmente quando a transformação digital está a alterar os modelos de governação
de um modo disruptivo, potenciando novas formas de atuação. Indo além dos projetos
individuais de smart city, muitas cidades participam em redes de cidades inteligentes
onde as melhores práticas são partilhadas e promovidas (Palomo-Navarro & Navío-
Marco, 2018), disseminando boas práticas de governação. Neste contexto, importa
perceber se e como a cooperação intermunicipal entre cidades com projetos individuais
de smart city pode gerar benefícios para o próprio território onde se inserem. A
governação territorial integradora assume-se, pois, cada vez mais como uma ferramenta
de inteligência territorial em favor do desenvolvimento partilhado e harmonioso do
território (Alaoui, 2023).
Uma evidência desta abordagem é analisada num estudo desenvolvido na Alemanha
visando um caso de cooperação intermunicipal entre cinco municípios de pequena e
média dimensão, relacionando os processos individuais de smart city com a cooperação
e interação estabelecida (Treude et al., 2022). As cinco cidades estabeleceram um
consórcio com o objetivo de se posicionarem como a região mais inteligente da
Alemanha. Os resultados evidenciaram como fatores críticos de sucesso da cooperação
(Treude et al., 2022):
as estruturas de financiamento e capacidade de aquisição dos municípios
a cooperação na fase estratégica para ativar a cidadania e a administração
a comunicação da estratégia e dos seus benefícios para aumentar a informação
juntos dos cidadãos e da administração
a coerência política, a fim de evitar discrepâncias nas estratégias existentes e
criar responsabilidades
a criação de uma estrutura para gerir projetos de smart city e difusão de smart
city
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os processos de aprendizagem intercomunitária e difusão das aprendizagens
o intercâmbio regular dentro e entre as cidades para evitar duplicações, fomentar
aprendizagens tuas e o benefício de economias de escala em projetos
conjuntos reconhecendo o valor do conhecimento, partilhando-o com sucesso
Pode, pois, concluir-se que a cooperação entre municípios ou cidades é possível e
desejável e que esta apresenta benefícios potenciais em diversas vertentes, sendo
necessário dar especial atenção aos fatores críticos determinantes para o sucesso,
nomeadamente relativamente à estrutura de coordenação, partilha de experiências e
comunicação para o interior e exterior da região.
2.5. Marketing Territorial/Place Branding
A crescente discussão em torno da utilização do marketing nas estratégias de
desenvolvimento territorial conduziu ao aparecimento de novos conceitos como
"marketing territorial" (territorial marketing), "marca do território" (place branding) e
"imagem de território" (place image) (Askerova et al., 2019). No entanto, não se trata
de um fenómeno recente, pois há muito que os territórios sentiram a necessidade de se
destacarem dos restantes, salientando as suas características distintivas e
diferenciadoras, com o objetivo de alcançarem objetivos económicos, sociais e políticos
e satisfazerem as necessidades dos seus stakeholders (Ashworth & Voogd, 1990; Kotler
et al., 1993, 2002). Ao que se assiste é à tentativa consciente dos governos em moldar
a identidade do território, especificamente projetada, e promovê-la para os diferentes
mercados, tanto internos como externos (Kavaratzis & Ashworth, 2008), adaptando os
principais aspetos do marketing clássico às necessidades do território (Tovma et al.,
2020). Este é o foco primário do marketing territorial.
Hassib e Ibtissem (2018) defendem que o futuro dos lugares depende da capacidade da
ação pública em implementar estratégias adaptadas às mudanças sociais, fortemente
influenciadas pela necessidade de atratividade do território, o que, por vezes, conduz a
um novo posicionamento. A atratividade de um território traduz-se na capacidade para
aliciar e reter atividades económicas e fatores de produção móveis (empresas, eventos
profissionais, empresários, capital), ou seja, bens transacionáveis, durante um longo
período, pelo que a implementação de abordagens de place branding tornou-se uma
tendência necessária para o desenvolvimento dessa atratividade (Hassib & Ibtissem,
2018). Para o efeito é indispensável que os territórios consagrem a atenção devida a
desenvolvimento de um posicionamento adequado e relevante.
Referências ao posicionamento aplicado em contexto de marketing dos lugares podem
ser encontradas nos estudos de Sperling (1991) e Gartner (1989) (as cited in Hlynskyy
& Hirna, 2022), muito centradas no turista. Nesses estudos, o posicionamento do
território é definido como o process of establishing a distinctive place of that destination
in the minds of potential visitors (Gartner, 1989, as cited in Hlynskyy & Hirna, 2022).
É uma realidade que a maioria dos autores considera como grandes públicos-alvo do
marketing territorial os turistas ou visitantes, os investidores ou empresários locais e os
residentes atuais e potenciais (Amajid et al., 2016; Hassib & Ibtissem, 2018; Kotler et
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al., 2002), o que torna complexo o processo de posicionamento do território (Saqib,
2019). Assim, um dos pontos de partida para a determinação do posicionamento do
território deverá ser a identificação do valor/vantagem competitiva do território que
possa ser transversal aos diversos públicos-alvo identificados (Hlynskyy & Hirna, 2022).
Saqib (2021) concluiu sobre a inexistência de uma definição coerente e consensual sobre
posicionamento e sugere uma definição mais abrangente. Esta engloba cinco perspetivas
de posicionamento retiradas de uma exaustiva revisão de literatura: concorrência,
espaço/janela vazia na mente dos potenciais consumidores, perceção dos consumidores,
diferenciação e vantagem competitiva. Neste contexto, define posicionamento como: “…a
strategy of finding the desired consumer perception of product/brand and filling an empty
slot/window in the minds of the target customers by creating and communicating an
image which differentiates its unique position from competitor to gain a competitive
advantage in the market” (Saqib, 2021, p. 150).
Combinando as contribuições de Renigier-Biłozor and Biłozor (2015) and Tovma et al.
(2020), sintetizamos na Figura 2 os principais objetivos do marketing territorial, de modo
a proporcionar um esboço das relações entre os objetivos sobre o qual é possível alicerçar
a investigação sobre o tema.
Figura 2: Objetivos do Marketing Territorial
Fonte: Elaboração própria
A aplicação do conceito de marketing ao território, em particular em territórios ricos em
recursos naturais, pode conduzir ao desenvolvimento de estratégias de desenvolvimento
sustentável, fundamentais atualmente, (Belyaev & Pyatkova, 2023), através do princípio
da singularidade. Trata-se assim de procurar características únicas da região para criar
produtos novos, ou desenvolver produtos existentes com atributos ligados à herança
cultural e ao saber local, imbuindo-os de propriedades únicas (Belyaev et al., 2015).
Objetivos do Marketing Territorial
Criação de uma
imagem positiva do
território
Preservação e
desenvolvimento da
herança cultural
Criação e manutenção
de uma identidade
territorial
Criação de condições
de vida e de negócios
favoráveis
Aumento da qualidade
dos serviços prestados
pelas entidades
públicas
Aumento da
competitividade e
atratividade do
território
Fixação e
desenvolvimento dos
recursos humanos do
território
Atração de recursos
financeiros
Atração de
investimento
estrangeiro
Atração de turistas,
parceiros de negócio e
investidores para o
território
Estímulo da procura de
produtos territoriais nos
mercados interno e
externo
Identificação,
comunicação e
promoção das
vantagens dos produtos
territoriais
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Deste modo, importa perceber se estes objetivos podem ser alcançados através de
políticas de cooperação entre municípios, capazes de conduzir à definição de um
posicionamento global comum, ancorado numa estratégia de marketing cooperativo
intermunicipal e em atributos únicos e complementares, com vista a promover o
desenvolvimento económico e social do território. A implementação com sucesso de
ações desta natureza tem a capacidade de promover a construção de uma sociedade
moderna, equilibrada e sustentável, capaz de gerar emprego e riqueza, respeitando, em
simultâneo, a natureza e os direitos humanos, tal como o preconizado pelas Nações
Unidas através da Agenda 2030 e dos 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), em particular no que respeita ao ODS 11 Tornar as cidades e
comunidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.
3. Evidências do Contexto Português
A evolução e a implementação do conceito de smart city não tem sido sentida de forma
igual em todos os países, nem mesmo entre as cidades do mesmo país. No que diz
respeito ao contexto português, a primeira rede de smart cities em Portugal foi criada
em 2009 Rede Portuguesa de Cidades Inteligentes (RPCI). Designada também por
RENER-Living Lab, foi constituída por 25 municípios como protótipo de rede piloto para
a mobilidade elétrica. No âmbito do Programa Nacional de Mobilidade Elétrica Mobi.E,
lançado pelo Governo português, as cidades atuaram como locais de teste dos postos de
carregamento e de sistemas de mobilidade inteligente. A RPCI é gerida pela INTELI, uma
associação privada sem fins lucrativos que atualmente é constituída por cerca de 120
municípios e outros parceiros, incluindo cidades europeias e agências de
desenvolvimento. No papel de coordenadora, a RPCI atribui um selo que reconhece e
distingue projetos associados ao conceito smart city, promovendo a inovação,
criatividade, sustentabilidade, inclusão, participação e qualidade de vida, num contexto
de “reinvenção das cidades”.
Apesar deste projeto piloto, o interesse pelo tópico das smart cities foi consolidado
em 2012, antecipando a oportunidade de financiamento através da agenda europeia. Em
2013 surgiu o Cluster Smart Cities Portugal para promover soluções urbanas integradas
e inovadoras e a cooperação entre empresas, associações, universidades, municípios,
organismos públicos e sociedade civil, tendo o processo culminado em 2015, quando o
Governo aprovou a Estratégia Cidades Sustentáveis 2020.
O levantamento do estado da arte das smart cities em Portugal indica que os trabalhos
desenvolvidos têm procurado mapear as cidades inteligentes, apresentando
metodologias variadas e estabelecendo rankings e/ou índices (Alves et al., 2019; Correia
et al., 2021; Lopes et al., 2017). São identificados os Índices de Cidades Inteligentes,
desenvolvidos pela INTELI em três edições 2012, 2016 e 2020, e o Portuguese Smart
Cities Index 2015, desenvolvido pela empresa IDC Portugal, em colaboração com a NOVA
IMS. Contudo esta não é tarefa fácil, pois, de acordo com Lopes et al. (2017), os
municípios portugueses não apresentam linhas características uniformes e comuns,
refletindo as vicissitudes e os constrangimentos próprios do ambiente físico e humano
em que estão inseridos. Face aos projetos desenvolvidos, os campos de intervenção dos
vários municípios podem ser divididos em quatro áreas principais: governança; energia,
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ambiente e construções; mobilidade; e sociedade e qualidade de vida. Correia et al.
(2021), verificaram que as iniciativas de smart cities em Portugal o maioritariamente
nas áreas da mobilidade, na vertente social e do ambiente. No entanto, não se identifica
a implementação de soluções tecnologicamente disruptivas, mas antes iniciativas
isoladas, em larga medida projetos piloto, aparentemente sem uma visão holística. Não
é evidente uma motivação tecnológica clara nem uma associação com os aspetos da
sustentabilidade e da eficiência.
As iniciativas articuladas têm por objetivo promover a regeneração e o desenvolvimento
urbano permitindo alcançar as expectativas culturais dos cidadãos, melhorando
simultaneamente a qualidade de vida. Ao mesmo tempo, parece haver um esforço
crescente para promover a participação cívica. Simultaneamente, são igualmente
notórias as diferenças nos estádios de desenvolvimento das cidades. Devido ao desafio
do acesso a financiamento, as cidades mais pequenas têm conseguido estabelecer
projetos verticais e isolados para responder a desafios prementes (Smart City 1.0). Já
no caso das cidades de maior dimensão, estas dividem-se entre as que têm projetos
integrados (Smart City 2.0) e as que acompanharam a evolução do conceito e estão
focadas em promover a participação dos cidadãos (Smart City 3.0).
Quando se observa a realidade portuguesa de uma perspetiva geográfica, constata-se
que os municípios localizados no litoral do país assumem primazia jurídica e hierárquica,
nomeadamente devido à sua natureza populacional e financeira. Não obstante, as
pequenas e médias cidades demonstram também um enorme potencial nesta área, com
autores a defender que viver numa cidade do interior é mesmo um conceito inteligente
(Lopes et al., 2017).
No que diz respeito às soluções implementadas, as cidades mais pequenas privilegiam a
implementação de soluções em setores verticais específicos para aumentar a eficiência,
como por exemplo, na iluminação pública ou na implementação e controlo de condutas
de água. nos grandes aglomerados urbanos, nota-se uma preocupação com uma visão
holística e integrada da cidade. No geral, as cidades estão empenhadas na transformação
digital e na tomada de decisão baseada em dados recolhidos através de plataformas de
gestão integrada, numa lógica de recolha e processamento de informação em tempo real
que permita apoiar as deliberações dos decisores políticos, e antecipar os problemas.
Também se verifica a implementação de aplicações baseadas em gamificação que
permitem premiar cidadãos por comportamentos amigos do ambiente, bem como para
incentivar a sua participação ativa de modo a receber as sugestões e preocupações
destes (Correia et al., 2021).
Apesar de todos os obstáculos inerentes à localização de algumas cidades em zonas de
baixa densidade populacional, a forma resiliente como os municípios estão a ultrapassar
todas as contingências é, segundo Lopes et al. (2017), verdadeiramente notável. Embora
o número de iniciativas existentes em Portugal e o financiamento sejam escassos, é
possível notar o empenho dos municípios portugueses na promoção da participação, da
colaboração, da transparência e, sobretudo, da luta contra as alterações climáticas. No
entanto, estas iniciativas não se revelam ainda alinhadas e integradoras, tornando difícil
a definição de uma estratégia de smart city. Este facto pode ter levado as cidades a
adaptar as suas estratégias para satisfazer o âmbito e os requisitos de cada oportunidade
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de financiamento, perdendo assim de vista a lógica global e de longo prazo na origem
das suas estratégias.
É de ressaltar que persistem ainda muitos desafios para os decisores políticos
portugueses, nomeadamente: a falta de conhecimentos e de competências dentro das
organizações; a burocracia no processo de contratação pública; a falta de informação na
esfera pública e de capacidade de integração da informação; a escassez de recursos
financeiros e o custo de aquisição e manutenção de soluções (Correia et al., 2021).
Segundo Alves et al. (2019) os municípios portugueses têm tido a vantagem de aceder
a fundos europeus, no entanto esses recursos não estão diretamente relacionados com
projetos de smart cities. Acresce a isto o facto de o acesso aos fundos comunitários
requerer competências técnicas que podem não existir em alguns municípios. Deste
modo, concluímos que, no futuro será necessário que o tema ganhe centralidade e passe
a incluir os meios necessários para o desenvolvimento das smart cities de forma
integrada e explícita.
4. Conclusão
Da reflexão efetuada resulta claro que são vários os desafios que se colocam às cidades
rurais e/ou do interior. O despovoamento acentuado, a intensificação dos impactos
climáticos, a crescente concorrência, a carência de recursos e de infraestruturas e a falta
de competências digitais são alguns dos constrangimentos que condicionam o
desenvolvimento sustentável destes territórios. A preocupação em melhorar a qualidade
de vida dos cidadãos e em criar cidades mais sustentáveis alavancou o conceito de smart
city, com académicos, governantes e agentes económicos a encontrarem na
“inteligência” uma via para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável das
Nações Unidas. As smart cities assumem-me como cidades que criam condições de
governança, infraestruturas e tecnologia para produzir inovação social capaz de resolver
problemas de crescimento, inclusão, sustentabilidade ambiental e qualidade de vida,
através da auscultação, do envolvimento e da cooperação sinérgica, inclusivamente
através de ações de diplomacia pública, dos vários stakeholders: cidadãos, governos,
instituições de ensino superior, empresas e associações.
Ressalta ainda que embora o modelo de smart city esteja normalmente associado a
grandes cidades, não é claro nem pelas investigações existentes, nem pelos projetos
conhecidos qual a dimensão nima para uma cidade desenvolver uma estratégia
“inteligente”. Por esta razão importa discutir a sua aplicabilidade, também, a pequenas
e médias cidades, pelas oportunidades e possibilidades de desenvolvimento que
representa. Também o desenvolvimento de novas iniciativas regionais e redes de
municípios, induzem ao aparecimento de conceitos emergentes como Smart Territory ou
Smart City-Regions. Estes estão alinhados com o preconizado nas políticas de coesão
territorial e na importância de definir estratégias de desenvolvimento a longo prazo
capazes de combater ineficiências e desigualdades que restringem a evolução de
territórios rurais e/ou de interior. Um desafio que reforça a necessidade de adoção, por
parte destes territórios, de abordagens centradas no ser humano, adaptadas ao local e
concebidas em torno do seu potencial de coesão territorial e, por que o, alinhadas com
o conceito de smart city.
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Da contextualização teórica apresentada resulta claro que a cooperação entre municípios
é um importante fator de desenvolvimento do território, devendo estes cooperar entre si
para combater os constrangimentos e lidar com as insuficiências, muitas vezes causadas
pela ausência de escala do território. Entre as vantagens identificadas destaca-se a
possibilidade de alcançar economias de escala, melhorar as forças de mercado, poupar
recursos, melhorar os mecanismos de acesso à economia externa, aumentar a
capacidade de decisão e ganhar influência política junto da opinião pública.
Ora, num contexto em que a “inteligência” ganha grande relevância, uma governação
territorial integradora pode tornar-se uma ferramenta de inteligência territorial para o
desenvolvimento partilhado e harmonioso. A sustentabilidade dos territórios encontra-
se, hoje, muito dependente da sua capacidade de atração, o que justifica a aplicação dos
princípios de marketing clássico às necessidades do território, ou seja, implementação
de abordagens de marketing territorial/place branding. Dentro destas a questão do
posicionamento assume particular importância pela capacidade de transmitir as
características distintivas e diferenciadoras que possam traduzir-se em valor/vantagem
competitiva do território. O desenvolvimento de um posicionamento que extravase a
dimensão municipal, para adotar uma dimensão regional mostra-se assim importante
para potenciar uma consciência das vantagens de um território como um todo.
A análise efetuada ao contexto português evidencia que o interesse pelo tópico das smart
cities é recente, com especial relevo na última década, e com estádios de
desenvolvimento diferenciados. Os municípios localizados no litoral assumem primazia,
alinhado com as dinâmicas territoriais do país, nomeadamente a maior concentração da
população no litoral, em especial nas áreas metropolitanas, por oposição ao interior do
território. As cidades de menor dimensão m conseguido estabelecer projetos
verticais e isolados enquanto cidades maiores têm apostado em projetos integrados e
estão focadas em promover a participação dos cidadãos. Concluímos, assim, que este é
um tema que assume grande pertinência num país como Portugal, com elevada
necessidade e consciência de coesão territorial (evidente pela criação, em 2019, do
Ministério da Coesão Territorial), focada na redução das desigualdades territoriais e no
desenvolvimento equilibrado do território.
Pelo exposto conclui-se que é necessário que o tema ganhe centralidade e passe a incluir
os meios necessários para o desenvolvimento de smart cities de forma integrada e
explícita. Sugere-se, como linhas futuras de investigação perceber se e como a
cooperação intermunicipal entre cidades com projetos individuais de smart city pode
gerar benefícios para o território onde se inserem, bem como identificar os fatores críticos
determinantes para o sucesso. Em particular deve colocar-se o foco na estrutura de
coordenação, na partilha de experiências e na comunicação para o interior e exterior da
região. Importa, igualmente investir em investigação que procure perceber se os
objetivos de marketing territorial podem ser alcançados através de políticas de
cooperação entre municípios, capazes de conduzir à definição de um posicionamento
global comum, ancorado numa estratégia de marketing cooperativo intermunicipal e em
atributos únicos e complementares com vista ao desenvolvimento sustentável do
território.
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Agradecimentos
NECE and this work is supported by FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P.
by project reference UIDB/04630/2020 and DOI: 10.54499/UIDP/04630/2020.
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