De igual forma, o Ministério da Defesa Nacional (MDN), antecipando as tendências
internacionais de transformação dos métodos de combate, reconhece a necessidade de
apostar em projetos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID&I), com
“prioridade muito clara aos sistemas autónomos não tripulados, à robótica e à IA”
(Despacho n.º 4101/2018, de 23 de abril: 11678);
Finalmente, a Visão Estratégica 2022-2034 do Chefe do Estado-Maior-General das Forças
Armadas (CEMGFA, 2022: 14-16) reconhece o potencial revolucionário dos sistemas não
tripulados e da IA, como capazes de alterar o paradigma da Guerra, mas com riscos de
segurança acrescidos, referindo a necessidade de atenção redobrada, nos processos de
planeamento estratégico e operacional, para a análise das implicações deste fenómeno
por forma a prever, mitigar e gerir os riscos associados.
Em termos de análises inseridas no contexto militar e com aplicabilidade ao PA nacional,
o enfoque tem sido na definição de uma Estratégia Nacional (Morgado, 2016; Vicente,
2013) ou em propostas de edificação da capacidade de sistemas de aeronaves
remotamente pilotadas nas FFAA (Gonçalves, 2017; Páscoa, 2020; Pinto, 2021).
Rodriguez (2021) restringiu a análise à compreensão do impacto do uso de sistemas
autónomos por forças militares à luz do DIH e Marques (2022) analisou a problemática
dos sistemas robóticos, mas delimitada ao Exército Português.
Neste enquadramento, e considerando que a investigação acerca dos níveis crescentes
de autonomia nos sistemas aéreos a nível nacional é ainda reduzida, importa prospetivar
opções que maximizem a utilidade do PA nacional através da aplicabilidade do paradigma
de GAA, contribuindo para informar a definição da estratégia aérea nacional futura, de
forma que esta transformação possa ocorrer de forma antecipada e deliberada, ou, por
outras palavras, de forma planeada.
Assim, o objeto de estudo desta investigação está delimitado aos espaços estratégicos
de interesse nacional de emprego do PA pela FAP. Tratando-se de uma investigação
centrada no PA, define-se a FAP como prisma institucional, sem desvalorizar o modelo
de operações conjuntas, nem o imperativo de uma abordagem multidomínio das
operações militares. De igual forma, circunscreve-se à análise da aplicabilidade do
paradigma da GAA, em termos do impacto do desenvolvimento e emprego dos SAFA,
para a transformação do PA nacional, nas vertentes operacionais, estruturais e genéticas.
Desta forma, considerando as estratégias de transformação em curso em organizações
militares de referência, esta investigação tem como objetivo propor um modelo de
transformação do PA nacional que permita a exploração das oportunidades do paradigma
emergente de GAA.
Em termos de organização, este estudo é desenvolvido em cinco capítulos. Após a
introdução é efetuado um enquadramento teórico e metodológico. Em seguida é
analisada a aplicabilidade deste paradigma à realidade nacional, antes de se propor o
modelo para a transformação do PA nacional. No último capítulo serão sintetizadas as
conclusões da investigação.