OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 15, N.º 2
Novembro 2024-Abril 2025
309
O QUE PORTUGAL PRETENDE NO SAHEL: SEGURANÇA OU
NOTORIEDADE?
TIAGO BOTELHO DOS SANTOS
tdanielbs98@gmail.com
Investigador do CEI-ISCTE (Portugal) e Bolseiro de Investigação do CCCM. Atualmente
frequenta o Doutoramento em Estudos Internacionais no ISCTE-IUL e é Bolseiro de Investigação
pelo Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), numa bolsa em conjunto com a FCT. É
licenciado em Estudos Asiáticos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa desde 2020,
e mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pela Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa em 2022. A sua principal área de estudo são as
interações chinesas com a Ásia do Sul, com enfoque nas relações entre a China e o Paquistão
como base de suporte de expansão da BRI, e o estudo da China no contexto internacional.
Outras áreas de interesse envolvem o estudo de complexos securitários e relações de
interdependência securitária entre atores e agentes internacionais, tendo já desenvolvido obra no
assunto.
Resumo
O terrorismo transnacional no Sahel tem levado, desde 2012, a um aumento nas migrações
de refugiados para o Norte de África e Europa e com isto o perigo da radicalização dentro
destes dois espaços tem aumentado de forma acentuada. Para a UE, isto representa um
grande perigo à estabilidade regional que deve ser suprimido rapidamente e, para tal, a
comunidade europeia tem procurado intervir na região de modo a combater o extremismo e
a violência. Portugal, que não tem sido diretamente afetado por esta crise, tem sido
bastante participativo nas iniciativas regionais e procurado garantir junto da OTAN e da ONU,
a elaboração e manutenção de um plano de resolução do conflito no Sahel de forma a garantir
uma pacificação da região. Porém, sem um plano estratégico definido para a região e sem
qualquer consequência direta desta mesma instabilidade em território nacional, surge a
dúvida sobre quais as motivações portuguesas. Neste sentido, a presente investigação incide
sobre a análise das razões para a intervenção portuguesa no Sahel, procurando perceber as
preocupações de Portugal na região para a segurança nacional, regional e inter-regional, e
para o seu posicionamento internacional de forma a melhor percecionar as motivações por
detrás dos atos.
Palavras-chave
Sahel, Segurança, Notoriedade, Portugal, Relações África-UE.
Abstract
Since 2012, transnational terrorism in the Sahel has led to an increase in refugee migration
to North Africa and Europe, and the danger of radicalisation within these two areas has
increased sharply. For the EU, this represents a great danger to regional stability that must
be quickly suppressed, and, to this end, the European community has sought to intervene in
the region in order to combat extremism and violence. Portugal, which has not been directly
affected by this crisis, has been highly engaged in regional initiatives and has sought to ensure
that NATO and the UN develop and maintain a plan for resolving the conflict in the Sahel in
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O que Portugal pretende no Sahel: Segurança ou Notoriedade?
Tiago Botelho dos Santos
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order to ensure peace in the region. However, without a defined strategic plan for the region
and without any direct consequence of this same instability on national territory, the question
arises as to what the Portuguese motivations are. In this sense, this research focuses on
analysing the reasons for the Portuguese intervention in the Sahel, seeking to understand
Portugal's concerns in the region for national, regional, and interregional security, and for its
international positioning in order to better understand the motivations behind the acts.
Keywords
Sahel, Security, Notoriety, Portugal, Africa-EU relation.
Como citar este artigo
Santos, Tiago Botelho dos (2024). O que Portugal pretende no Sahel: Segurança ou Notoriedade?.
Janus.net, e-journal of international relations. VOL 15 N 2, Novembro 2024-Abril 2025, pp. 309-
330. https://doi.org/10.26619/1647-7251.15.2.14.
Artigo recebido em 3 de Dezembro de 2023 e aceite para publicação em 5 de Setembro
2024.
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O QUE PORTUGAL PRETENDE NO SAHEL: SEGURANÇA OU
NOTORIEDADE?
TIAGO BOTELHO DOS SANTOS
Introdução
Primeiramente, antes de iniciar a discussão sobre a temática proposta, vale aqui salientar
que o debate sobre a questão de Portugal no Sahel, na academia portuguesa e
internacional, é bastante reduzido e, deste modo, acaba por dificultar um maior debate
de ideias. Neste sentido, metodologicamente este artigo seguirá um raciocínio dedutivo,
baseado em informação maioritariamente qualitativa e principalmente adquirida nos
meios de comunicação tradicionais e em documentação primária proveniente dos órgãos
de governo portugueses, instituições internacionais e outras fontes de relevo, de forma
a contribuir para a discussão académica na questão da intervenção portuguesa no Sahel
e de que forma esta impacta a política externa portuguesa.
Em termos de estrutura, na introdução sedada uma pequena noção geral de conceitos
teóricos necessários à perceção do que significa a segurança e defesa num mundo
globalizado e ainda será apresentada a região do Sahel para um melhor entendimento
da base do problema, abrindo a discussão para o caso português. Na segunda parte serão
abordadas as bases da questão do Sahel e significância para a Europa, procurando
entender de que forma a região entra na estratégia de segurança europeia. Na terceira
parte, serão abordadas as linhas guia da estratégia portuguesa para o mundo de modo
a melhor percecionar a situação portuguesa, procurando perceber, à luz das iniciativas
em que se insere, qual o papel que Portugal desempenha enquanto estado-membro da
UE na região, quais os meios e por que formas Portugal procura a cooperação regional e
a pacificação do Sahel nas organizações em que se encontra extra-UE, e qual, ou quais,
os objetivos portugueses para o Sahel. Neste sentido, esta última parte tratará de
investigar de que formas a intervenção regional portuguesa permite o atingir dos grandes
objetivos da política externa portuguesa, na qual se insere a política de defesa nacional.
Por fim, será feita uma análise conclusiva de modo a melhor perceber de que formas esta
região acaba por estar presente na estratégia portuguesa para o mundo, procurando
delinear os argumentos de uma possível justificação para as ações portuguesas.
Num mundo globalizado, os conceitos de defesa e segurança estão inerentemente
conectados. As ameaças à integridade de um Estado podem provir de diversas esferas
que não a militar e, desta forma, os Estados procuram garantir a estabilidade e
segurança no seu espaço regional, através da cooperação regional e inter-regional com
outros Estados, como meio de garantir a segurança nacional (Ammerdown Group, 2016,
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p. 3; Paleri, 2008, pp. 5254). Buzan e Waever (2003, pp. 4050) permitem-nos
perceber de forma mais clara este internacionalizar da defesa através da Teoria dos
Complexos Securitários Regionais (TCSR), na qual argumentam que os Estados,
enquanto atores regionais, necessitam que exista estabilidade no complexo securitário
regional (CSR) em que se inserem, no caso português Europa e Norte de África, de forma
a garantirem a redução de perigos e ameaças à sua segurança nacional, o que pode ser
denominado por interdependência securitária. Para Labarre (2007, pp. 8687), esta
interdependência securitária é fomentada pela institucionalização do sistema
internacional e, neste sentido, o autor afirma que os Estados procurarão agir em torno
da cooperação regional sempre que possa ser catastrófico não o fazer. Esta primeira
parte de argumentação teórica prende-se com o foco securitário na ação dos Estados,
onde um Estado procurará agir de forma a evitar constrangimentos à segurança regional
de modo a garantir a segurança nacional. Por outro lado, Labarre (2007, p. 86) também
afirma que o contrário pode acontecer, ou seja, que os Estados acabam por procurar
perseguir os seus interesses no sistema internacional sempre que não seja catastrófico
fazê-lo. Esta última parte é aquilo que no presente ensaio se entende como a busca por
notoriedade e crescimento internacional nos diversos campos que acompanham a política
externa dos Estados, como a defesa, a segurança e a diplomacia.
Ademais, do ponto de vista analítico, estas ideias de segurança e notoriedade não são
mutuamente exclusivas. Um Estado pode ter numa região interesses securitários e ao
mesmo tempo procurar usufruir destes em busca de notoriedade no sistema
internacional. Porém, com esta tipologia de análise o que aqui se procura perceber é até
que ponto um objetivo se pode sobrepor ao outro, sobretudo porque notoriedade e
segurança não acontecem ao mesmo nível. O caso francês na região pode ser um modelo
plausível para esta situação, com os redobrados esforços na região a não se transmitirem
diretamente em notoriedade internacional devido, sobretudo, à falta de apoio regional
de alguns membros do G5 do Sahel, o que diminuiu a credibilidade francesa em questões
de segurança em África (Erforth & Tull, 2022; France 24 Staff, 2022). O caso português
também representa exatamente este dilema entre segurança e notoriedade, sendo isto
visível, por um lado, no facto de Portugal cooperar no âmbito da segurança europeia com
as iniciativas da UE e da ONU na região e, por outro lado, no facto de Portugal colocar
foco sobre o tema, na OTAN e na ONU, de modo a garantir uma posição mais proeminente
no sistema internacional ao mesmo tempo que procura uma maior notoriedade global
que se transmite na procura de um papel de coprodutor de segurança regional.
Ora tendo em conta o debatido, deve ser dada atenção ao facto da questão do Sahel ser
transnacional e afetar diretamente o espaço europeu, tendo-se tornado, por esta razão,
uma preocupação europeia e portuguesa na questão da segurança regional. Localizada
no sul do Saara enquanto zona limítrofe do Norte de África, esta região estende-se por
uma faixa terrestre horizontal entre o Mar Vermelho e o Atlântico com cerca de 5.400
quilómetros (Km) (Pires, 2022). O Sahel é composto por diferentes Estados (Fig.1),
nomeadamente a Burkina Faso, os Camarões, o Chade, a Eritreia, o Gâmbia, a Guiné, o
Máli, a Mauritânia, o ger, a Nigéria, o Senegal e o Sudão, e, especialmente na última
década, tem sido uma região onde imperam conflitos interétnicos e a propagação de
violência por grupos jihadistas.
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Esta propagação jihadista e conflitualidade interétnica tem preocupado a Europa nos anos
recentes, sobretudo devido ao aumento das migrações de refugiados e da propagação
de ideias extremistas para os Estados mediterrânicos do norte de África, criando
instabilidade no Mediterrâneo (Pye, 2021, pp. 1014). Em 2014, como forma de tentar
travar o fenómeno assistido, cinco Estados francófonos na região, os quais Burkina Faso,
Chade, Mali, Mauritânia e Níger, formaram o G5 do Sahel, uma organização que teve um
forte apoio europeu, sobretudo francês, e que pretendia ser o alicerce da cooperação
securitária regional, mas que demonstrou ao longo do tempo dificuldades em conseguir
lidar totalmente com a situação, muito devido ao facto de geograficamente ser uma
organização que corresponde à zona mais afetada por esta violência (Plank & Bergmann,
2021, pp. 383385). Na presente década, Portugal tem procurado começar a criar laços
fortes com este grupo, tendo inclusivamente participado, em 2021, no âmbito da
presidência portuguesa do Conselho UE, numa conferência entre estes Estados, e
procurado sublinhar junto da OTAN e dos seus parceiros europeus a importância da
estabilidade Africana para a Europa e a necessidade de garantir maior segurança no
flanco sul (Carreiras, 2023; RP - XXII Governo, 2021; RP - XXIII Governo, 2023).
Ademais, apesar dos problemas desta região afetarem diretamente o CSR português,
Portugal não é afetado diretamente por estas questões securitárias, visto a questão
saheliana não implicar nenhum efeito direto à segurança nacional portuguesa. Logo, é
possível colocar-se a hipótese sobre a intervenção portuguesa se encontrar ligada a uma
estratégia de crescimento internacional relacionada à cooperação regional em África e à
inserção na discussão securitária na ONU por pertença ao Conselho de Segurança. Outra
opção viável para a intervenção portuguesa pode prender-se com a diplomacia
económica e o crescimento português em África, sobretudo na expansão para mercados
fora dos tradicionais Magrebe e Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Ambas as opções serão exploradas na terceira parte do presente ensaio.
Figura 1- Região do Sahel representada a amarelo
G5
Fonte: Público
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Tendo em conta o exposto, surge então a questão da necessidade de perceber qual será
o interesse português na região. Por conseguinte, o presente ensaio incide sobre a análise
das razões para a intervenção portuguesa no Sahel, procurando perceber as
preocupações e ações portuguesas na região para a segurança regional e inter-regional.
Vale ainda mencionar que a presente investigação procurará incidir, sobretudo, sobre as
relações com o G5 do Sahel de modo a melhor percecionar as motivações portuguesas
na e para a região.
2. O que tem o Sahel e o que significa para o espaço europeu?
A região do Sahel, na última década, tem assistido a um aumento progressivo do
terrorismo e violência que advém maioritariamente do aumento da instabilidade política,
das tensões regionais, da falha na aplicação de medidas de contraterrorismo eficazes e
da complexa realidade económica e social de pobreza na maioria da população, sobretudo
nos jovens («Global Terrorist Index - 2023», 2023, p. 60; Raleigh et al., 2021, pp. 123
126). De acordo com Green (2023), Pichon e Betant-Ramusen (2021, pp. 45), a última
razão mencionada pode ser explicada pela questão climática, principalmente pelas
mudanças extremas de temperatura que levam a ciclos de colheitas mais imprevisíveis,
à desertificação de certas áreas e à diminuição da terra arável, o que afeta diretamente
a economia dos Estados da região, que são maioritariamente Estados com agricultura de
subsistência, e, por conseguinte, gera um maior empobrecimento da população que é
muitas vezes aproveitado pela classe política destes Estados para ganho próprio, criando
maior desconfiança no sistema político.
Apesar do epicentro da instabilidade política da região, em grande parte pelos motivos
referidos, se ter dado no Mali, em 2012, através de uma rebelião provocada pelo
descontentamento dos Tuaregue, rapidamente o problema securitário se alastrou a
outras partes da região e, desde 2015, tem existido um aumento da violência, sobretudo
provocado pelo aproveitamento de grupos extremistas islâmicos da conflitualidade
interétnica regional, que tem levado a uma forte instabilidade política (Pichon & Betant-
Rasmussen, 2021, p. 2; Pye, 2021, p. 2). Além da instabilidade política e do
descontentamento dos jovens, estes grupos extremistas acabam também por beneficiar,
por um lado, da falha destes mesmos Estados em garantir medidas de contraterrorismo
viáveis, quer seja pela falta de funcionalidade, quer seja pela aplicação de estratégias
que violam muitas vezes a dignidade humana e os direitos humanos, e, por outro lado,
do empobrecimento da população, garantindo uma maior facilidade de recrutamento,
sobretudo entre os jovens, de novos membros para aumentar a rede de operações
(«Global Terrorist Index - 2023», 2023, p. 64; Green, 2023).
Ora, do ponto de vista da UE toda esta situação em conjunto com a intensificação da
violência no Sahel acaba por ser alarmante, algo visível na noção da Célula de
Aconselhamento e Coordenação Regional (CACR) da UE para o Sahel, fundada pela UE
em 2019 para apoiar a resolução da crise do Sahel, de que num mundo globalizado as
crises regionais no sul do Saara acabam por se tornar problemas securitários para a
Europa tornando-se, neste caso, a cooperação entre o G5 do Sahel e a UE essencial (CUE,
2019; EU RACC Sahel, 2022). Por conseguinte, é possível perceber que existe um nível
elevado de atividade europeia no sentido de estabilizar a região, sobretudo devido a
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quatro motivos que se prendem com a questão das migrações de refugiados, com a
propagação do terrorismo transnacional, com a garantia de continuidade de
desenvolvimento de projetos europeus regionais pré-conflito e com a comercialização de
recursos energéticos essenciais à produção e energia, como o Urânio, que são
abundantes em certos poderes regionais, como o Níger. Neste sentido, cabe agora
analisar brevemente cada motivo para melhor compreensão da significância da questão
do Sahel para o espaço europeu.
Primeiramente, na questão das migrações de refugiados, temos que o Sahel se localiza
diretamente abaixo de zonas sensíveis de migração de refugiados para o Mediterrâneo,
como a Argélia e a Líbia, países pertencentes ao Magrebe. Por norma, os dois Estados
anteriormente mencionados o aqueles onde existe um maior mero de migrantes
provenientes do Sahel, sobretudo devido à maior facilidade de passagem na fronteira
com o Mali e o Níger, os dois Estados mais afetados pela crise do Sahel, e à ação das
redes de tráfico no Mediterrâneo nas costas argelianas e libanesas (Bøås, 2021, pp. 55
57; Pye, 2021, p. 2). Aliás, mesmo apesar de, nos últimos três anos, a Argélia e a Líbia
terem fortalecido o controlo fronteiriço, este controlo não tem sido muito bem sucedido,
com milhares de migrantes a recorrerem a passaportes ilegais para conseguir contornar
a situação, mantendo o problema da crise de refugiados e continuando a gerar
preocupação no espaço europeu (AFP, 2023; Gasperini, 2023; NPR, 2022).
Segundamente, porque, como abordado, a disseminação de grupos jihadistas constitui
por si só um perigo à segurança e estabilidade europeias pela localização próxima desta
região com o Magrebe e o Mediterrâneo. Neste sentido, a junção desta disseminação
jihadista à propagação de ideias fundamentalistas islâmicas no Sahel, tem permitido uma
amplificação da violência regional, sobretudo pela expansão de grupos como a Al-Qaeda
e o Estado Islâmico (EI) que patrocinam agregados jihadistas locais, como por exemplo
o Jama'at Nasr al-Islam wal Muslimin (JNIM) e o Islamic State Sahel Province (IS Sahel)
(Lederer, 2023; Nsaibia, 2021; Pye, 2021, pp. 26; Raafat, 2021, pp. 68). Ademais,
em acrescento, estes grupos utilizam-se ainda da conflitualidade interétnica que define
a base da questão do Sahel para alastrarem as suas redes de operações às portas do
espaço europeu (Lederer, 2023; Nsaibia, 2021; Pye, 2021, pp. 26).
Terceiramente, porque, anteriormente a 2012, a UE era um dos grandes intervenientes
na região com projetos de desenvolvimento regional nas áreas do clima, segurança,
energia e comércio, sobretudo devido à estratégia de aproximação Europa-África entre a
UE e a União Africana (UA) (European Comission, 2010; Pye, 2021, pp. 23). Porém, a
conflitualidade no Sahel alterou a realidade até então vivida de cooperação e
desenvolvimento nas mais diversas áreas, obrigando ao redirecionar de fundos para a
resolução da instabilidade saheliana de modo a garantir, principalmente, que os projetos
desenvolvidos e em curso não seriam afetados. Isto foi visível quando, em 2012, a
questão da insurgência Tuaregue no Mali se começou a expandir para os países vizinhos
na região do Sahel, e a UE, de modo a proteger os seus interesses e a diminuir um foco
de violência às portas da europa, acabou por se tornar, quase que de forma inevitável,
o principal interveniente na mediação de conflitos a nível regional, criando e cooperando
em iniciativas que permitissem estabilizar a região e garantir a continuação da execução
dos projetos em curso e de novos projetos nas áreas estabelecidas de cooperação
(Pye, 2021, pp. 23; Venturi, 2017, pp. 612).
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Por fim, existe a questão energética que é de extrema importância para o espaço
europeu. A região do Sahel é uma das maiores reservas de urânio e gás natural no mundo
e, no contexto regional do G5 do Sahel, o Níger é um dos Estados mais importantes,
sendo o sétimo maior produtor de urânio no mundo (Arredondas, 2023). Aliás, para a
UE, o Níger é, a par do Cazaquistão, um dos dois maiores exportadores de urânio, sendo
responsável por cerca de 24% do urânio importado no espaço europeu, o que demonstra
o quão importante é esta região para a UE, sobretudo para os poderes nucleares como a
França, que, por si só, tem o Níger como segundo maior exportador logo atrás do
Cazaquistão (Arredondas, 2023; Maad, 2023; Melchior et al., 2022). Além do
mencionado, e tendo em conta que o conflito russo-ucraniano levou a que a UE
começasse a ponderar alterar mercados, um Sahel pacificado poderia significar uma fonte
mais segura, viável e barata, do que a custosa alternativa norte-americana do gás
liquefeito, que é muito mais custosa (Al Jazeera Staff, 2023; Reis, 2021, pp. 1415;
Schwikowski, 2022). Aliás, um Sahel pacificado também permitiria que alternativas
energéticas como o Trans-Sahara Gas Pipeline (TSGP), que tenham como objetivo
conectar as regiões do Sahel, Magrebe e Europa, pudessem voltar a ser debatidas no
âmbito da segurança energética, beneficiando assim as partes envolvidas e fortalecendo
os laços UE-UA (Al Jazeera Staff, 2023; Schwikowski, 2022).
Tendo em conta as quatro grandes áreas de significância do Sahel para a Europa, torna-
se óbvio o porquê desta região ser fulcral para o espaço europeu, quer na defesa da sua
fronteira sul, quer na proteção interna contra migrações em larga escala que permite a
penetração de grupos fundamentalistas islâmicos, quer na procura de alternativas de
mercado energético mais viáveis e menos custosas e morosas. Contudo, neste contexto,
nem todas as vertentes de preocupação europeia são do interesse nacional português,
algo que será abordado no capítulo que se segue, pelo que se torna fulcral perceber as
razões que levam Portugal a agir na região do Sahel, sobretudo naquela que é a sua ação
extra-UE.
3. Portugal no Sahel: Quais as motivações?
Enquanto estado-membro da UE, Portugal também age de acordo a resolver as questões
fulcrais anteriormente mencionadas, visto que, partindo do princípio europeu de
comunidade e cooperação, a segurança europeia em todas as áreas encontra-se
profundamente ligada à segurança nacional. Aliás, esta proximidade entre a segurança
europeia e a segurança nacional está patente tanto no Conceito Estratégico de Defesa
Nacional (CEDN), de 2013, como na proposta de revisão do CEDN (RCEDN), feita em
2023. Neste sentido, pode observar-se esta proximidade entre os conceitos europeu e
português de segurança e defesa quando -mos o CEDN, observando-se continuidade
no RCEDN, quer, por um lado, na menção da perceção do terrorismo e da criminalidade
transnacional organizada, onde se pode incluir o tráfico humano e de produtos ilícitos,
como ameaças à segurança nacional e europeia, quer, por outro lado, na noção de que
Portugal se encontra profundamente comprometido com a Política Comum de Segurança
e Defesa (PCSD) da UE (Conselho de Revisão do CEDN, 2023, pp. 79 e 11; Ministério
da Defesa, 2023b, p. 15 e 30).
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Uma das prioridades europeiaso as relações Europa-África, sobretudo entre a UE e a
UA, como descrito, e, neste aspeto, o CEDN e o RCEDN, apesar de terem raras
menções ao Sahel, demonstram uma estratégia portuguesa muito similar de
aproximação e crescimento no continente africano, sobretudo entre os países africanos
da CPLP, sendo reforçado em ambos os programas o valor que o espaço africano
representa na estratégia internacional portuguesa (Conselho de Revisão do CEDN, 2023,
pp. 1213; Ministério da Defesa, 2023b, pp. 1314 e 21). Aliás, nesta especificidade
saheliana, no RCEDN é transmitida a noção da importância securitária na questão
europeia e não na questão nacional, estando descrito que “O Sahel é uma linha de defesa
da Europa contra a instrumentalização dos fluxos migratórios”, o que transmite a ideia
de que a questão do Sahel não é um perigo direto à segurança portuguesa nem é um
interesse securitário nacional ao nível individual do Estado, mas sim um interesse
securitário europeu que, por conseguinte, afeta o CSR português (Conselho de Revisão
do CEDN, 2023, p. 13).
Neste sentido, quando observamos especificamente o CEDN, podemos perceber que,
quanto à estratégia nacional portuguesa e as suas bases podem-se destacar alguns
pontos que o fulcrais naquilo que é a política de defesa nacional, uma das principais
forças contribuidoras para a política externa portuguesa, e que irão ser analisados de
forma mais aprofundada seguidamente, sendo estes: a defesa internacional do papel
português, a consolidação das relações externas de defesa e a consolidação de Portugal
como coprodutor de segurança internacional (Ministério da Defesa, 2023b, pp. 3039).
Como será visível de seguida, os dois últimos pontos são muito mais meios para a
obtenção do estipulado no primeiro ponto do que objetivos individuais em si.
Primeiramente, quanto à defesa internacional do papel de Portugal no mundo, o CEDN
centra o seu foco sobretudo na consolidação do papel português na área da defesa e
segurança no palco internacional, nomeadamente através da manutenção do estatuto
português: na UE, através do empenho no cumprimento e apoio à PCSD; na OTAN,
através de uma maior cooperação ao nível bilateral com os EUA e do reforço da
importância estratégica da aliança transatlântica no sistema internacional; no espaço
lusófono, que é a CPLP, através do reforço dos laços económicos, políticos e securitários,
com os membros integrantes; na região do Magrebe, através da participação em
iniciativas regionais como a Iniciativa 5+5; na participação mais ativa e empenhada em
missões de paz e segurança internacional; e, por fim, na mobilização mais eficaz da
diplomacia portuguesa, nomeadamente na área económica, de modo a garantir uma
maior projeção global do país (Ministério da Defesa, 2023b, pp. 3031).
Segundamente, no que convém à consolidação das relações externas de defesa, o CEDN
centra a sua estratégia na OTAN e na UE, sendo este objetivo muito ligado ao anterior,
sobretudo na afirmação da necessidade de ter uma participação mais ativa e empenhada
em missões de paz e segurança internacional (Ministério da Defesa, 2023b, p. 31). Neste
sentido, este ponto está mais virado para aquela que é a componente da defesa,
sobretudo evidenciando: a necessidade de Portugal garantir uma maior participação nas
missões militares na ONU, OTAN e UE, defendendo ainda a importância de garantir uma
maior cooperação entre a OTAN e a UE, promovendo o desenvolvimento da PCSD; o
alargamento das relações bilaterais e multilaterais de segurança e defesa com os Estados
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da CPLP; e o reforço da presença nas iniciativas regionais em que se insere (Ministério
da Defesa, 2023b, p. 31).
Ora, resultante daquilo que são os dois grandes objetivos mencionados anteriormente,
vale ainda mencionar, antes de partir ao debate da temática, o interesse português em
garantir um papel ativo como coprodutor de segurança internacional. Para tal, Portugal
tem objetivos muito bem delineados e que passam pela participação nas já mencionadas
missões militares internacionais para a defesa da paz e segurança nas organizações em
que se insere, como a ONU, a OTAN e a UE, e no estabelecimento de parcerias
estratégicas de segurança com os países da CPLP, sendo aqui importante referir a
cooperação nos campos da criminalidade transnacional organizada e da segurança
marítima (Ministério da Defesa, 2023b, p. 35).
Antes de passar ao debate prático, vale salientar que estes pontos ainda estão patentes
no RCEDN, ou seja, na discussão do novo CEDN. Neste sentido, o RCEDN resume estes
pontos na necessidade de reforçar a posição internacional de Portugal no mundo através
da contribuição ativa no quadro bilateral e multilateral para a estabilidade internacional,
sobretudo dentro da ONU, da OTAN e da UE, na necessidade de afirmar Portugal
enquanto produtor de segurança e no reforço da cooperação ao nível da defesa (Conselho
de Revisão do CEDN, 2023, p. 19). Ora, isto permite-nos perceber com um certo grau
de atualidade aquele que é o debate em torno dos interesses estratégicos portugueses
para o Sahel.
Por conseguinte, tendo em conta as linhas guia do CEDN e a revisão do RCEDN, que
representam parte das linhas guia da política externa portuguesa, torna-se então
importante analisar os possíveis motivos para o interesse que Portugal tem vindo a
demonstrar na região nos últimos anos. Neste sentido, e percebendo os pontos do CEDN
acima descritos, de seguida será exposta a ação portuguesa no Sahel e a forma como
Portugal desenrola a sua estratégia para esta região. Esta análise permitirá entender se
a principal finalidade portuguesa se prende maioritariamente com a busca por segurança
regional, ou pela busca por notoriedade e um papel mais preponderante na comunidade
internacional.
Começando pela esfera da política externa, através de uma análise às relações
portuguesas com os membros do G5 do Sahel, é possível perceber que no campo da
diplomacia política estas existem sem qualquer embaixador português residente no
território (Ministério da Defesa, 2023c; Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2023b).
Ademais, a isto acrescenta-se o facto de no campo da cooperação bilateral na área da
defesa, apenas existir um acordo de cooperação com a Mauritânia, mais uma vez sem
adido de defesa presente devido à não existência de embaixada no local (Ministério da
Defesa, 2023c; Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2023b). Ora, por si só, o facto de
não existir embaixadas no local evidencia que não existem relações diplomáticas de alto
nível entre Portugal e os países constituintes do G5 do Sahel, o que parece demonstrar
que para Portugal esta região não nutre um relevo significativo, tendo pouco ou nenhum
valor estratégico reconhecido.
Por conseguinte, além das relações estabelecidas bilateralmente, que, excluindo a
Mauritânia, acabam por não ter o aspeto da cooperação defensiva bilateral, nesta região,
Portugal integra alguns dos grandes projetos multilaterais no âmbito das organizações
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internacionais em que se insere. Entre a ONU e a UE, Portugal participa num total de
cinco missões internacionais para a paz e segurança regionais e a análise desta
intervenção nas mesmas pode ajudar na melhor perceção daqueles que podem ser os
interesses securitários regionais e qual a possível estratégia que Portugal poderá ter na
região. Antes de evidenciar quais são estas missões em que Portugal se insere, vale
salientar ainda que os dados foram retirados do documento sobre o envolvimento de
militares portugueses no exterior, publicado pela Direção-Geral de Política de Defesa
Nacional (DGPDN) em março de 2023 (Ministério da Defesa, 2023d).
Por um lado, no campo da UE, Portugal está presente: no G5 do Sahel, com a Coligação
para o Sahel e a Groupes d’Action Rapides Surveillance et Intervention au Sahel (GAR-
SI SAHEL); no Mali, com o European Union Training Mission Mali (EUTMM); e no Níger e
Mali, com a European Union Capacity Building Mission (EUCAP) (Ministério da
Administração Interna, 2021; Ministério da Defesa, 2023a, 2023d, p. 14; RP - XXII
Governo, 2021). Além das missões mencionadas no âmbito da UE, Portugal esteve
também envolvido na Task Force Takuba (TFT), missão no Mali liderada pela França, um
dos Estados europeus mais proativos na região, que teve fim em março de 2022 após
um período de tensão entre Paris e Bamako impulsionado pela oposição da população
maliana face à presença de forças estrangeiras, principalmente francesas, devido
maioritariamente ao passado colonial entre os dois poderes (France 24 Staff, 2022;
Ministério da Defesa, 2023d, p. 21; Público Staff & Europa Press, 2022). Enquanto que,
por outro lado, no campo da cooperação com a ONU, Portugal está presente apenas no
Mali, com a Multidimensional Integrated Stabilization Mission in Mali (MINUSMA)
(Ministério da Defesa, 2023a, 2023d, p. 4; RP - XXII Governo, 2021).
Figura 2 - Quadro simplificado das missões de defesa e segurança no G5 do Sahel tal
como se encontra descrito no documento do Envolvimento de Militares Portugueses no
Exterior publicado pelo DGPDN em março de 2023
Design: Autor / Fonte de dados: DGPDN
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Ora, tendo em atenção as missões de defesa e segurança das quais Portugal faz parte
no âmbito da cooperação no Sahel, e fazendo uma análise das mesmas, é possível
perceber que fora das missões onde se integra na UE e na ONU, o interesse securitário
português na região fica resumido a um acordo de defesa com a Mauritânia. Ademais,
na tabela acima colocada percebe-se rapidamente que o interesse português e insere na
cooperação para a segurança do próprio CSR. Esta ação portuguesa de cooperação
internacional com fraca cooperação bilateral demonstra que Portugal não procura
reforçar, pelo menos em termos individuais, a sua participação em iniciativas de
segurança e defesa no Sahel por não deter interesses políticos na região. Neste sentido,
esta dualidade na participação portuguesa parece estar ligada ao objetivo de Portugal de
garantir um papel enquanto produtor para a segurança internacional, sobretudo através
do reforço da cooperação ao nível da segurança e defesa nas áreas de interesse
estratégico, como o é África, o que representa assim a existência de um interesse mais
ligado à procura por notoriedade internacional do que à questão da segurança por si só.
Aliás, esta luta por notoriedade internacional pode ser justificada, por exemplo, pela
necessidade portuguesa de garantir reconhecimento internacional como produtor nas
áreas da segurança e defesa de modo a conseguir o almejado assento rotativo no
Conselho de Segurança da ONU no biénio de 2027-2028 (ONU News, 2022; RP - XXIII
Governo, 2022). Por conseguinte, torna-se lógico assumir que um dos grandes interesses
estratégicos portugueses no Sahel não passa pela questão securitária regional, mas sim
pela necessidade de demonstrar proatividade em questões securitárias nas regiões onde
incide o seu foco estratégico de modo a conseguir garantir um maior papel internacional.
A verdade é que, desde 2021, altura em que o governo português assumiu a Presidência
do Conselho da UE por seis meses, Portugal tem procurado participar na discussão da
questão do Sahel de forma mais ativa na comunidade internacional. Ora, se inicialmente
esta maior participação na discussão do tema era justificada pela presidência portuguesa
na UE, tendo estado Portugal formalmente responsável pelos assuntos europeus, entre
os quais as questões securitárias, por outro lado, a manutenção do foco nesta questão
pós-2021, ao nível individual, demonstra uma perceção de relativa importância deste
conflito. Este maior foco e atividade, contudo, não veio acrescido de maior proatividade,
algo visível no facto do foco português desde então ter sido o de evidenciar a crise
securitária no Sahel, com centro em discursos sempre gerais e concentrados na questão
da segurança europeia, sem nunca ir além da menção geral da necessidade de promover
a segurança regional saheliana para a segurança europeia e de combater o terrorismo e
a criminalidade transnacional, demonstrando desta forma a pretensão de funcionar
enquanto um promotor de segurança, estabilização e paz, nas organizações em que se
insere (Agência Lusa, 2021, 2023a; Carreiras, 2023; Lecha et al., 2022, p. 5; RP - XXIII
Governo, 2023; UNOCT, 2023).
A afirmação feita anteriormente pode ser vista no caso mencionado da candidatura
portuguesa ao Conselho de Segurança da ONU e ainda nos recentes discursos
portugueses na OTAN. Aliás, na especificidade do caso da OTAN, apesar da aliança
transatlântica não ter nenhuma missão diretamente ligada à região mais afetada do
Sahel, sendo o mais próximo as missões que tem junto da UA e da Somália, Portugal
tem procurado evidenciar junto dos seus aliados a necessidade de criar missões de
estabilidade regional e de maior cooperação securitária com o flanco sul, algo que
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inclusivamente foi mencionado pelo lado português nas recentes cimeiras da OTAN em
Madrid, em 2022, e em Vilnius, em 2023, e que foi levado positivamente por parte dos
restantes membros da aliança (Calle & Matos, 2022; Lecha et al., 2022, p. 5; NATO,
2023; RP - XXIII Governo, 2023).
Por conseguinte, foi possível perceber até ao momento que Portugal não tem interesses
securitários, pelo menos ao nível individual, na região, muito devido ao facto da questão
saheliana não ter efeitos diretos na segurança portuguesa. Porém, se por um lado a
participação regional nas missões europeias se pode justificar pelo comprometimento
para com a PCSD e a agenda europeia, por outro lado, o foco dado à questão no contexto
da ONU e, sobretudo, da OTAN, demonstra o almejar por uma posição relevante em
questões de cooperação e segurança. Neste sentido, pode ser argumentado que
politicamente Portugal estará sobretudo a procurar no Sahel uma alavanca ao seu
estatuto internacional, quer na ONU, quer na OTAN, garantindo assim o cumprimento de
um dos objetivos estabelecidos no CEDN de fomento da defesa internacional do papel de
Portugal no mundo e da consolidação das relações externas de defesa e segurança
internacionais por via do reforço da presença e posição portuguesas nas instituições em
que se insere.
Ora, se na vertente securitária pura, no campo dos interesses políticos, parece não existir
interesse português acentuado, é também importante perceber se de alguma forma
existe algum interesse português na questão económica ao nível regional, analisando
aqui a questão da diplomacia económica como uma possível justificação para a
demonstração de interesse securitário. Como mencionado anteriormente na análise ao
CEDN, Portugal tem, sem surpresas, um grande foco em África, como uma das zonas
estratégicas de expansão de influência, e na expansão da economia portuguesa no
espaço internacional. Por conseguinte, sendo o Magrebe e a região centro e sul africana
zonas de relevo económico-político para Portugal, muito devido à CPLP, surge a questão
sobre se o Sahel, localizado diretamente abaixo da Magrebe, também ocupa o mesmo
valor estratégico.
Neste sentido, Pires (2020) a intervenção de Portugal no Sahel como sendo justificada
pelo objetivo da diplomacia económica, afirmando a ação regional portuguesa como meio
de penetrar um mercado menos tradicional para obter mais parceiros regionais e
alternativas aos mercados tradicionais. Para tal, o autor afirma que a integração nas
iniciativas descritas anteriormente, no âmbito da ONU e da UE, acaba por servir um
propósito de reconhecimento de possíveis mercados de atuação, reconhecendo um
possível aproveitamento português da situação regional para estabelecer a sua posição
como parceiro regional. Porém, apesar desta ideia ter nexo quando pensada a longo
prazo, a verdade é que no curto e médio prazo esta situação não parece muito plausível,
muito devido a toda a instabilidade regional, sem tendências de melhoramento, e às
fracas e ínfimas relações comerciais entre Portugal e os membros do G5 do Sahel. Para
melhor entendimento do argumento das relações comerciais entre Portugal e os
membros do G5 do Sahel serem quase que insignificantes, será utilizada uma análise
comparativa à balança comercial entre os Estados de forma a entender o peso da região
na economia portuguesa.
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Figura 3 - Quadro resumo dos valores apresentados durante o debate sobre a
estratégia económica. Note-se que na questão da Importação Energética o valor
proposto foi retirado diretamente do valor das importações
Analisando a balança comercial portuguesa em África no último ano, percebe-se logo à
partida a importância que o continente detém por representar o segundo maior valor
extra-UE, com cerca de 5,2% das exportações portuguesas, ou 6 mil milhões de euros,
sendo que, dentro do continente africano, a região da África Subsariana, onde se
localizam os países da CPLP e o G5 do Sahel, acaba por ser ainda mais relevante (Agência
Lusa, 2023b; Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2023a; Portugal Exports By Country,
2023). Porém, para o total das exportações portuguesas em África, os membros do G5
do Sahel representaram, em 2023, cerca 0,73%, ou cerca de 43,8 milhões de euros, o
que acaba por, no contexto geral, ser um valor quase que irrisório, sobretudo quando
comparado com os membros da CPLP, como é o caso de Angola que sozinha representa
cerca de 23,7% ou 1,4 mil milhões de euros (GEE, 2023a, 2023b, 2023c, 2023d, 2023e,
2023f).
Colocando agora atenção na análise das importações, como meio de perceber se existe
algum interesse na região, vale mencionar primeiramente que Portugal apenas importa
4,6% de África, cerca de 4,8 mil milhões de euros, sendo desta forma o mercado a que
Portugal menos recorre para suprimir as suas necessidades (Portugal Imports By
Country, 2023). Ademais, dentro do bolo africano, dos 4,8 mil milhões de euros apenas
cerca de 0,4%, ou cerca de 19 milhões de euros, são correspondentes ao G5 do Sahel
(GEE, 2023b, 2023c, 2023d, 2023e, 2023f). Ademais, grande parte deste bolo africano
está ligado ao comércio com a Nigéria, com cerca de 40% ou 1,9 mil milhões de euros,
Design: Autor / Fonte: GEE
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e, mais uma vez, os países membros da CPLP, entre os quais se destaca novamente o
caso de Angola, com cerca de 13% ou 623 milhões de euros (GEE, 2023a, 2023g).
Todavia, vale aqui mencionar uma questão estratégica interessante no caso da Nigéria
que pode ajudar a perspetivar de outra a forma a questão do Sahel para Portugal, visto
99,5% das importações portuguesas ser referente à importação de combustíveis fósseis
(GEE, 2023g). Quando se aborda a questão estratégica económica, a verdade é que os
recursos estratégicos mais interessantes são os recursos energéticos, nomeadamente os
combustíveis fósseis, que interferem diretamente com a defesa e segurança dos Estados,
visto a necessidade de supressão das necessidades energéticas internas dos Estados
impactar diretamente a segurança dos mesmos (Campos & Fernandes, 2017, pp. 31
35). Sobre esta questão, é necessário também compreender que Portugal é um Estado
dependente de importação por não ter reservas naturais de gás e petróleo e, neste
sentido, a securitização das rotas de abastecimento, assim como o desenvolvimento de
novos projetos sustentáveis, torna-se fulcral.
Apesar de Portugal também importar energia fóssil de outros países da CPLP em África,
sobretudo de Angola, a verdade é que o caso da Nigéria permite pensar num possível
interesse estratégico português na região que estaria sobretudo ligado com o sucesso do
projeto do TSGP, isto porque o gasoduto permitiria a conexão na Argélia, outro dos
grandes exportadores africanos de combustíveis fósseis para Portugal, com o Gasoduto
Magrebe-Europa (Baptista, 2022). Porém, para o TSGP ser uma alternativa viável que
permitisse conectar a Nigéria à Argélia, então Portugal necessitaria que a situação do
Sahel fosse normalizada, sobretudo a questão do Níger que é o intermediário programado
para o projeto, justificando assim um possível interesse securitário na região.
Ora, tendo esta visão geral da balança comercial portuguesa, é possível perceber que
Portugal tem valores muito baixos com cada um dos países do G5 do Sahel, sobretudo
quando a análise é feita no bolo africano, o que transmite a ideia de que no contexto
exclusivo desta região Portugal não observa estes mercados como essenciais ou
interessantes do ponto de vista económico e estratégico, pelo menos ao nível individual.
Contudo, nesta questão do TSGP, pode existir aqui um interesse regional português na
estabilização da região, visto a rota terreste, neste caso, ser mais viável por permitir a
diminuição dos custos e do tempo de transporte.
Tendo em atenção estes dados, economicamente é percetível que, para Portugal, a região
do Sahel não representa um grande peso ao nível económico no imediato e, certamente,
não será de grande interesse a curto e médio prazo para a economia portuguesa, sendo
muito mais benéfica, para já, a aposta nos mercados tradicionais. Aliás, como dito
anteriormente, o único interesse viável seria o investimento na segurança regional para
permitir o sucesso do TSGP, porém mesmo esta possibilidade é dúbia visto o pouco
interesse que Portugal parece ter de forma prática na região. Aliás, mesmo este interesse
no TSGP pode ser considerado a curto e médio prazo um interesse inviável, sobretudo
com o recente aumento das tensões no Níger após o recente golpe de Estado, que
envolveu, inclusive, forças externas como o Grupo Wagner, ameaçar o desenvolvimento
do projeto (Armstrong, 2023; Gonçalves, 2023; Nwogu, 2023).
Neste sentido, e tendo a noção da instabilidade vivida, continua a ser verdade que
Portugal pode estar a jogar aqui um jogo a longo prazo na região para se tornar um dos
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principais parceiros regionais. Contudo, este não deixa de ser um jogo perigoso visto que
deverá sempre ser tida em conta que esta é uma zona instável, sem fim à vista para a
conflitualidade e que pede um certo grau de sapiência e paciência aos atores externos
para manusear a sua presença na região. Por conseguinte, diplomacia económica o
parece, pelo menos a curto e médio prazo, ser uma prioridade, podendo sim vir a tornar-
se um objetivo secundário a longo prazo na política externa portuguesa para o Sahel.
A participação por parte de Portugal no Sahel, sem que exista uma estratégia explícita
para a atuação e resolução dos problemas na região, demonstra que o objetivo português
pode passar, como já abordado anteriormente, por reforçar a credibilidade internacional
enquanto produtor de segurança, tornando-se um interlocutor para os assuntos
securitários em África. Ademais, ao participar das missões internacionais em que se
insere, Portugal coloca-se simultaneamente como um dos principais Estados na defesa
da fronteira sul da Europa, garantindo o apoio à pacificação de uma região que afeta
diretamente os interesses securitários da UE. Por fim, e em forma de pequena adição,
no âmbito da diplomacia económica, um Sahel pacificado poderia dar a Portugal um papel
de promotor do desenvolvimento regional que beneficiaria os seus interesses em África.
Estes benefícios seriam visíveis, sobretudo, na garantia de formas mais viáveis, seguras
e menos custosas, de abastecimento energético, no desenvolvimento da região da África
Subsariana e no desbloquear de projetos entre o Sahel e a CPLP. Com isto, mais uma
vez, mesmo ao nível económico o objetivo principal português parece ser o de ganho de
notoriedade e não o da garantia de segurança.
Conclusão
No Sahel, a expansão armada e violenta de grupos terroristas que se aproveitam de
conflitos interétnicos tem sido a matriz de causa da instabilidade regional, criando uma
série de problemas securitários fortemente ligados às migrações forçadas de refugiados,
ao tráfico humano e de drogas transnacional e à disponibilidade de recursos energéticos.
A UE tem intercedido no Sahel desde o começo do conflito, como meio de garantir a
estabilização da região, e, por conseguinte, Portugal, enquanto membro da comunidade
europeia, tem também participado de modo a proteger as fronteiras do seu espaço
comum. Aliás, a participação portuguesa, no quadro da Presidência do Conselho da UE,
na Cimeira de Chefes de Estado do G5 do Sahel, acaba por ser demonstrativa do
comprometimento português para com a segurança da europa e do objetivo português
de atingir um papel como ator de relevo na discussão da segurança em África. Neste
sentido, é possível observar que a região do Sahel é uma questão securitária europeia,
sobretudo na manutenção da paz e segurança na fronteira sul, afetando direta ou
indiretamente todos os membros da UE, e que, em consequência, Portugal acaba
também por ter um motivo securitário na região, mesmo que este não justifique a ação
individual portuguesa, nas organizações em que se insere extra-UE, na chamada de
atenção para o Sahel.
Esta procura extra-UE visa garantir a estabilidade na região através de iniciativas ligadas
à ONU e à promoção dentro da OTAN da necessidade de intervir localmente e de forma
cooperativa com os Estados afetados para suprimir a insegurança regional. Porém, quer
pelos motivos mencionados, quer pela posição geográfica portuguesa no Atlântico e
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fora do espetro securitário do Mediterrâneo, a situação do Sahel tem um efeito muito
reduzido ou nulo na segurança nacional portuguesa, o que leva à colocação da questão
sobre quais os reais motivos portugueses para a intervenção.
Ademais, com a análise proposta anteriormente ao nível ao económico, foi também
possível perceber que Portugal pode ter alguns interesses securitários ao nível regional.
A construção e sucesso do TSGP poderia significar que Portugal passaria a importar
energia fóssil mais barata e de um mercado fora daquele que é o mercado de
dependência europeu russo-americano. Ademais, além do interesse em ser observado
como um ator importante em questões de segurança em África, Portugal poderia
beneficiar, com a pacificação do Sahel, de novos meios de conectar as suas redes de
abastecimento de combustíveis fósseis através de corredores económicos próprios entre
membros da CPLP, o G5 do Sahel e o Magrebe. Porém, a inação portuguesa ao vel
individual na região, em conjunto com a instabilidade vivida e que não demonstra sinais
de abrandamento, torna percetível que, apesar de existirem interesses económicos que
justificam o possível interesse securitário português na região, o objetivo económico na
região do Sahel é secundário e um jogo a longo prazo e, por conseguinte, não parece
existir, para já, um interesse securitário forte na região a este nível que justifique uma
ação mais robusta securitariamente.
No debate entre notoriedade e/ou segurança, pode entender-se que, no que respeita aos
interesses portugueses na região, é possível perceber que estes se prendem com uma
necessidade de notoriedade internacional, a nível diplomático, securitário e económico,
que está definida no CEDN como parte da política externa e de defesa portuguesa. Por
conseguinte, o grande objetivo português parece ser o de atingir um posicionamento de
grande produtor e promotor de segurança para África, algo que pode garantir ao lado
português o lugar o desejado no Conselho de Segurança da ONU no biénio de 2027-
2028, uma posição mais proeminente na OTAN e um lugar mais credível na discussão da
estratégia europeia para o mundo dentro da UE, objetivos que de outra forma seriam
difíceis de atingir.
Apesar do papel debatido poder justificar o interesse português como parcialmente
securitário, vale salientar que bilateralmente, ao contrário da França e da Alemanha,
Estados que ativamente procuram participar na questão do Sahel pelos interesses
securitários que nutrem na região, Portugal não tem ações de segurança direta na região
e, por este motivo, a questão de Portugal não se prende tanto com a segurança regional,
mas sim com a necessidade de estar mais envolvido nas questões de segurança africana
de modo a ser visto como um Estado de peso no debate das mesmas internacionalmente.
Aliás, a mais se acrescenta que esta busca por notoriedade também se pode ligar ao
vetor económico no futuro, sobretudo caso o TSGP se torne uma realidade e, por
conseguinte, Portugal opte por apostar no desenvolvimento de corredores económicos
entre a CPLP e o Magrebe, passando sempre pelo Sahel.
Ora, tendo debatido o tema e retiradas as conclusões sobre o abordado, é possível
perceber que Portugal intervém no Sahel principalmente no âmbito da busca por
notoriedade e do fomento da sua posição no sistema internacional. Esta presença
portuguesa tem assim sempre o objetivo patente de beneficiar os interesses portugueses
mencionados. Neste sentido, pode assim justificar-se a ação portuguesa
maioritariamente pela busca por notoriedade dentro do campo da segurança e
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cooperação em África, torna-se importante em trabalhos futuros analisar o futuro
português e a forma como esta estratégia se vai desenrolar na próxima década, dando
desta forma um novo olhar sobre como Portugal se poderá tornar um Estado relevante
na tomada de decisão internacional em África.
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