OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
VOL15 N1, DT1
Dossiê temático - Rede Lusófona de Educação Ambiental:
perspectivas de cooperação para construir respostas sociais
a uma crise socioambiental global.
Setembro 2024
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NOTAS E REFLEXÕES
O CONTRIBUTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA A SOLUÇÃO DE
PROBLEMAS AMBIENTAIS: CASO ESCOLA SECUNDÁRIA BEDENE
MACHAVA, BAIRRO BUNHIÇA, MUNICÍPIO DA MATOLA
ADÉLIA JORGE VIANCULOS
adeliavilanculos0@gamail.com
Técnica média em Cartografia pelo Instituto de Formação em Administração de Terras e
Cartografia no ano de 2015, Licenciada em Geografia pela Universidade Pedagógica de
Maputo UPM no ano de 2022, Professora Assistente nas Disciplinas de Fundamentos de
Cartografia e Técnicas de Conclusão de Curso desde 2023 (Moçambique), Participou no
seminário anual de pesquisa e inovação na Universidade Pedagógica de Maputo no ano de
2022, Participou no V curso sobre Direito a Cidade, ministrado pela CEDAB, Faculdade de
Direito na Universidade Eduardo Mondlane no ano de 2024, participou no III encontro de
Jovens e Investigadores da CPLP, que decorreu em Angola - via Zoom no ano de 2024.
SABIL DAMIÃO MANDALA
sabildamiao@hotmail.com
Licenciado em Ensino de História e Geografia pela Universidade Pedagógica de Maputo em 2002,
Mestrado em Geomática e Avaliação de Recursos Naturais pela Universidade de
Florença/IAO, Itália em 2009 e Doutorado em Geografia e Organização do Espaço pela
Universidade Estadual Paulista/Campus de Rio Claro, São Paulo, Brasil em 2016. É
Professor Universitário desde 2003, actualmente com categoria de Professor Auxiliar na
Faculdade de Ciências da Terra e Ambiente da Universidade Pedagógica de Maputo
(Moçambique). Foi Director do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia de 2010 à
2013 e Director - Adjunto para Pesquisa e Pós graduação de 2017 à 2024. Lecciona as
disciplinas de Cartografia, Sistema de Informação Geográfica, Detecção Remota,
Cartografia, Pedogeografia, Metodologia de Investigação Cientifica. Lecciona nos cursos
de Graduação e Pós graduação da Faculdade de Ciências da Terra e Ambiente e da
Faculdade de Ciências Naturais e Matemáticas da Universidade Pedagógica de Maputo.
Lecciona também nos Cursos de Pós graduação das outras Universidades como a
Universidade Rovuma, Universidade Licungo, Universidade Púnguè, Universidade Save e
alguns Instituto Politécnico. Pesquisa na área de riscos ambientais, gestão de recursos
naturais em bacias hidrográficas e geografia física. Tem publicado 3 livros e mais de 10
artigos a nível nacional e internacional.
Resumo:
A geografia estuda, analisa, interpreta os fenómenos naturais e humanizados na superfície
da terra. O estudo teve como objectivo principal: avaliar o contributo do ensino de Geografia
na resolução dos problemas ambientais. Os métodos usados foram: bibliográfico;
documental; observação directa; cartográfico e qualitativo; e a entrevista como técnica de
recolha de dados. Na área de estudo, verificou se a deficiência na gestão de resíduos sólidos
que propiciam a poluição atmosférica, poluição dos solos e a erosão provocada pela água da
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chuva. Concluiu-se que na disciplina de geografia os conteúdos relacionados com a educação
ambiental são abordados com menor frequência.
Palavras-chave
Ensino de Geografia, Problemas Ambientais, Resíduos Sólidos, Erosão, Educação Ambiental.
Abstract
Geography that studies, analyses, interprets the natural phenomena and humanizes surface
of the earth. The objective of this work is to value the teaching contribution of Geography in
the resolution of environment problems. The research was realized second the following
methods: Biographic; documental, direct observation; cartographic; and qualitative; and the
used technique to collect the data was the interview. the area of study, there was verified the
deficiency in area of solid waste management that contribute the atmospherically pollution,
soil pollution and erosion provocated by water of rain. It was conclude that in geography
subject the related content which environmental education are approached minor frequency.
Keywords
Geography Teaching, Environment Problems, Solid Waste, Erosion, Environmental Education.
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O CONTRIBUTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA A SOLUÇÃO DE
PROBLEMAS AMBIENTAIS: CASO ESCOLA SECUNDÁRIA BEDENE
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ADÉLIA JORGE VIANCULOS
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Introdução
Na Perspetiva de Silva e da Silva (2012), a geografia se ocupa dos estudos da
transformação do espaço, das relações dialéticas e das mudanças que ocorrem no
mundo. Deste modo refletir sobre o ensino de Geografia na atualidade implica pensar
num processo amplo e complexo, sobre tudo pelas rápidas transformações que ocorrem
nas várias dimensões, a saber: politica, económica, social, ambiental e cultural. Assim
cabe ao professor de Geografia acompanhar e evidenciar tais transformações no âmbito
escolar.
De acordo com Mec (2008), a geografia é uma disciplina que permite a ligação entre a
teoria e a prática, tendo como objetivo de estudo a superfície terrestre; onde ocorrem
fenómenos físicos e humanizados. O seu objeto principal é a localização, distribuição dos
fenómenos na superfície terrestre, suas causas, correlações e feitos.
Problemas ambientais
Segundo Bottomore (1982), as questões ambientais, como o efeito estufa, a destruição
florestal, a perda da diversidade biológica, a poluição dos rios e mares e a desertificação
crescente, resultam de processos que afetam toda a biosfera e as sociedades que nela
vivem, constituem um dos temas considerados globais, assim como a paz, o
desenvolvendo, a qualidade de vida. uma consciência planetária crescente de que, se
esses problemas não forem resolvidos, poderão ameaçar a própria existência da vida do
homem sobre a terra. A solução para esses problemas, para alguns, por uma mudança
radical das formas agressivas e conquistadoras pelas quais o homem moderno se
relaciona o mundo natural.
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Ensino de geografia e problemas ambientais
Conforme Dias (2004), Cabe á Geografia desenvolver nos educandos a capacidade de
observar, analisar, interpretar e pensar criticamente a realidade, tendo em vista sua
assimilação e transformação, possibilitando à técnica de resolução de problemas. A
proposta da Geografia para o estudo das questões ambientais favorece uma visão clara
dos problemas de ordem local, regional e/ou global. Destacando o estudo voltado para a
relação homem -meio. Ao se retratar a questão ambiental na escola, se faz necessário o
uso da interdisciplinaridade, pôs o Meio Ambiente não está relacionado somente a
parques, árvores ou ao verde. A noção de meio ambiente está relacionada à qualidade
de vida do homem, e por isto mesmo não deve ser estudado apenas na ótica do meio
ambiente natural. A análise de problemas ambientais envolve questões políticas,
históricas, económicas, ecológicas, geográficas, enfim, envolve processos variados,
portanto, não seria possível compreendê-los e explicá-los pelo olhar de uma única
ciência.
De acordo com Tannus e Garcia (2008), a educação ambiental é um processo de
aprendizagem permanente que deve desenvolver conhecimentos, habilidades e
motivações para adquirir valores e atitudes para lidar com questões e problemas
ambientais, e encontrar soluções sustentáveis.
Educação Ambiental na Escola
Na perspetiva de Cortezão (2017), a escola dentro da Educação Ambiental deve,
sensibiliza o aluno a procurar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com
o ambiente e as demais espécies que habitam no planeta, auxiliando-o a analisar
criticamente os princípios que tem levado a destruição inconsequente dos recursos
naturais e de várias espécies. Tendo a noção de que a natureza não é uma fonte
inesgotável de recursos, as suas reservas devem ser finitas e devem ser utilizadas de
maneira racional, evitando o desperdício e considerando a reciclagem como processo
vital. A escola ao sensibilizar os alunos para as questões ambientais pode proporcionar
iniciativas que neles transcendam a comunidade escolar e alarguem as suas
aprendizagens para o meio onde vivem.
A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência o seu processo de
socialização. O que nela se faz, se diz e se valoriza representam um exemplo daquilo que
a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientais corretos devem ser
aprendidos na prática, no quotidiano da vida escolar, contribuindo para os cidadãos
responsáveis.
Educação ambiental e problemas ambientais
De acordo com Leff (2001), a educação ambiental como componente essencial no
processo de formação e educação permanente, com abordagem direcionada para a
resolução de problemas ambientais, contribui para o envolvimento ativo do público,
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tornando o sistema educativo mais relevante e mais realista e estabelecendo uma maior
interdependência entre estes sistemas e o ambiente natural e social, com objetivo de
crescente bem-estar das comunidades humanas.
Conforme Tannus e Garcia (2008), destacam que, a consciência sobre problemas
ambientais e a aplicação de educação ambiental deve ser contínua, multidisciplinar e
integrada, ressaltando assim a importância do desenvolvimento crítico da realidade
frente á complexidade dos problemas ambientais. As ações não - formais geralmente
possuem carácter pioneiro, atuando diretamente sobre a sociedade e abrindo espaço
para uma educação formal.
Por isso, objetivou-se com este estudo avaliar o contributo do ensino de Geografia para
a solução de problemas ambientais aplicando a educação ambiental.
Material e métodos
A Escola Secundária Bedene Machava, localiza-se no Quarteirão20, no bairro Bunhiça, no
Posto Administrativo da Machava, no Município da Matola na província de Maputo, entre
a Latitude 25˚53’ 15” Sul e Longitude 32˚ 2925” Este, é limitada a Sul pela estrada que
vai até o círculo de Bunhiça a Este com residências do bairro Bunhiça, a Norte pela rua
da mesquita e a Oeste pela rua das bombas que vai até a Escola Secundária da Machava,
vide (figura 1).
Figura 1: Mapa da localização geográfica da Escola Secundária Bedene Machava.
Fonte: Adaptado pela Google Earth, 2022.
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A Escola foi aberta no ano de 2001 no bairro Bunhiça, com as seguintes características:
1 (piso único) com 3 blocos, tem 18 salas, 2 casas de banho, 1 secretaria, 1 sala de
professores, 1 papelaria, um campo polivalente, 1 sala de informática, 1 gabinete em
conjunto (Diretor da Escola e Diretores Pedagógicos de todos os ciclos e turnos).
Na escola as classes se distribuem da seguinte forma: 8 turmas da 8 classe, das quais,
5 das 8 turmas o lecionadas nas escolas anexas (Escola Primária Completa de Bunhiça
e Escola Primária Carlos Filipe Tembe) num universo de 18 professores, dos quais 8
professores e 10 professoras.
A classe é lecionada por 16 professores dos quais 10 o professores e 6 professoras,
e é composta por 7 turmas.
A 10ª classe é lecionada por 26 professores, dos quais 21 são professores e 5 são
professoras, são 8 turmas e 563 alunos.
As classes de 11ª e 12ª o lecionadas por 21 professores, dos quais 15 professores e 6
professoras, num total de 18 turmas, das quais 10 são da 11ª classe e 8 são da 12ª
classe.
De modo a colher informações dos problemas ambientais vivenciados e seus impactos,
na escola e ao redor, foi privilegiado o método qualitativo um dos métodos utilizados,
pôs este não se preocupa em representar números, mas sim, com a descrição e
compreensão de um problema. A entrevista semiestruturada, decorreu obedecendo os
apêndices (1, 2, 3 e 4) no anexo, pôs esta técnica permitiu a coleta de dados de forma
individual aos 2 professores de geografia (PG1 e PG2), á 8 alunos (A1 a A8) afetos na
Escola Secundária Bedene Machava (no intervalo maior), á 8 encarregados de educação
(ED1 a ED8) e á 6 munícipes (M1 a M6) nas suas respetivas casas, na língua oficial
(português) de maneira a proporcionar em forma de conversa aberta ideias, opiniões e
informações necessárias para a realização da pesquisa.
Resultados e discussão
Nesse estudo, obtiveram-se resultados dos alunos (8), professores (2), encarregados de
educação (8) e munícipes (6).
Análise das entrevistas dos alunos
Foram entrevistados alunos (A) que viviam ao redor da escola (um aluno por cada
turma), numa faixa etária que varia de 15 a 17 anos de idade.
Problemas ambientais
A maior parte dos alunos conseguiu identificar problemas ambientais como a quilo que
prejudica o ambiente (abate de árvores, queimadas descontroladas, gestão do lixo,
e poluição das águas) e a menor parte conseguiu identificar a desorganização do lixo e a
poluição do solo como problemas ambientais.
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A1 “São queimadas descontroladas, poluição das águas (através de lixo
que deitamos nas aguas das praias) ”;
A3 “São a desorganização do lixo, poluição do solo”;
A4 “É aquilo que prejudica o ambiente como: o abate de árvores,
queimadas do lixo na hora imprópria (prejudica também a camada do
ozono), a má gestão do lixo”.
Problemas ambientais que observas no recinto escolar e a volta da
escola
Em relação aos problemas ambientais que os alunos observam no recinto escolar e a
volta da escola, maior parte identificaram o lixo no chão, a erosão pluvial, capim no pátio
da escola, falta de água nas casas de banho e a menor parte identificaram papéis no
chão e erosão pluvial.
A1 “Lixo no chão, erosão pluvial, capim no pátio da escola, falta de água
nas casas de banho”;
A5 “Papeis no chão, erosão pluvial”;
A7 “Falta de saneamento nas casas de banho, erosão pluvial, lixo no
chão”.
Figura 2: Problemas ambientais que ocorrem no recinto escolar e ao redor, papeis no chão e
capim, erosão e água estagnada, capim e lixo.
Fonte: Autora (2022)
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Análise das entrevistas dos professores
Foram entrevistados 2 professores de Geografia (PG) da 10ª classe, uma do sexo
feminino e outro do sexo masculino, a professora é Licenciada em Ensino de Geografia e
o professor é Licenciado em Ensino de Historia com Habilitações em Geografia. Com
experiências na docência que variam de 24 a 37 anos.
Conteúdos do plano analítico da disciplina de Geografia que abordam
problemas ambientais
Os dois professores foram unânimes em afirmar que no plano analítico da disciplina de
Geografia conteúdos que abordam problemas ambientais pôs identificaram o turismo,
transportes, indústria e comércio (vide apêndice 2).
PG1 “ turismo, transportes (que criam problemas ambientais) ”;
PG2 industria, comércio que gera a (poluição atmosférica, poluição dos
rios e dos solos) ”.
Aliança entre a geografia e educação ambiental
Os professores foram unânimes em afirmar que existe uma aliança entre a geografia e a
educação ambiental, partindo do pressuposto que os problemas ambientais ocorrem no
espaço geográfico, o professor tem a responsabilidade de educar os alunos de que as
suas atitudes podem criar graves problemas no ambiente. Por exemplo, no caso de abate
de árvores, essa atividade deve ser feita de forma sustentável para que os recursos
naturais não se esgotem e acabem prejudicando as gerações vindouras.
PG1 “sim, caso de a poluição atmosférica consciencializar os alunos que
algumas actividades, sobre tudo as industriais emitem gases que podem
reduzir a camada do ozono e ate podem produzir chuvas acidas”;
PG2 “Sim, no caso do abate das árvores, temos que educar os alunos
para que esses fenómenos não ocorram com maior frequência, isto é,
pode se explorar, mas desde que seja de forma sustentável garantindo
que os mesmos sejam usados pelas gerações vindouras”.
Análise das entrevistas dos encarregados de educação
Foram entrevistados 8 encarregados de educação (ED) de acordo com os alunos
selecionados, obedeceu-se a igualdade do género, numa faixa etária que varia de 37 a
48 anos de idade.
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Problemas ambientais que ocorrem em casa e no bairro
A maior parte dos encarregados de educação identificaram lixo, erosão, deficiência de
limpeza no bairro (o que propicia o surgimento e a prevalência do capim), águas
estagnadas e mau cheiro como os problemas ambientais que ocorrem nas suas casas e
no bairro e a menor parte dos encarregados de educação identificaram o capim, o lixo e
a erosão.
ED4 “Lixo, erosão, deficiência de limpeza no bairro (o que propicia o
surgimento e prevalência do capim), águas estagnadas”;
ED6 “Erosão, capim e lixo”;
ED8 “Lixo e mau cheiro, e águas nas ruas”.
Responsável por resolver problemas ambientais que ocorrem em casa
A maior parte dos encarregados de educação afirmaram que cabe a toda família resolver
problemas ambientais que ocorrem nas suas casas e a menor parte responderam que
cabe os encarregados de educação.
ED3 “Todos de casa”;
ED5 “Encarregado de educação”;
ED8 “Toda família”.
De acordo com Segura (2001), os fatores interessantes que expressam grande
importância na execução da educação ambiental são os responsáveis ou país, sua
participação no processo pode se estender até o âmbito familiar e no quotidiano,
solidificando tudo que os alunos aprendem na escola e ambos o se fazendo atuantes
na preservação ambiental, mesmo que de forma passiva. Nesse cenário, o processo
educativo pode conduzir uma transição em direção á sustentabilidade sócio ambiental.
Análise das entrevistas dos Munícipe
Foram entrevistados alguns munícipes que vivem ao redor do foco de lixo (numa área
que varia de 20 a 80 m), que constituem metade dos munícipes entrevistados,
obedecendo a igualdade do género e outra metade foi constituída por Chefe de
quarteirão, Adjunta do chefe de quarteirão e Pastor da igreja local.
O que tem feito para reduzir os problemas ambientais que ocorrem no
seu bairro
Em relação aos problemas ambientais que ocorrem no bairro, a maior parte dos
munícipes responderam que consciencializam as pessoas para não depositarem lixo fora
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do contentor, evacuam o lixo enfrente a igreja e colocam dentro do contentor, apelam
as estruturas para tomarem as devidas providências em relação aos problemas
vivenciados onde mandam carta ao rculo, contribuem para o melhoramento e a
construção de vias de acesso e a menor parte responderam que abrem valetas para
permitir passagem da água da chuva e abrem covas nos quintais para enterrarem o lixo
orgânico.
Uma das formas de diminuir resíduos sólidos produzidos a nível domiciliário é a pratica
da reciclagem e reutilização dos objectos, s esta prática além de diminuir a quantidade
de resíduos sólidos, auxiliam na diminuição da procura de nova matéria-prima, na
utilização de água e energia, e serve como fonte de emprego.
M2 “Abro valeta para água da chuva passar e abro cova para enterrar o
lixo que não demora apodrecer”;
M5 “Incentivo as pessoas a gerir o lixo que produzem, abro valetas no
bairro para permitir a passagem da água”.
M6 “Consciencializo as pessoas a não depositarem o lixo fora do
contentor, evacuo o lixo enfrente a igreja e coloco dentro do contentor,
apelo as estruturas para que tomem as devidas providências em relação
aos problemas vivenciados (mando carta para o circulo), transmito a
moral de como devemos minimizar os problemas que vivenciamos,
contribuo com valores monetários para o melhoramento e construção
das vias de acesso”.
Figura 3: Problemas ambientais que ocorrem no bairro Machava Bunhiça. Ruas alagadas, Erosão
e capim na estrada.
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Conclusão
No plano temático de Geografia conteúdos que abordam problemas ambientais, mas
os mesmos o explorados de forma superficial e, em alguns casos não chegam a ser
abordados por se tratar de temáticas transversais.
Os professores de Geografia, pouco partilham os conhecimentos ligados ao ambiente,
porque maior parte se dedica a aulas teóricas, viradas a sistematização de conteúdos,
apesar de, a escola oferecer condições sicas favoráveis para aprofundarem na prática
temas ligados ao ambiente.
Os alunos, possuem conhecimentos dos problemas ambientais que ocorrem na escola e
no bairro, mas pouco fazem para minimiza-los, deixando na responsabilidade do
município.
Por se tratar de uma zona baixa, (local propicio para a água da chuva escorrer), a Escola
Secundária Bedene Machava é assolada por problemas ambientais como erosão e
alagamento provocado pelas águas da chuva, na época chuvosa.
Agradecimentos
Ao meu supervisor, Prof. Doutor Sabil Damião Mandala, meus sinceros e infinitos
agradecimentos pelo apoio, dedicação e orientação em todos momentos da realização do
trabalho.
Ao Conselho Municipal da Matola (CMM) e o Posto Administrativo da Machava, pela
autorização e colaboração na recolha de dados.
A direcção da Escola Secundária Bedene Machava, em especial ao Director da Escola
(Ismael Margude), a todos os professores e em especial os de geografia da 10 classe
(Rabeca Firmino e António Arnaldo), por terem me recebido de forma incondicional e
colaborado na minha pesquisa cientifica.
A todos alunos da 10 classe e em especial os que participaram na entrevista e os seus
respectivos encarregados de educação.
Referências
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humanas. Paris: Techos/ Unesco.
Brasil (1998). Secretaria de educação fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
geografia secretaria da educação fundamental. s.e.: Brasília: MEC/SEF,.
Cortezão, S. (2017). Importância da educação ambiental no Ensino Secundário. s.e.:
Coimbra.
Da Silva, M. & Silva, E. da (2012). Ensino da geografia e construção dos conceitos
científicos geográficos. s.e.: Brasil.
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Ministério da Educação e Cultura (2008). Plano Curricular de Ensino Secundário Geral.
Maputo, INDE.
Segura, B. D. S. (2001). Educação ambiental na escola pública: da curiosidade ingénua
a consciência crítica. s.e.: São Paulo.
Tannus, S. & Garcia, A. (2008). Historia e evolução da educação ambiental, através de
tratados internacionais sobre o meio ambiente. s.e.
How to cite this note
Vianculos, Adélia Jorge & Mandala, Sabil Damião (2024). O Contributo do Ensino de Geografia para
a Solução de Problemas Ambientais: Caso Escola Secundária Bedene Machava, Bairro Bunhiça,
Município da Matola. Janus.net, e-journal of international relations. VOL15 N1, TD1 Dossiêr
temático “Rede Lusófona de Educação Ambiental: perspectivas de cooperação para construir
respostas sociais a uma crise socioambiental global”. Setembro de 2024. DOI
https://doi.org/10.26619/1647-7251.DT0224.04.