REVISITANDO A HIPÓTESE DA ESTAGNAÇÃO SECULAR À LUZ DO PARADIGMA
DA COMPLEXIDADE
HENRIQUE MORAIS
hnmorais@gmail.com
Licenciado em Economia pela Universidade Técnica de Lisboa / Instituto Superior de Economia e
Gestão (ISEG). Mestre em Economia Internacional pelo ISEG. Doutor em Relações
Internacionais: Geopolítica e Geoeconomia pela Universidade Autónoma de Lisboa.
Quadro do Banco de Portugal (Portugal), onde desempenha funções de Coordenador da Área de
Inovação e Suporte do Departamento de Mercados. Foi Presidente da Comissão Executiva e
Administrador da Invesfer S.A., uma empresa do Grupo REFER, e ainda Administrador e Diretor
Executivo da CP Carga. Professor na Universidade Autónoma de Lisboa, UAL (nos Departamentos
de Ciências Económicas e Empresariais e Relações Internacionais) e no MBA em Corporate
Finance da Universidade do Algarve. É ainda membro do Observatório de Relações Exteriores da
UAL, onde tem estado envolvido em vários projetos de investigação, bem como na participação
assídua nas várias edições do Janus-Anuário de Relações Exteriores.
Resumo
Após as disrupções trazidas, também ao cenário macroeconómico, por fenómenos como a
pandemia do COVID 19 e a invasão da Ucrânia, é provável que o tema da estagnação secular
do crescimento económico, retomado em 2013 depois do contributo original de Alvin Hansen,
venha novamente a ocupar, até pela sua verificação empírica, um lugar central na
investigação e na análise geoeconómica. O paradigma dominante, pelo menos desde o início
do século XX, não apenas nas ciências dita exatas, nas também noutras áreas das ciências
sociais, como a economia, tem sido caracterizado pelo determinismo, pela confiança quase
ilimitada nos modelos lineares, nas suas conclusões e na sua quase infalibilidade. Tem sido
evidente a falta de precisão destes modelos, nomeadamente naquilo que supostamente seria
a sua grande força, ou seja, a capacidade preditiva. Acontecimentos como a crise financeira
de 2007/2008, a crise das dívidas soberanas europeias que se lhe seguiu, o aumento
significativo do contributo dos mercados emergentes para a riqueza global, têm mostrado
como estes modelos lineares são limitados na sua capacidade de análise e, também por isso,
suscetíveis de virem a ser olhados com algum ceticismo pelos decisores. Perante este quadro
concetual, pretendemos revisitar a tese de estagnação secular, nos seus alicerces teóricos
fundamentais, mas também na evidência empírica com os dados mais recentes e, para além
disso, olhar para uma visão alternativa à do mainstream. Essa visão é encarnada pela teoria
da complexidade, com a sua convicção de que os fenómenos não têm necessariamente um
comportamento linear, pelo que é difícil identificar um modelo que cubra todas as
características em estudo, o desequilíbrio é a característica habitual dos sistemas e, por fim,
a desordem, e não a ordem, é tipicamente a situação dos sistemas. Vendo nestas abordagens
um complemento, e não uma rutura com o mainstream, tentámos afinal mantermo-nos fiéis
aos princípios fundadores da ciência, desde logo a abertura à mudança, a novos métodos de
trabalho, a novos paradigmas.
Palavras-chave
Estagnação Secular, Política Económica, Complexidade, Modelos Lineares.