Arabista de Nasser (Segell, 2021). Esta perspetiva tem como objetivos principais a
cooperação, a unidade e a solidariedade entre os estados Árabes, Africanos e, finalmente,
Israel. De acordo com esta perspetiva, o Bahrain, o Sudão e Marrocos foram liderados
pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) a realizar os Acordos em processos top-down
realizados entre líderes. Contudo, aparentemente não existe nenhum tipo de apoio
popular para o movimento ideológico, não havendo evoluções internas e regionais para
uma mudança positiva. No entanto, o facto de a perspetiva abordar os Acordos como
motivados por elites ignora o contexto histórico, geopolítico e geoestratégico dos
mesmos, não tendo em consideração a economia à priori aos Acordos, bem como o papel
da sociedade.
O segundo tipo de abordagem existente na literatura pode denominar-se como sendo
liberal. Mais uma vez, pode-se dividir a mesma em duas perspetivas distintas. Uma forma
de abordar liberalmente os Acordos de Abraão é tendo em consideração os fatores
humanos. Na realidade, esta abordagem observa os Acordos como sendo motivados
pelas próprias populações (Frish in Sorkin, 2021). De acordo com esta perspetiva, a
população está cansada de pedir por unidades pan-Árabe e pan-Islâmica e deseja por
melhores oportunidades económicas, melhor segurança social, melhor educação, mais
inovação, mais estado de direito e maior igualdade. Todavia, esta perspetiva acaba por
ser o extremo da apresentada como anteriormente, dado que, desta vez, ignora o
contexto político e sistémico da região. Por outro lado, observamos uma abordagem de
liberalismo económico (Egel, Efron & Robinson, 2021; Kram & Makovsky, 2021; Segell
2021). Nesta abordagem, refere-se que a relação económica bilateral entre Israel e os
Emirados Árabes Unidos é, na realidade, o fundamento poderoso para os Acordos de
Abraão. Os autores que defendem esta posição referem que estes Acordos permitem
maior interligação entre as economias e eventualmente entre países árabes e
muçulmanos. Esta expansão criaria um Médio Oriente mais integrado, permitindo que
desafios ambientais, económicos e sociais sejam referidos. Contudo, considera-se que,
se os interesses económicos ditassem os Acordos, mais países estariam dispostos a
assinar a normalização dos seus relacionamentos com Israel.
Finalmente observam-se duas abordagens realistas. A primeira refere que existe a
coexistência de pilar pragmático com um pilar ideológico na criação dos Acordos de
Abraão. De acordo com os autores (Krieg, 2020; Abdullah, 2021), o pilar pragmático é
baseado nos interesses nacionais dos países signatários, que consiste em maior
consolidação de poder, preservação das estabilidades económica e militar, bem como
desenvolvimentos tecnológicos e científicos para preservar a segurança. O pilar
ideológico, por sua vez, baseia-se no desejo por paz, por estabilidade regional e por uma
alteração de mentalidades. Todavia, entende-se que, na realidade, existe somente um
pilar, o pragmático. Analisando-se bem o exposto, compreende-se que o pilar ideológico
é consequente do pragmático. Na realidade, quando o poder é consolidado e
desenvolvimentos são efetuados, estes criam paz e estabilidade regionais, tornando as
mudanças em termos de mentalidade possíveis. A perspetiva final é caraterizada como
neorealista, dado que considera que os Acordos são o resultado de uma mudança no
Médio Oriente (Norlen & Sinai, 2020). Refere-se que, além de cada país signatário ganhar
profundadidade estratégica com os Acordos, um eixo de resistência foi criado (Guney &
Korkmaz in Kihlberg, 2021). Consequentemente, a maior consequência dos Acordos de
Abraão, de acordo com esta perspetiva, foi a formação de alianças no Médio Oriente,