OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
VOL15 N1, DT1
Dossiê temático - Rede Lusófona de Educação Ambiental:
perspectivas de cooperação para construir respostas sociais
a uma crise socioambiental global.
Setembro 2024
104
VISÕES DE GESTORES ESCOLARES SOBRE O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL: REFLEXÕES À LUZ DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
ELAINE ANGELINA COLAGRANDE
elaine.colagrande@unifal-mg.edu.br
Licenciada e Bacharel em Química pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, especialização em
Química pelas Faculdades Oswaldo Cruz, mestrado em Ensino de Ciências (área de concentração:
ensino de Química) pela Universidade de São Paulo (2008) e doutorado em Ciências (área de
concentração: ensino de Química) pela Universidade de São Paulo (2016). Possui experiência
docente no ensino de Ciências e Química, em nível básico e superior. Docente no Instituto de
Química da Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL/MG (Brasil), no Programa de Pós-
Graduação em Química (Educação em Química) e no Programa de Pós-Graduação em Educação
(Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias). Desenvolve pesquisas com os temas: formação
de professores de Química/ Ciências, educação ambiental e ensino de Química/Ciências.
LUCIANA APARECIDA FARIAS
luciana.farias@unifesp.br
Possui graduação Química pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1998), mestrado (2002)
e doutorado (2006) em Ciências pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado em Educação
Ambiental pelo Programa de Interunidades da USP (2015), especialização em Psicologia
Transpessoal (2017) e Pintura Espontânea (2019). Tem experiência na área de Química
Ambiental, Educação Ambiental e Psicologia Ambiental, atuando principalmente nos seguintes
temas: representações sociais, percepção ambiental, percepção de risco, educação ambiental,
educação socioemocional e questões étnico-raciais. Investiga também a relação entre as práticas
religiosas Umbanda e Candomblé e a Educação Ambiental, a partir da interpretação da Lei
Federal 11.645/08, a qual determina a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e
afro-brasileira nas escolas. Possui curso de produção de documentários na Academia
Internacional de Cinema. Coordena dois projetos de ensino, pesquisa e extensão: Educação
ambiental transpessoal e o papel das religiões afro-brasileiras na educação antirracista e na
formação de professores. Atualmente é professora Associada III da Universidade Federal de São
Paulo (Brasil), campus Diadema, do Departamento de Ciências Ambientais e credenciada no
Programa de Pós-graduação Análise Ambiental Integrada.
LUIZ OMIR DE CERQUEIRA LEITE
luizomir@pucsp.br
Possui graduação em Estatística pela Universidade Estadual de Campinas (1976). Atualmente
professor do Departamento de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil)
e analista sênior da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Tem experiência em
Ciências de Dados, Probabilidade e Estatística, com ênfase em Análise de Dados, atuando
principalmente nos seguintes temas: emprego e mercado de trabalho.
Resumo
Na perspectiva de que a escola é um importante espaço de construção de conhecimento,
responsável pela formação de cidadãos que sejam críticos e atuantes na sociedade em que
vivem, o presente texto, que apresenta parte de uma pesquisa quantitativa-qualitativa, tem
como objetivo refletir, por meio da identificação de representações sociais, sobre o
entendimento que gestores escolares de escolas municipais, que atendem a educação infantil
e ensino fundamental, do município de Diadema, no estado de São Paulo, Brasil, apresentam
sobre o termo “desenvolvimento sustentável”, considerando a hipótese de que tais
profissionais exercem influência sobre as ações escolares. Como referencial teórico foi
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Visões de Gestores Escolares sobre o Desenvolvimento Sustentável: Reflexões à Luz
das Representações Sociais
Elaine Angelina Colagrande, Luciana Aparecida Farias, Luiz Omir de Cerqueira Leite
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utilizada a Teoria das Representações Sociais e a Teoria do cleo Central. A coleta desses
dados ocorreu por meio da técnica de evocação livre de palavras. Em um questionário
aplicado, os respondentes indicaram palavras que lhe vinham à mente para o tema indutor
“desenvolvimento sustentável” e, posteriormente, construíram uma frase na qual utilizaram
as palavras evocadas para o tema em questão. O tratamento dos dados foi realizado por meio
da análise prototípica e de conteúdo. Os resultados sugerem tendência ao entendimento de
uma visão mais conservacionista no que concerne à relação sociedade/ambiente, com citações
voltadas à preservação da natureza e a ações para resolução dos problemas ambientais. A
partir desses dados, buscou-se refletir como a educação ambiental no ambiente escolar pode
contribuir no debate sobre a construção de uma sociedade que seja sustentável.
Palavras-chave
Desenvolvimento sustentável, educação ambiental, representações sociais, espaços
escolares, educação.
Abstract
From the perspective that the school is an important space for the construction of knowledge,
responsible for the formation of citizens who are critical and active in the society in which they
live, this text, which presents part of a quantitative-qualitative research, aims to reflect,
through the identification of social representations, on the understanding that school
managers of municipal schools, which serve early childhood and elementary education, in the
municipality of Diadema, in the state of São Paulo, Brazil, present about the term “sustainable
development” , considering the hypothesis that such professionals exert influence on school
actions. The Theory of Social Representations and the Central Nucleus Theory were used as
theoretical references. These data were collected using the free word recall technique. In a
questionnaire administered, respondents indicated words that came to mind for the inducing
theme “sustainable development”, and subsequently constructed a sentence in which they
used the words evoked for the theme in question. Data processing was carried out through
prototypical and content analysis. The results suggest a tendency towards understanding a
more conservationist vision regarding the society/environment relationship, with citations
focused on nature preservation and actions to resolve environmental problems. Based on
these data, we sought to reflect on how environmental education in the school environment
can contribute to debate about the construction of a sustainable society.
Keywords
Sustainable development, environmental education, social representations, school spaces,
education.
Como citar este editorial
Colagrande, Elaine Angelina, Farias, Luciana Aparecida & Leite, Luiz Omir de Cerqueira (2024).
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Representações Sociais. Janus.net, e-journal of international relations. VOL15 N1, TD1 Dossiêr
temático Rede Lusófona de Educação Ambiental: perspectivas de cooperação para construir
respostas sociais a uma crise socioambiental global”. Setembro de 2024. DOI
https://doi.org/10.26619/1647-7251.DT0224.6.
Artigo recebido em 30 de junho de 2024 e aceite para publicação em 20 de julho de 2024.
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VISÕES DE GESTORES ESCOLARES SOBRE O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL: REFLEXÕES À LUZ DAS REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
ELAINE ANGELINA COLAGRANDE
LUCIANA APARECIDA FARIAS
LUIZ OMIR DE CERQUEIRA LEITE
Introdução
O interesse do presente artigo se volta à discussão sobre o termo “desenvolvimento
sustentável” e possíveis impactos de seu entendimento sobre o contexto educacional.
Esse termo foi consolidado em 1987, a partir da divulgação do relatório Brundtland e há
diversas discussões envolvendo seu sentido. No âmbito da América Latina
controvérsias em torno de seu significado, com posicionamentos favoráveis e outros
críticos (Meira e Sato, 2005; Loureiro, 2014; Henning e Ferraro, 2022). Nascimento
(2012: 51) ressalta que o desenvolvimento sustentável se transformou em um campo
de disputa, apresentando discursos complementares, por um lado, de oposição, por
outro, e “o domínio da polissemia é a expressão maior desse campo de forças, que passa
a condicionar posições e medidas de governos, empresários, políticos, movimentos
sociais e organismos multilaterais.”
Em 2002 ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento em Johanesburgo, África do Sul. Nesse encontro, por meio da resolução
57/254, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a Década da Educação para
o Desenvolvimento Sustentável, no período de 2005-2014 (United Nations, 2002),
proposta que causou reflexões e críticas, dado o conhecimento constituído e embates
sociais propostos no campo da Educação Ambiental.
Posteriormente, no ano de 2015, a ONU elaborou a Agenda 2030, que expressa um
conjunto de objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) globais e metas que visam
garantir o desenvolvimento sustentável, apesar de, como apresentado, tal termo gerar
algumas discussões favoráveis e outras contrárias, dado o atual modelo social de
desenvolvimento capitalista, que de nenhuma forma favorece a sustentabilidade do
planeta. Alguns trabalhos evidenciam e promovem importantes debates para se refletir
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sobre os sentidos e objetivos da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, da
Educação Ambiental e da Educação para Sociedades Sustentáveis (Novick, 2009; Barbieri
e Silva,2011; Meira e Sato,2005).
Nessa discussão, Loureiro (2014) propõe importante reflexão em torno do uso do termo
“desenvolvimentoseguido do termo “sustentável” e apresenta um resgate histórico que
buscou evidenciar e auxiliar a compreensão sobre o contexto no qual esses termos
surgiram e como os diferentes paradigmas se sobrepõem a outros, fato que pode gerar
entendimentos contraditórios. Assim, nasce a pergunta: em um modelo social voltado ao
enfoque econômico, o entendimento sobre crescimento, desenvolvimento e progresso
econômico, palavras que possuem imensa diversidade de significados e de
intencionalidades, seria compatível com os princípios da sustentabilidade
socioambiental?
Trovarelli et al. (2021) ressaltam que atualmente, no campo ambientalista, se entende
a necessidade de mudança para outro modelo de sociedade. Tal trabalho discute a
transição para sociedades sustentáveis com base no Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis, constituído em 1992. No âmbito dessa discussão também é
possível encontrar na literatura outros estudos que versam sobre a construção de
sociedades sustentáveis, entre eles os de Pedrini e Brito (2006), Carvalho (2008) e
Novick (2009). Loureiro (2014: 61) destaca que sociedades sustentáveis
refere-se à negação da possibilidade de existir um único modelo ideal
de felicidade e bem-estar a ser alcançado por meio do desenvolvimento
(claramente entendido por seus adeptos como algo linear, evolucionista
e universal). Nesta perspectiva, há necessidade de se pensar em várias
vias e organizações sociais, constituindo legítimas formações
socioeconômicas firmadas sobre modos particulares, econômicos e
culturais, de relações com os ecossistemas existentes na biosfera. Tem
como premissa a diversidade biológica, cultural e social e a negação de
qualquer homogeneização imposta pelo mercado capitalista ou pela
industrialização.
Ainda sobre sociedades sustentáveis, apoiamos nossa reflexão em Carvalho (2008: 47)
ao destacar que a ideia de sociedade sustentável está vinculada a um meio ambiente que
“não é reduzido a um conjunto de recursos naturais escassos ameaçados pela sociedade,
mas um bem social comum, constitutivo da esfera pública, portanto, campo de excelência
da ação cidadã.”
Diante deste contexto histórico e reflexões posteriores, entende-se que a educação
exerce importante influência na construção de uma sociedade que seja sustentável, no
sentido indicado por Meira e Sato (2005: 6), que “reivindica uma diminuição entre as
linhas que separam o excesso de consumo e a privação.”
A Educação Ambiental pode contribuir para o despertar de novas atitudes e valores, que
visem uma sustentabilidade (no sentido de capacidade de manutenção da vida no
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planeta) baseada no respeito a todas as formas de vida, como bem destaca o Tratado de
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. A
Educação Ambiental, conforme ressalta Novick (2009), deve possuir o pensamento crítico
e inovador como fundamento para a transformação e construção social, e tal objetivo
deve contemplar tanto a educação formal como a não-formal. Leff (2015: 250) também
ressalta que a Educação Ambiental, na busca de uma articulação entre os educandos e a
construção de conhecimentos, anseia “fomentar o pensamento crítico, reflexivo e
propositivo face às condutas automatizadas, próprias do pragmatismo e do utilitarismo
da sociedade atual.” É necessário e importante voltar o olhar para a escola, entendendo-
a como espaço de formação individual e coletiva.
No que diz respeito aos espaços escolares, um dos importantes atores são os gestores
escolares, profissionais responsáveis pela organização administrativa e estrutural das
escolas, e que atuam também na dimensão pedagógica, como por exemplo na mediação
para construção dos projetos político-pedagógicos das escolas.
Nesse sentido, o presente artigo relata parte de uma pesquisa realizada em Diadema,
município da região metropolitana da cidade de o Paulo, Brasil, e tem como objetivo
refletir, por meio da identificação de representações sociais, sobre o entendimento que
gestores escolares de escolas municipais, que atendem a educação infantil e ensino
fundamental do referido município, apresentam sobre o termo “desenvolvimento
sustentável”, considerando a hipótese de que tais profissionais exercem influência sobre
as ações escolares. Para apresentar e refletir sobre os resultados desse artigo, utilizamos
como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais (TRS) e a Teoria do Núcleo
Central (TNC).
Teoria das Representações Sociais e Teoria do Núcleo Central
Em um breve relato, a TRS advém do campo da Psicologia Social e foi apresentada por
Serge Moscovici, em 1961, em seu trabalho intitulado La psychanalyse, son image et son
public. Moscovici (1981, apud Sá, 1996:1) advoga que uma das formas de entendimento
das representações sociais seria “um conjunto de conceitos, proposições e explicações
originado na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais”. Para Moscovici
(2003: 40), “todas as interações humanas, surjam elas entre duas pessoas ou entre dois
grupos, pressupõem representações”, e destaca que são as interações humanas que as
caracterizam.
Denise Jodelet (2001: 22) propõe caracterizar as representações sociais como “uma
forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático e
que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.” Velloso
(2009: 84) indica que “A teoria proposta por Moscovici se distingue por sugerir a
existência de um pensamento social que leva o indivíduo a agir de uma forma ou de
outra, resultante das experiências, das crenças e das trocas de informações presentes
na vida cotidiana”.
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A partir dessas considerações sobre a TRS, optamos, neste trabalho, por utilizar a
abordagem estrutural das representações sociais - Teoria do Núcleo Central - proposta
em 1976 pelo psicólogo social Jean Claude Abric, no âmbito de sua tese de doutorado.
Abric (1998: 28) argumenta que “a representação funciona como um sistema de
interpretação da realidade que rege as relações dos indivíduos com o seu meio físico e
social, ela vai determinar seus comportamentos e práticas”. Velloso (2009) destaca que,
de acordo com essa teoria, saber o conteúdo das representações o é suficiente, é
necessário entender e conhecer sua representação interna.
Abric (1998) propõe que as representações sociais se organizam em dois sistemas,
conforme ilustrado na Figura 1.
Figura 1: Ilustração sobre a organização das RS proposta por Abric (1998).
Fonte: dos autores
O Núcleo Central, conforme Abric (1998), é composto pelos elementos mais estáveis das
representações e são caracterizados por serem resistentes a mudanças. o
Sistema/Elementos periféricos, organizados em torno do Núcleo Central, são mais
acessíveis, mais vivos e concretos. Nele podem ocorrer mudanças, que podem ser
superficiais, considerando as experiências do cotidiano. Para que haja uma mudança no
Núcleo Central das RS é preciso que ocorra um confronto com situações que favoreçam
tal mudança (Abric, 1998).
Optamos por usar os pressupostos da TRS e da TNC como referenciais teóricos da
presente pesquisa, por entendermos que as visões dos gestores escolares sobre o termo
“desenvolvimento sustentável” foram influenciadas por suas experiências e vivências ao
longo de sua trajetória profissional e pessoal. Para a obtenção dos dados que evidenciam
as visões dos participantes, foi utilizado um instrumento de coleta, que será detalhado
nos próximos tópicos.
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O percurso metodológico
A pesquisa descrita nesse artigo, de abordagem quanti-qualitativa, foi desenvolvida,
como dito anteriormente, em Diadema e envolveu 61 escolas públicas municipais de
ensino básico. De acordo com Creswell (2014), pesquisas com essa abordagem utilizam
elementos provenientes tanto da abordagem quantitativa como da qualitativa,
associando-as em determinado estudo e combinando tais elementos de modo a buscar
maior compreensão no que tange ao problema objeto da investigação.
As escolas participantes foram representadas por seus gestores escolares (diretores e/ou
coordenadores pedagógicos). Os participantes responderam a um questionário que
buscou captar aspectos demográficos e sociais das escolas (que correspondeu a parte
quantitativa da pesquisa) como também sobre as representações sociais de seus
gestores com relação à algumas temáticas (parte qualitativa). No caso desse trabalho, a
temática envolvida foi “desenvolvimento sustentável”.
A coleta dos dados ocorreu em 2018 no âmbito de um projeto maior denominado “Atlas
Ambiental”, desenvolvido em parceria pela Universidade Federal de São Paulo campus
Diadema e a prefeitura do município de Diadema. A pesquisa foi aprovada pelo Comi
de ética em Pesquisa da referida universidade e os participantes aceitaram e assinaram
o termo de consentimento livre e esclarecido. O anonimato dos respondentes foi
preservado conforme consta no referido termo.
O relato da investigação
No contexto do projeto Atlas Ambiental Diadema uma das equipes participantes,
encarregada do desenvolvimento da parte relacionada ao campo da Educação Ambiental
e composta pelos autores desse artigo, visitou as escolas municipais (população),
esclarecendo aos gestores sobre os objetivos do projeto e a importância do
preenchimento do questionário. Todas as escolas, representadas por seus gestores,
responderam ao questionário composto de 24 perguntas, elaboradas com o propósito de
conhecer os espaços escolares e, principalmente, compreender o desenvolvimento, em
seu âmbito, dos projetos relacionados ao meio ambiente e a Educação Ambiental.
O presente estudo focalizou a pergunta 10 do questionário, que tratou especificamente
do entendimento dos gestores sobre o termo “desenvolvimento sustentável”.
Destacamos que as respostas coletadas se referem apenas às representações de um
grupo específico de profissionais das escolas por entendermos que, de alguma forma,
esses profissionais exercem influência sobre as ações planejadas e conduzidas nos
espaços escolares que gerenciam.
O enunciado da questão solicitou ao respondente que, observando a ordem, elencasse
espontaneamente as cinco primeiras palavras que naturalmente lhe ocorressem ao
pensar sobre o termo indutor “desenvolvimento sustentável”. Além disso, foi solicitado
aos respondentes que construíssem uma frase utilizando as cinco palavras evocadas.
Essa ação teve como objetivo identificar não somente as concepções com relação ao
tema, mas também o sentido atribuído às palavras.
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O tratamento e análise dos dados
Os dados relativos à pergunta10 dos questionários foram tratados usando a técnica de
evocação livre de palavras que, como indica Jean Claude Abric, permite a identificação
de representações sociais, as quais nem sempre aparecem em descrições e relatos das
pessoas (Abric, 1994 apud SÁ, 1996: 116). Vergès (1992 apud Sá, 1996: 117) propôs
uma técnica para analisar essas representações a partir da combinação estatística entre
a frequência de evocações das palavras (quantidade de vezes que a palavra foi citada) e
a ordem de citação dessas palavras. Essa combinação é conhecida como análise
prototípica.
Wachelke e Wolter (2011: 522) argumentam que a análise prototípica "[...] parte do
pressuposto que os elementos da representação social com importância em sua estrutura
são mais prototípicos, isto é, mais acessíveis à consciência". Quando se faz o cruzamento
das frequências das palavras evocadas com sua ordem de evocação, é possível construir
um diagrama formado por quatro quadrantes, conforme apresentado na Figura 2.
Figura 2: Representação do diagrama de quatro quadrantes.
Fonte: adaptado de Oliveira et al. (2005).
O eixo horizontal, representado na Figura 2, se refere a ordem média de evocação das
palavras (OME) e o eixo vertical à frequência com que tais palavras foram evocadas (FE).
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A origem dos quadrantes ocorre no ponto [OEMed, FEMed], onde OEMed corresponde à média
das ordens médias de evocação das palavras e FEMed corresponde à média das
frequências de evocação das palavras. O diagrama produzido contém quatro quadrantes,
cada um com características específicas, a saber: (i) no quadrante 1 identifica-se o núcleo
central (NC), região na qual aparecem as palavras consideradas mais importantes para
os respondentes. Elas possuem alta frequência e ordem de citação mais baixa (evocação
nas primeiras posições); (ii) no quadrante 2 está a primeira periferia, do que as palavras
do NC; (iii) zona de contraste (ZC), que se refere ao quadrante 3, é a região em que as
palavras possuem baixa frequência de citação, mas foram lembradas mais prontamente,
fato que pode revelar representações com características diferenciadas; e, finalmente,
(iv) a segunda periferia (SP), no quadrante 4, que corresponde à região com baixas
frequências de evocação e palavras citadas mais tardiamente.
Oliveira et al. (2005: 575) destacam que "[...] a técnica de evocação livre de palavras
tem por objetivo apreender a percepção da realidade de um grupo social a partir de uma
composição semântica preexistente". A partir da análise prototípica sobre o tema indutor
“desenvolvimento sustentável”, foi possível construir o diagrama das representações dos
participantes das instituições escolares.
Para o tratamento das frases construídas pelos gestores, utilizou-se a metodologia
inspirada na análise de conteúdo, com base em Bardin (2016). As frases foram lidas
diversas vezes, caracterizando a etapa de “leitura flutuante”. Posteriormente, foram
organizadas para a composição das unidades de contexto. A partir da identificação do
conteúdo das mensagens implícitas em tais frases, determinou-se as unidades de registro
em cada uma. Com as unidades de sentido construídas (unidades de contexto e de
registro), realizou-se o processo de categorização, cujas categorias emergiram dos
resultados, ou seja, a posteriori. O diagrama de quatro quadrantes e a categorização das
frases estão apresentados no tópico de resultados e discussão.
Resultados e discussão
Análise prototípica
A partir das respostas coletadas, foram analisadas as evocações dos 59 gestores que
responderam à pergunta 10 (duas escolas apresentaram as palavras, mas não indicaram
as frases solicitadas), que tratou especificamente sobre o termo indutor
“desenvolvimento sustentável”. A partir do tratamento de dados com as palavras
evocadas sobre o termo indutor, foi gerado o diagrama representado na Figura 3:
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Figura 3: Diagrama de representações dos gestores tema indutor: desenvolvimento sustentável.
Fonte: dados da pesquisa.
Na construção do diagrama representado na Figura 3, observou-se na base de dados a
presença de 140 palavras diferentes, do total de 293 evocações apresentadas. Com a
intenção de que o diagrama fique mais objetivo, arbitrou-se em seis a frequência nima
para uma palavra evocada ser considerada em sua construção (evocada no mínimo por
10% dos respondentes). Foram encontradas 11 palavras nessas condições.
No quadrante que representa o NC, é possível observar que as palavras evocadas
primeiramente foram reciclagem” (n=25) e “preservação” (n=11). A primeira obteve
maior número de evocações e a segunda, apesar de menor frequência, foi mais evocada
nas primeiras posições, fato que nos leva a inferir a possibilidade de os respondentes se
aterem a uma representação com maior proximidade a uma visão mais conservacionista.
No caso da palavra reciclagem, que aparece com maior frequência em todo o diagrama,
é possível inferir uma representação com maior proximidade a uma visão mais
pragmática, no sentido de resolução de problemas. Para as referidas visões
conservacionista e pragmática, nos apoiamos no estudo de Layrargues e Lima (2014),
que as discutem no campo da Educação Ambiental. A palavra “educação”, que possui
vínculo direto com o contexto do público-alvo, aparece na ZC, evocada em uma
frequência baixa, mas, para aqueles que a citaram, foi apresentada nas primeiras
posições.
Análise do conteúdo das frases sobre “desenvolvimento sustentável”
As frases construídas foram lidas e analisadas atentamente, com o objetivo de entender
o sentido das representações. A partir da metodologia de análise de conteúdo, em um
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processo baseado nas indicações de Bardin (2016), realizou-se a codificação desse
material, conforme descrito na metodologia. Foram consideradas 57 frases, visto que
dois gestores não registraram suas mensagens.
O conjunto de categorias, que emergiram do tratamento dos dados, está representado
na Tabela 1, na qual consta sua descrição e a frequência de respostas:
Tabela 1: Categorias das frases sobre desenvolvimento sustentável.
Categoria
Descrição da categoria
Frequência (n)
Ações para
conservação/preservação
do meio ambiente
Respostas que indicam ações práticas
relacionadas à conservação/preservação do
meio ambiente ou ainda expressam de modo
explícito o contexto de preservação
ambiental.
21 (37%)
Consciência ambiental e
participação social
Respostas que indicam a importância de
desenvolver uma consciência ambiental para
resolver problemas relacionados ao meio
ambiente, além do necessário envolvimento
social em tais questões.
16 (28%)
Ações para melhoria/
manutenção da qualidade
de vida
Respostas que relacionam o
desenvolvimento sustentável a ações que
visam a melhoria ou a manutenção da
qualidade de vida do ser humano.
8 (14%)
Modelo
econômico
de
produção e
consumo
Adequação
ao modelo
econômico
vigente
Respostas que indicam ações para resolução
de problemas adequando-as ao modelo de
produção e consumo vigente.
10 (18%)
Crítica ao
modelo
econômico
vigente
Respostas que confrontam o modelo
econômico vigente e o esgotamento dos
recursos naturais.
2 (4%)
Fonte: dados da pesquisa
A partir da Tabela 1 é possível notar que a maior frequência se deu para a categoria
“ações para conservação/preservação do meio ambiente”. Conforme a descrição da
categoria, as frases que a compuseram tendem à uma perspectiva de desenvolvimento
sustentável vinculado a preservação ambiental, como expressam algumas frases
elencadas a seguir, nas quais estão codificadas pela letra G seguido de um número (1 a
57), que representa os gestores das escolas, garantindo assim o anonimato.
“Devemos cuidar do meio ambiente preservando, reciclando e reutilizando”. (G15,
grifo nosso)
“Para um bom desenvolvimento sustentável é preciso que a sociedade se aproprie do
espaço em que vive, participando da coleta seletiva e reciclagem de materiais
como garrafas PET”. (G39, grifo nosso).
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As mensagens expressas nas frases coadunam com as palavras presentes no Núcleo
Central do diagrama elaborado por meio da análise prototípica que correspondem à
reciclagem e preservação.
A categoria denominada “consciência ambiental e participação social” foi a segunda mais
frequente. Um dado interessante ocorre para o termo “consciência ambiental”. Foi
possível identificar uma frequência alta (n=16) nas frases formadas, entretanto no
diagrama esse termo localiza-se na segunda periferia (baixa frequência de evocação e
tal palavra foi citada nas últimas posições 6 evocações), o que sugere que a
representação principal se aproxima de ações de preservação. O termo “consciência
ambiental” é consideravelmente citado quando o assunto se relaciona a preservação do
meio ambiente, mas entende-se que não há muita clareza sobre seu real significado. As
frases a seguir expressam essa reflexão:
“Através da educação pode-se desenvolver a consciência para a reutilização de
materiais, valendo-se da inovação e principalmente criatividade. (G33, grifo nosso).
“Um mundo melhor será construído se for trabalhado através da educação a consciência
de um consumo sustentável, buscando a preservação dos bens naturais”. (G20, grifo
nosso).
No que tange ao uso do termo “consciência”, é preciso refletir sobre sua abrangência,
bem como o campo teórico que o fundamenta, conforme mostra o estudo de Santos et
al. (2013), pois conscientizar não se limita a uma ação voltada para a reprodução de
informações ambientalmente “corretas”, situação que se aproxima de uma visão
comportamentalista. O que se deseja é uma conscientização que visa a formação de
cidadãos capazes de pensar criticamente e tomar decisões diante dos contextos sociais,
nesse caso, contextos que dizem respeito ao campo ambiental.
A categoria “ações para melhoria/manutenção da qualidade de vida” apresentou uma
frequência de oito respostas e sua descrição se relaciona à manutenção da qualidade
de vida do ser humano. Respostas que exemplificam a categoria são:
“A educação com perspectiva de conservação, mudança de atitude e crescimento
racional pode garantir a qualidade de vida para a futura geração”. (G 43, grifo
nosso)
“Desenvolvimento sustentável, por meio da reciclagem pensamos preservar o
ambiente e melhorar a qualidade de vida com os alimentos da horta. (G 59, grifo
nosso).
Novamente destaca-se a ideia de melhoria da qualidade de vida vinculada
essencialmente a preservação ambiental, não havendo, de modo explícito no conteúdo
das frases, elementos que evidenciam uma reflexão ou citação sobre os modos de vida,
considerando aspectos culturais e políticos, e os problemas sociais envolvidos na vida
cotidiana.
A categoria “modelo econômico de produção e consumo” apresentou respostas que de
alguma forma relacionaram o desenvolvimento sustentável a aspectos econômicos. Das
12 respostas classificadas nessa categoria, 10 se referiram a ões para resolução de
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problemas, adequando-as ao modelo de produção e consumo vigente, e duas colocaram
em discussão o modelo econômico vigente e o esgotamento dos recursos naturais. Em
uma comparação com o diagrama das representações sociais, é possível verificar que a
única palavra relacionada a aspectos econômicos foi “economia”, que apareceu no
quadrante correspondente a segunda periferia, ou seja, a palavra foi evocada poucas
vezes e em posições mais tardias.
Como exemplos de respostas dessa categoria, tem-se:
“O desenvolvimento sustentável depende da parceria e conscientização das pessoas
levando em conta a economia, dinheiro, reciclagem e reduzir o lixo produzido
pelo ser humano”. (G25, grifo nosso).
“Reaproveitamento de alimentos ajuda na preservação do ambiente e economia”.
(G31, grifo nosso)
Essas respostas evidenciam adequações ao modelo de economia vigente sem propor ou
apresentar reflexões sobre nossas formas de vida e os contextos sociais e culturais
envolvidos nessa questão. Nesse ponto nos reportamos a preocupação questionada em
nossa introdução: o necessário debate sobre a ideia de progresso e desenvolvimento e a
desejada sustentabilidade socioambiental, no sentido de capacidade de manutenção da
vida e dos recursos do planeta. Duas respostas classificadas nessa categoria
apresentaram indicativos dessa reflexão, mesmo que de modo superficial:
“As empresas investem muito em propaganda para aumentar suas vendas e
produção, pensando apenas no consumo e não na proteção de nossas riquezas
naturais.” (G18, grifo nosso)
“Não podemos deixar que nem o progresso ou o desenvolvimento econômico
interfiram na qualidade de vida nem esgotem os recursos naturais do futuro da
humanidade.” (G 51, grifo nosso)
A respeito do contexto dessa categoria, Sorrentino (2011) apresenta uma importante
reflexão quando destaca que, no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável,
parece haver duas tendências: uma que busca propor soluções que se relacionam com
necessidades e problemáticas ambientais gerais, mas tais propostas são produzidas
considerando a lógica de mercado vigente, e outra que tem as mesmas finalidades com
a inclusão social e participação na tomada de decisões, mas que se restringem a ações
regionais. Segundo esse autor, as limitações presentes nessas duas tendências precisam
ser superadas. Nas palavras de Sorrentino (2011: 23), “se desejamos a construção de
sociedades sustentáveis que beneficiem a todos os habitantes e elementos com os quais
compartilhamos este planeta, precisamos superar as limitações dessas duas tendências,
o que exige políticas públicas voltadas para a inclusão e participação”. Certamente, um
desafio a ser superado.
Ao término da análise das mensagens, é possível inferir que as representações e as frases
construídas têm aproximação com ações voltadas à preservação ambiental e à
necessidade de mudanças comportamentais. Os resultados sugerem a importância de
um aprofundamento no que tange ao entendimento do termo “desenvolvimento
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sustentável” e de outros vinculados a ele, como práticas sustentáveis, sustentabilidade
e suas dimensões, sociedades sustentáveis. Loureiro (2014: 56) reflete que:
sustentável não é o processo que apenas se preocupa com uma das
duas dimensões [econômica e cultural], mas que precisa contemplar
ambas, o que é um enorme desafio diante de uma sociedade que prima
pelos interesses econômicos acima dos demais.
Debates que envolvam esses temas são essenciais para favorecer maior compreensão,
o que poderá implicar no planejamento de ações e deveampliar a abrangência de
projetos nos espaços escolares. Nesse contexto, a educação ambiental exerce um
importante papel, considerando o processo formativo na construção de atitudes e
valores, a compreensão sobre as relações sociedade-natureza e nosso papel social (como
indivíduo e como grupo), e o corpo de conhecimentos construídos e estabelecidos
nesse campo, o que pode favorecer a mudança de representações sobre esses termos.
Na busca da transição para uma sociedade que seja sustentável, com respeito a
diversidade cultural e ambiental, o entendimento sobre os diferentes discursos e
interesses vinculados ao desenvolvimento sustentável (Nascimento, 2012), pode
influenciar tomadas de decisão e participação social, considerando que a escola é um
espaço de formação cidadã e construção de conhecimentos.
Considerações finais
O presente texto buscou relatar, a luz das representações sociais, a visão que gestores
das escolas públicas de ensino básico municipais de Diadema possuem sobre o termo
“desenvolvimento sustentável”. Os resultados apresentados refletem apenas as
concepções desses gestores escolares, que são parte integrante da comunidade escolar.
Para um levantamento mais profundo sobre o tema, seria necessária a utilização de
outros instrumentos e a participação dos demais atores do universo escolar. Entretanto,
os dados discutidos evidenciam importantes considerações.
De modo mais geral, os resultados apurados apontam que as representações sociais dos
gestores participantes, no que tange ao referido termo, estão voltadas a ações que
buscam a preservação do meio ambiente, o que, no campo da educação ambiental,
caracterizam visões mais conservacionistas e pragmáticas.
O termo “consciência ambiental” foi citado nas respostas dissertativas de parte dos
gestores, fato que evidencia essa preocupação no conteúdo manifesto. Ao comparar esse
dado com a análise prototípica, que apresenta o quadro das representações sociais, foi
possível perceber que esse termo foi evocado poucas vezes e em posições mais tardias.
Na busca da construção de sociedades que sejam sustentáveis, considerando os
referenciais apresentados na introdução desse artigo, entendemos a necessidade de
ações que auxiliem a dar um novo significado ao conteúdo que foi manifesto (nas frases
construídas), para que isso não fique apenas nas frases, mas também promova
mudanças na representação social.
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Nesse sentido, salientamos a importância de ações vinculadas ao campo da educação
ambiental, da formação continuada de professores e profissionais da educação e
consideramos que a universidade pode construir relevantes contribuições nesse aspecto,
tais como o estabelecimento de parcerias universidade-escola para o desenvolvimento
de espaços de debates e atividades sobre temáticas e questões socioambientais, entre
elas, o desenvolvimento sustentável.
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Agradecimentos:
Aos gestores das escolas participantes, pela disponibilidade em participar da pesquisa.